Capacho alcoolizado

Em estranhíssima operação, governo Bolsonaro quer importar 800 milhões de litros de álcool dos EUA. Produto viajará 8 mil km para concorrer, com pesado subsídio de Washington, contra produção nacional — que é abundante e muito mais eficiente

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Por Artur Araújo| Imagem: Sérgio Lima / Poder 360

O Brasil é um grande e muito eficiente produtor de etanol de cana e o etanol de milho dos EUA é muito mais caro para ser produzido.

Sabe-se lá porque razão sabuja, já concedíamos, desde 2017, uma cota sem tarifa para importação de 600 milhões de litros/ano do álcool fabricado nas pradarias, brutalmente subsidiado pela Washington “anti intervenção estatal” nos negócios de Homer Cado e que viaja milhares de quilômetros para vir tomar mercado dos produtores locais.

Em mais um arroubo de subserviência, o capitão de franja Adolf quer aumentar a cota para 800 milhões, em flagrante prejuízo da produção nacional, por nenhuma outra razão que não seja agradecer ao homem do topete laranja o suporte dado em defesa da devastação da Amazônia, agora o ajudando a angariar dinheiro de campanha junto aos donos dos milharais do Meio-Oeste.

Como reporta o Valor,

“o governo brasileiro está inclinado a aceitar um pedido dos EUA e aumentar a cota de etanol livre da cobrança de tarifa de importação, que expira amanhã. Há divergências entre os ministérios da Economia e da Agricultura, mas o assunto já chegou ao Palácio do Planalto e o presidente Jair Bolsonaro deverá arbitrar a favor da equipe econômica.

Segundo assessores presidenciais, a importação de maiores volumes de etanol americano sem tarifa seria uma forma de deixar claro ao presidente Donald Trump que a parceria Brasil-Estados Unidos é para valer. E também uma maneira de agradecer, simbolicamente, pelas manifestações feitas por Trump em defesa da soberania brasileira para lidar com as queimadas na Amazônia.
(…)
O aumento das exportações de etanol de milho é um pleito importante dos EUA ao governo brasileiro. Trump, prestes a entrar na corrida pela reeleição, tem sido pressionado por agricultores para apresentar medidas de apoio ao produto. O Brasil permite atualmente a entrada de uma cota de 600 milhões de litros sem a cobrança de tarifa (hoje em 20%). Até 2017, não havia cotas.”

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