Alimentos consumidos pelos brasileiros não refletem biodiversidade do país

• O necessário incentivo à agricultura familiar • Emergência zoosanitária por gripe aviária • Novo remédio para hepatite C • Destruição de fábrica da Pfizer ameaça Brasil • Mais um retrato da falência da saúde nos EUA •

.

Apesar da brutal propaganda e poder político, as limitações do modelo agrário brasileiro continuam a aparecer em pesquisas e análises estatísticas. Como já se sabe, a maior parte dos alimentos consumidos pela população é oriunda da agricultura familiar, que dispõe de uma quantidade proporcionalmente muito menor de terra à disposição do que o grande capital do setor. Agora, pesquisa do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde, da Universidade de São Paulo (USP), publicada na última edição dos Cadernos de Saúde Pública, mostra que o consumo de alimentos pela população não corresponde de forma satisfatória à envergadura da biodiversidade brasileira.

O estudo leva em conta uma lista de alimentos considerados nativos de cada estado e sua taxa de consumo por seus habitantes. “Isso se dá principalmente pela mudança do sistema alimentar global que favorece o cultivo de commodities, como milho e soja, que são base de alimentos ultraprocessados”, afirmou Anderson Lucas, um dos autores do artigo Disponibilidade domiciliar de alimentos provenientes da biodiversidade brasileira. Ele ressalta que o consumo de alimentos nativos nunca foi o que poderia ser considerado ideal, mas com a expansão do agronegócio o retrocesso é indiscutível. Como saída, Lucas defende a expansão de políticas de incentivo à produção da agricultura familiar, inclusive para diminuir seus preços frente a produtos ultraprocessados, que muitas vezes são mais acessíveis à maior parte da população.

Estados devem decretar emergência zoossanitária por gripe aviária

Após receber embargo do Japão na exportação de frangos, o estado de Santa Catarina seguiu o decreto do governo federal de 22 de maio e decretou emergência zoossanitária em razão da gripe aviária. Apesar do contágio para humanos seguir restrito, o ministério da agricultura passou a recomendar que os estados se declarem em tal condição a fim de mobilizar recursos financeiros, técnicos e materiais para controlar o surto. Carlos Favaro, ministro da pasta, também já tem viagem agendada para a Ásia na semana que vem e tentará se encontrar com autoridades do país oriental a fim de destravar as restrições impostas à importação das aves brasileiras. Vale destacar que o último inverno europeu registrou o maior surto de gripe aviária e pela primeira vez a variante do vírus H5N1 passou a se manifestar no hemisfério sul. O decreto do governo federal tem validade de 180 dias.

Brasil próximo de conseguir novo remédio para Hepatite C

Enquanto nosso país convive com cerca de 500 mil pessoas desconhecem portar a hepatite C, além de 750 mil que convivem sem saber com a hepatite B, a Fiocruz, em parceria com o laboratório egípcio Pharco Pharmaceuticals, tenta registrar na Anvisa o fármaco Ravidasvir, que serve para combater o tipo C da doença. O SUS já tem um tratamento, capaz de curá-la em até 12 semanas, e para o tipo B existe vacina, que consta no programa nacional de imunização. “Disponibilizar uma alternativa de tratamento seguro, eficaz e de menor custo fortalece o Complexo Econômico Industrial da Saúde e o SUS e, em especial, disponibiliza mais uma opção para o paciente. Também estimula as relações de cooperação Sul-Sul, já que será uma troca de informações e tecnologias entre países desses hemisférios, o que certamente reforça as políticas regionais para outras enfermidades”, sintetizou Jorge Mendonça, diretor da Farmanguinhos, a fábrica de medicamentos da Fiocruz. O ministério da Saúde estabeleceu meta de eliminar 90% e 95% de ambos os tipos de hepatite até 2030.

Tornado destrói fábrica da Pfizer e escassez de insumos ameaça Brasil

Uma sede da Pfizer em Rocky Mountain, estado da Carolina do Norte, nos EUA, foi devastada por um tornado na última quarta e informações preliminares estimam que cerca de 25% dos estoques armazenados na planta de produtos médicos da empresa podem ter sido perdidos. Insumos básicos como anestésicos e antibióticos usados na preparação e execução de cirurgias foram danificados e há ameaça de escassez nos estoques de hospitais. A fábrica de 4,5 mil funcionários, 24 linhas de produção e 22 de manufatura e o Brasil se encontra entre seus principais importadores. A multinacional deve recorrer a estoques de outras três fábricas suas no país, mas antes do tornado os EUA já havia reportado escassez ou limitações de fornecimentos em cerca de 230 medicamentos produzidos pela Pfizer. Enquanto isso, o Senado do país discute a formação de comitê de emergência para lidar com a anunciada falta de produtos médicos.

Seguros de saúde negam atendimento a mais pobres nos EUA

Relatório do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA constatou que seguradoras de saúde contratadas pelo Medicaid, que cobre cerca de 87 milhões de norte-americanos, sistematicamente negaram atendimentos recomendados a pessoas mais pobres. Trata-se, obviamente, de uma estratégia de ampliação de lucros, uma vez que o Medicare é um sistema de coparticipação em que empresas e segurados entram com uma parte do pagamento, e o Estado reembolsa as empresas após a prestação de serviços, ao estilo do velho INAMPS brasileiro, um dos grandes símbolos da corrupção na ditadura militar. Como os pagamentos têm valores fixos, e não se alteram conforme o tipo de procedimento, as empresas passaram a burlar o acordo ao considerarem que os tratamentos dariam prejuízos econômicos. Aetna, Elevance Health, Molina Healthcare e United Healthcare são algumas das empresas cujos índices de negativas a pacientes chegaram a 25%. Como mostra matéria do NY Times, há fortes indícios de que o mesmo fenômeno ocorra nos serviços do Medicare, que são acessíveis a todos os norte-americanos acima de 65 anos

Leia Também: