"O pior está por vir", diz Stiglitz

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Mas ele vê luz no fim do túnel: “o momento de um novo Bretton Woods”

Coordenador de uma comissão formada pela Assembléia-Geral da ONU para debater alternativas para a crise, o economista Joseph Stiglitz apresentou terça-feira (24/2), ao grupo que dirige, um balanço ambivalente sobre os esforços adotados para superar as dificuldades atuais. Ele voltou suas críticas contra o apoio quase sem contrapartidas oferecido pelos Estados ao sistema financeiro, e contra a postura pouco solidária dos países mais ricos. Afirmou que a falta de ações coordenadas internacionalmente poderá ampliar as desigualdades no planeta e preservar estilos de vida e consumo destrutivos. Nações que estão no topo da hierarquia financeira, lembrou, têm meios para reagir; outras [veja acima o caso da Letônia], sucumbirão.

Stiglitz, porém, considera que surgiram, do ponto de vista político, razões para otimismo. Ele crê que a crise abre a oportunidade de corrigir as injustiças e desequilíbrios que se acumularam nos últimos trinta anos. “Para os economistas, é o momento mais estimulante”, disse: “podemos realizar o que as instituições criadas há 60 anos não alcançaram (…) Estamos esperando a oportunidade de propor um novo Bretton Woods e evitar que crises como esta voltem a ocorrer”.

Quase não noticiada pela mídia, a comissão da ONU foi formada em outubro do ano passado, por iniciativa do presidente da Assembléia-Geral, Miguel D’Escoto. É também chamada de G192, pelos que desejam frisar seu caráter mais amplo que o do G8 e G20. É um grupo heterogêneo. Constituído principalmente por ex-ministros da Economia e ex-presidentes de Bancos Centrais (do Brasil, participa Rubens Ricupero), inclui também personalidades como François Houtart, peça-chave da Teologia da Libertação e participante ativo nos Fóruns Sociais Mundiais.

Os trabalhos da Comissão pode ser seguidos em página especial (em inglês ou espanhol), no site das Nações Unidas. Seria ótimo encontrar, entre os participantes do blog, quem se disponha a acompanhá-los e relatá-los.

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3 comentários para ""O pior está por vir", diz Stiglitz"

  1. Henrique Natividade disse:

    É muito interessante. O mundo precisa comer. Precisa trabalhar. Precisa sonhar e criar filhos. Como sempre. Precisa de aviões, de trens, navios, cargas, portos, celulares, perfumes, roupas, chocolate, futebol, filmes idiotas, etc. Como sempre. A crise é de demanda? Não. Seria a crise a resultante dos ratos de porão que engordaram com um dinheiro fictício? Dinheiro que nunca houve? Parece que sim. Alguém pode me explicar por qual motivo um criador na Ucrãnia não pode agora vender seus porcos ou uma fábrica de tecidos na Índia, agora, depois do Lehman Brothers, tem de demitir seus funcionários? Qual a sinistra ligação que existe aí?
    Tem sido o mundo dos negócios escusos tão porco que não percebemos até setembro de 2008? Parecem que sim.

  2. zonda bez disse:

    O protencionismo vai virar bandeira política nestes tempos, quem diria! Depois de toda a liberalização do Estado dos anos 90, uma malhação capaz de manter o corpo esbelto porém pouco nutrido, o ‘estado de sonho’ tornou-se ‘estado de sítio’ rapidamente…

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