Da crise mundial à crise do Lulismo

Por uma década, PT buscou desenvolvimentismo que superasse antagonismo “Casa Grande e Senzala”. Esta conjuntura acabou: a “Casa Grande” foi às ruas

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Por uma década, PT buscou construir social-democracia desenvolvimentista que superasse antagonismo “Casa Grande e Senzala”. Esta conjuntura acabou: a “Casa Grande” foi às ruas

Por Felipe Amin Filomeno | Imagem: Ana Menendez, dos Jornalistas Livres

As manifestações ocorridas neste Março confirmam que o Brasil se encontra numa grande crise social, com implicações econômicas, políticas e culturais. Há um consenso emergente entre os intelectuais de esquerda de que a crise está associada ao esgotamento do Lulismo. Defino como Lulismo o modelo de desenvolvimento sócio-econômico implementado pelo PT no governo federal, baseado no tripé presidencialismo de coalizão, prosperidade econômica mundial e desenvolvimentismo social-democrata. Em palavras simples, com o agravamento da crise econômica, o cobertor ficou curto demais para atender às demandas crescentes da parcela da sociedade que ascendeu socialmente na última década e aos custos de cooptação de partidos políticos que costumavam formar a base aliada do PT no Congresso Nacional.

Diante deste quadro, o PT não inovou em políticas públicas e em estratégia política. Pior, após vencer a eleição presidencial com uma agenda de propostas à esquerda, curvou-se aos seus adversários, adotando uma política de austeridade e o discurso moralista de combate à corrupção. Isto não tem sido suficiente para acalmar os ânimos do “mercado”, para diminuir a oposição das grandes empresas de comunicação, para conter a raiva dos setores conservadores da classe média ou para reaglutinar a “base aliada”. O PT não quis assumir os riscos de uma radicalização e, agora, paga o preço da aposta na agenda conservadora.

As forças conservadoras de oposição, por outro lado, galvanizaram-se em um movimento de contra-reforma. Neste movimento, confluem diversas correntes. Primeiramente, há o conservadorismo de classe — daqueles que sempre odiaram a esquerda e o PT, daqueles que não conseguem mais arcar com o salário da empregada doméstica, daqueles que viram seu lucro encolher por causa do aumento dos salários dos empregados, daqueles que passaram a dividir o aeroporto, o shopping e a universidade com pessoas da “periferia”. Em segundo lugar, há o conservadorismo moralista — daqueles que veem na Igreja e no Exército instituições capazes de solucionar, pela via autoritária e fundamentalista, os problemas de uma democracia disfuncional. Um dos principais — talvez o principal — ator neste movimento de contra-reforma conservadora é a mídia capitalista. Seu massacre ideológico contra o PT tem gerado, há anos, um clima de niilismo político e instabilidade que fomenta o radicalismo de direita.

Por mais de uma década, o PT buscou construir consensualmente uma social-democracia desenvolvimentista que fosse capaz de superar o antagonismo da “Casa Grande e Senzala”. Esta conjuntura acabou. A “Casa Grande” foi às ruas no dia 15 de Março. E que a maior parte dos manifestantes contra o governo seja de classe média não faz desta manifestação menos da “Casa Grande”. Em países centrais, com baixa desigualdade social, uma grande classe média serve como sustentáculo da democracia. No Brasil, não. A classe média brasileira age como “Casa Grande” e, cada vez mais, “ousa dizer seu nome”, admitindo-se fascista, classista, racista e machista. Basta ver o conteúdo dos cartazes das manifestações de direita ocorridas neste dia 15.

Há, claro, indivíduos de classe média que não são conservadores e autoritários, mas que são muito vulneráveis à manipulação ideológica que reduz todos os problemas do país à corrupção associada à Dilma e ao PT (que, na prática, controlam apenas um fragmento do sistema político brasileiro). A classe média brasileira avalia o mundo da perspectiva de sua varanda gourmet, mas não percebe isso. Não são indivíduos que, durante os governos do PT, passaram a ter uma pessoa com nível superior na família pela primeira vez, que passaram a ter carteira assinada pela primeira vez, que viajaram de avião pela primeira vez. Então é lógico que vão bater panela na varanda depois de ficarem enfurecidos com o país ao lerem a capa da Veja enquanto estão na fila do caixa do Pão de Açúcar. E a taxa de câmbio é uma variável importantíssima nesta dinâmica política de classe. O dólar alto distancia a classe média brasileira do padrão de consumo dos países avançados e gera frustração política quase imediatamente.

À medida que a crise do Lulismo se agrava, não só as políticas desenvolvimentistas e redistributivas estão a ser desmanteladas, mas a própria democracia brasileira está ameaçada. O PT está refém das forças conservadoras e de seu próprio governismo. A contra-ofensiva conservadora está forte e bem organizada, contando com seu poder econômico, seu aparato mídiático-ideológico e suas bancadas parlamentares. Será preciso muita mobilização e inteligência política da parte dos movimentos sociais, dos partidos de esquerda e dos setores esclarecidos da sociedade civil para evitar que o Brasil, ao invés de superar a crise do Lulismo iniciando um novo ciclo de desenvolvimento, faça uma curva de retorno ao neoliberalismo e ao autoritarismo. Há muita coisa no Brasil para se consertar, incluindo erros cometidos pelo PT apesar dos avanços promovidos pelo Lulismo, mas um impeachment motivado por ódio de classe, por fundamentalismo religioso e por ideologia fascista só agravaria os nossos problemas.

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19 comentários para "Da crise mundial à crise do Lulismo"

  1. Ricardo B disse:

    Parabéns ao Professor Felipe, ótimo texto, muito preciso!

  2. Tarcísio, gostei da sua análise e do encadeamento do seu texto. Gostaria apenas de fazer um respeitoso contraponto.
    Muitos dos textos que leio no El País beiram a mentira deslavada, pois parecem se referir a outros fatos que não aos das imagens e vídeos espalhados pela internet e exibidos pela TV Globo, principalmente. Mas é só um detalhe.
    Você aceitou a afirmação do jornal como seu pressuposto para a análise, mas ela pode não ser verdade. Ser esclarecido costuma ser diferente de ter alto nível de escolaridade, principalmente numa era de formação para o mercado de trabalho. Posso ser o “melhor médico do país” com inúmeros diplomas, mas não saber lidar com questões políticas ou sociais. Ou posso ainda me deixar manipular por informações distorcidas e até mesmo ideológicas, não que haja problemas ter ideologia, longe disso, mas que convém saber ao que se está aderindo. Cansei de ouvir no dia 15 que a manifestação era “apolítica”, há maior desinformação do que essa? Nem mesmo usar o termo adequado “apartidária” a maioria sabe fazer. Isso demonstra que o nível de esclarecimento não é tão alto quanto afirma o articulista do El País.
    Quanto à generalização, você tem razão. Não são todos que querem a mesma coisa. Há muitos na esquerda que não aspiram o socialismo, pois sua postura política, e legítima, é a do reformismo. Todavia, a esquerda ideológica é pró-socialismo, e mais, pró-comunismo; e suponho que ninguém queira esconder isso. Do mesmo modo, a direita ideológica tem lado: é pró-capitalismo. Não há como flanar sobre isso nem distante disso. A política envolve até os que pensam estar à parte. Se a questão é a classificação de cada um, é só buscar algum lugar confortável entre os polos, uma vez que não existem apenas os extremos. Mas fora, nunca.
    Na sua análise sobre a motivação do movimento, que novamente não ficou tão clara no âmbito geral, você constatou que os manifestantes criticavam a tendência do PT às políticas da esquerda. Ora, convenhamos, medidas de austeridade, redução de direitos trabalhistas, socorro a bancos e a empresas privados e toda a série de medidas que assistimos nesse momento são, todas elas, as mais explícitas medidas liberais. Não há nada de socialismo nisso. E dizer que o Putin é de esquerda é devaneio desse pessoal. Em uma palavra, nem Brazil nem Rússia são socialistas. Essa afirmação, assim como tantas, advêm de um preconceito de classe, se bem entendido. Pois o problema não são as medidas políticas adotadas – a direita, o PSDB, faria exatamente o mesmo: políticas neoliberais. O problema é quem aplica as medidas: um governo oriundo do meio sindical (leia-se de origem pobre). A burguesia está nadando em lucro, tanto o setor produtivo quanto o especulativo. A única reclamação é a cor do sangue do governo.
    A mais alardeada justificativa para a motivação da revolta “popular” é a corrupção. Aqui cabe alongar o texto.
    É público e notório que sempre houve corrupção na história do Brasil, e não só nela. Isso porque ela é sistêmica. É estrutural. Não é questão meramente moral. Diga-se de passagem, foi a esquerda o único setor que sempre a combateu, isto é, o argumento do setor que foi às ruas no dia 15, e nunca antes, isso é importante, demonstra um subterfúgio para a motivação real: o preconceito de classe.
    A corrupção deve ser combatida, obviamente, mas a acusação rasteira de que nunca houve tanta corrupção no Brasil não passa de um estratagema. E atribuir uma culpa moral a um só partido, é falsear a realidade, ou inocência política. O PT não governa só. E para haver corrupção, necessariamente deve haver corruptor e corrupto. Muitos desses, de ambos os lados, estavam no domingo enfeitando de amarelo as ruas do Brasil lado a lado com pessoas bem intencionadas e inocentes, inclusive aquelas que subornam o policial rodoviário e sonegam imposto de renda.
    Para concluir, para que o Brasil volte à “normalidade” basta mudar o governo, principalmente destituir o PT. Talvez o PSDB pudesse assumir e não seria necessário mexer na política hoje em vigor. Em geral, as pessoas voltariam a tocar suas vidas como sempre foi, sem ódio, sem revolta. Aí sim, a esquerda poderia voltar ao combate sem o risco de fazer coro com o setor golpista e manipulador.
    Obrigado pela atenção.

  3. Tarcísio Costa disse:

    O jornal El País disse aos seus leitores que a manifestação do dia 15 trazia em seu bojo a classe mais esclarecida, mais madura e mais bem informada da população brasileira. Miguel Rossetto, por outro lado, disse que na manifestação estava presente apenas quem não votou no PT. Todos as duas afirmações podem estar corretas. No entanto, se a classe presente é bem informada, não se pode generalizar dizendo que os manifestantes não têm consciência do que está acontecendo no País.
    Há nisso tudo um pouco de confusão. Por exemplo, a esquerda diz que os manifestantes querem a volta dos militares ou o impeachment da presidente Dilma. Não vejo como generalizar isso. Se analisarmos dessa forma, poderíamos dizer que a esquerda quer implantar o comunismo no Brasil pois em suas manifestações todos estão vestidos de vermelho, com bandeiras vermelhas com foices e martelos, outros com bandeiras de Cuba, faixas de movimentos marxistas e movimentos contrários à propriedade privada. Nem por isso dizemos que são manifestantes em prol do comunismo. Ou são?
    Na minha avaliação, na verdade o que há é uma certa preocupação dos manifestantes do dia 15 com alguns setores do PT. Analisando um pouco mais, os que estiveram na passeata reclamaram da tendência do governo do PT de pender sempre para a esquerda, independente da situação, como por exemplo, apoiar Maduro, defender Putin em qualquer circunstância, envolver-se de forma sigilosa em projetos econômicos com Cuba, Bolívia, ditaduras africanas e outros países, isso para ficar só aqui.
    Por outro lado, quem esteve nas passeatas do dia 15 não estava protestando contra o FIES, contra o Minha Casa Minha Vida, contra o aumento do salário mínimo, contra os direitos das domésticas. Na verdade, as pessoas estavam nas ruas protestando contra a corrupção, contra a mentira nas eleições, contra a omissão da realidade das contas públicas apenas para não prejudicar nas eleições, pedindo a reforma política, pedindo que os políticos condenados pelo STF no mensalão fossem expulsos do PT. Estavam se manifestando contra o projeto de controle da mídia, contra o projeto de incluir a participação direta dos conselhos populares na elaboração das leis, pedindo mais distribuição do bolo tributário entre estados e municípios, dentre outras coisas.
    Portanto, as pessoas que foram as ruas no dia 15 estão em posição ideológica contrária a do PT.
    Resta saber, Dilma diz que quer ouvir a outra parte, será que consegue negociar estas questões? Acho que não. Teremos, portanto, dias difíceis pela frente.

  4. Peterson disse:

    Não só o Brasil, mas na Europa também vemos um avanço a passos largos da direita diante do fracasso dos partidos social democratas.
    E será extremamente complicado brecar esse avanço diante da crise social que estamos atravessando.
    O ato de protestar é legítimo mas entendo que os protestos não tem foco e essas mesmas pessoas serão massa de manobra para os partidos e setores de direita. Não tem foco porque não há o levante da bandeira da reforma política (Que no meu entender é a via mais coerente diante dessa situação) e somente a saída do PT do governo por conta da corrupção, e realmente a coisa está feia.
    O PT e a Dilma perderam uma grande oportunidade de contornar essa crise não só financeira mas principalmente política.

  5. Chega de direita, esquerda e centro; os abastados, os ricos, os pluripotentes do dinheiro, da mídia acordaram e veem o seu reinado chegando ao fim!!! É o fim da linha; estão estrebuchando e o povão precisa manter-se lúcido e unido. Não há LULISMO que chegue, o BRASIL é bem maior… e precisa de todos os de BOA VONTADE para firmar uma NAÇÃO DE PÉ!!!

  6. Por que a classe média brasileira age como para-raios das elites?
    O grande capital rentista e a mídia conservadora, age confortavelmente, por que sabe que tem no país um grande número de seguidores, nem que seja, no caso específico da revista veja, para ler a capa na fila do pão de açúcar.
    A classe média brasileira, a mais alta, viaja e consome, ela sabe, e o capital rentista também, “que é no consumo que o capitalismo mostra toda a sua pujança.” Essa classe consumista tem, naturalmente, seus protetores nas grandes empresas, nos partidos conservadores e na mídia.
    Essa parcela da sociedade não tem “a mínima noção do processo político”. As manifestações não têm foco; não sabem exatamente o que querem, claro, são anti-petista, mas não possuem uma bandeira clara e definida.
    Se não tem noção do que acontece na política, não se importam também se o governo A ou B é neoliberal ou não, se irá vender o patrimônio público ou não. Pouco importa, o importante é apear o PT do poder a qualquer custo. Mesmo que seja com o retorno à ditadura militar.
    Esse comportamento da classe média brasileira é o paraíso dos políticos da direita e do grande capital nacional e internacional.
    É nesse tipo de pessoas que o capital rentista aposta todas as suas fichas, por que sabem, se tiver consumo, tem prazer e se tem prazer, nenhum governo trabalhista será suportado. O deus capital agradece, ele sabe que “é na cultura do prazer que o capital se locupleta”
    E os mais pobres? E os trabalhadores e trabalhadoras que ganham salário mínimo? Que estudam em escola pública?
    Do século XVI ao XXI os pobres desse país aguardaram para terem a chance de entrar no mercado de consumo. Até aqui, contam-se nos dedos de uma mão o número de pobres favelados que chegavam a cursar o ensino superior, principalmente, por mais paradoxal que seja, numa universidade pública.
    As universidades públicas, bancadas pelo Estado, portanto, com dinheiro de toda a sociedade, era resguardada apenas aos filhos dos senhores ricos.
    A partir do momento que as classes menos favorecidas começam a usufruir um pouco do grande país onde vivem e trabalham, a classe média reage com comportamentos autoritários.
    Por que?

  7. Norbert Fenzl disse:

    Analise correta, gostei. Diz um provérbio: O capitalismo sobrevive todas as suas crises, quem morre e’ a democracia!
    O PT chegou ao poder com a arrogância de um adolescente que confunde sua utopia com a realidade. Mas não aprendeu a lição amarga dos partidos social-democraticos europeus, especialmente do sul da Europa. E a lição e’ muito simples: si um partido socialista (trabalhista) chega ao governo e não tenta romper com as velhas estruturas de poder viciadas pela corrupção, o clientelismo e a submissão a ditadura neoliberal do capital financeiro, ele será engolido pela historia e pela frustração do povo que facilmente se torna violenta. E a frustração e’ um substrato traiçoeiro…. basta lembrar os cartazes que pedem a volta da ditadura.
    Como diz Felipe, o PT achou que poderia redistribuir renda e desenvolver um pais mais justo dentro dos limites do neoliberalismo e no contexto de um modelo politico totalmente antagônico com as necessidades históricas do Pais. Um projeto desse tipo tem pernas de barro.
    Voltando aos manifestações: E’ correto lutar contra a corrupção, sem duvida.. mas ela e’ estrutural e histórica. Não se pode realmente “limpar” o pais sem eliminar a causa raiz da corrupção através de uma reforma política profunda! Achar que os problemas do pais possam ser resolvidas simplesmente com um impeachment da Dilma e’ infantil ou mal intencionado. O sonriso cínico do Aecio comentando as manifestacoes falou novelas!
    Nosso drama e’ que temos um PT muito limitado no governo e uma oposição que será a primeira a impedir qualquer tentativa de uma reforma política efetiva que possa acabar com os privilégios e as falcatruas em que se baseia nosso sistema politico e a eterna reprodução “dos mesmos”.
    Portanto, o povo precisa ir para a rua sim, massivamente.. para exigir uma reforma política! Exigir uma auditoria da divida que o Brasil tem com o capital financeiro- que atualmente chega a consumir 42% do nosso PIB e cujos serviços estrangulam o desenvolvimento do pais.
    Mas…Isto devemos exigir de QUALQUER PARTIDO que esteja no poder!

  8. André G. Ghirardi disse:

    Caro Felipe e leitores de Outras Palavras, entendo que estamos diante de uma situação de alta complexidade, que vai muito além de uma classe ou segmento social. Para sair dessa rebordosa, creio que temos que ressuscitar, na prática, o lema do governo Lula: Brasil um País de Todos. Grande abraço, AG.

  9. Ruy Mauricio de Lima e Silva Neto disse:

    Parabéns, sr.Felipe Amin, o senhor disse tudo.Estamos todos bastante apreensivos com este panorama que o senhor tão bem descreveu. É bem verdade que certas lideranças do Conservadorismo (para não falar do Reacionarismo) pátrio, a saber, FHC, Eduardo Cunha, Alvaro Dias,etc,”generosamente” vêm se manifestando contrários ao impeachment (como diria o Paulo Henrique, “por enquanto”), mas isso em nada significa pacificação no quadro geral. Uma verdadeira República não pode ficar ao sabor de gestos “generosos” e idiossincráticos como estes, sobretudo partindo de derrotados eleitoralmente que dão sucessivas demonstrações de incapacidade de absorver a derrota e de agir construtivamente no Congresso, no Sistema Jurídico, nos veículos de comunicação, etc. É absolutamente essencial, para superar estes temores institucionais frequentes, que um corpo de políticos, juristas e comunicadores implantem definitivamente regras institucionais sólidas que blindem nosso sistema político destas ameaças classistas e elitistas;

  10. Vamos, Ricardo! Talvez você queira tratar em um artigo próprio da crise de representação como a pedra de toque para apreensão de toda a realidade nacional. Sem reducionismos, é claro. Estamos ansiosos para lê-lo.

  11. Bruna disse:

    Uhum fiquei com vontade de saber o ponto de vista dos seus neuronios, Ricardo!

  12. Pelo seu comentário, Ricardo, você tem contrbuições melhores a dar a esse debate. Traga-as para nós, menos afortunados e ansiosos por propostas inovadoras.

  13. Edgar Rocha disse:

    Ok, Sr. Ricardo, o que sugere?

  14. Ricardo disse:

    Engraçado! Um sociólogo que não consegue trabalhar muito bem com relações causais!…
    Aqui ele faz um passeio por truísmos e generalidades avulsas, pintando uma tela impressionista da política, a partir de um sensacionalismo sociológico do imponderável: “o Brasil vive uma grande crise social”.
    Dá até para imaginar que as instituições estejam se esfacelando, que o ordenamento jurídico foi para o espaço, que a democracia está prestes a ruir… Sério, isso é… sociologia?????
    Faltou ao nosso analista foco, escala e o refinamento causal imprescindível a um sociólogo para poder estabelecer relações ponderadas e consistentes entre os fenômenos.
    E como se não bastasse, a pretensa costura argumentativa do artigo não é muito mais que uma forma de reducionismo economicista bem chinfrim, incapaz de apreender os vetores de uma crise de representação e suas dimensões simbólicas profundas.
    O Outras Palavras está ficando bem ruinzinho… pelo menos já não consegue mais estimular os meus neurônios.

  15. Christina disse:

    Edgar, concordo plenamente com a sua análise. Parabéns! Muitos brasileiros querem ter os privilégios que as classes mais altas têm e querem, portanto, que esses privilégios sejam mantidos. Poucos querem uma sociedade realmente mais igualitária.

  16. Edgar Rocha disse:

    Eu acredito que nosso país sempre foi regido por uma cultura bipartida, em que a condição para a ascensão social plena (não só de fato, mas de direito e de reconhecimento) é a ruptura de valores e traição de classe. Neste sentido, o maior erro ideológico do governo Lula foi associar sua política de distribuição de renda à ascensão do trabalhador para o nível da classe média. Neste país, considerar-se classe média e ser reconhecido como tal, implica em tomar para si os valores de quem já constitui historicamente este nicho social, exigindo o direito a ocupação dos mesmos espaços e o mesmo reconhecimento enquanto classe. Isto implica em abandonar valores, engrossar o coro e a mentalidade vigente da classe média, sem levar consigo nenhum acréscimo ideológico advindo do meio com o qual antes se estava socialmente circunscrito. É por isto que, no Brasil, preto quando melhora de vida, clareia; caipira quando ascende socialmente, compra um chapéu texano e um cinto com fivela de prata; nordestino quando vem pra São Paulo, logo gasta seu primeiro dinheiro com a beca que acha mais apropriada e passa a ver o outro que ficou em sua terra como o coitado atrasado. Claro, há exceções, mas que só fazem endossar a regra.
    Não sei em que nível o próprio Lula, sendo ele um migrante se deixou permear por esta lógica e rompeu com suas raízes. Me animava vê-lo conduzir o país promovendo suas próprias referências sociais advindas de sua origem humilde. Seria um belo legado ao Brasil, não fosse a revelação, a certa altura, em que ele afirma que “lutou muito pra ser classe média, não ia deixar que lhe tirassem este espaço. A incompreensão sociológica do termo, neste caso, fez toda a diferença. Ao pobre, lhe foi defendido o direito de ostentar, de fazer o rolezinho no shopping, de ser um consumidor exemplar, plenamente inserido no mundo capitalista. Se todos se lembrassem dos anseios dos velhos pais migrantes em ver seus filhos bem formados, com boas condições de vida, ao invés de term um Ipod da hora, um carrão tunado, respeitando e sendo respeitado pela pessoa humana que é e não apostando no que tem, talvez nossa classe média teria alcançado um novo patamar de civilidade. Se, ao invés disto, engrossa-se os valores vigentes, reivindicando o direito de também exercê-los, fica difícil fazer da nova “classe média” um parceiro das utopias e dos sonhos de quem sempre lutou por causas apartadas dos valores da Casa Grande.
    Minha esperança, no entanto, é que, ao menos, aqueles que foram beneficiados pelas políticas públicas do Governo do PT, não cometam suicídio político, e não aceitem voltar à Senzala com as mãos abanando.

  17. Alexandre Marques disse:

    Quinto parágrafo… Não houve generalização!

  18. Paulo disse:

    Minha querida, como alguém pode falar em generalização usando como base uma outra generalização de que gente jovem tem um padrão de pensamento? Você diz que não é manipulável mas seus próprios preceitos influenciam a forma em que você lê o texto.
    Se isso, e deve, extrapolar para o campo político, a oposição se justifica.

  19. Felipe, não sei que idade você tem, mas parece ser bem jovem e talvez daí a conduta em generalizar. Sou classe média, não manipulável, não leitora da VEJA, reúno condições outras e várias para me colocar a margem do que vc escreveu. Escrever generalizando, reduzindo todos a um único balaio seja talvez algo escusável para um jovem opinador.

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