Um “vazamento” que seca o futuro

Chamado eufemisticamente de “vazamento de demanda” declínio da indústria brasileira agrava-se, leva ao aumento das importações e torna país cada vez mais dependente de produtos primários. Paulo Guedes quer aprofundar desastre

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Conforme cresce a demanda interna, mesmo a passos de lesma, crescem mais ainda as importações e a produção nacional se arrasta. Esse é um cenário que tem se tornado recorrente no Brasil e que, cada vez mais, implica um futuro medíocre e perigoso para o país.

O fenômeno do “vazamento da demanda” é quantificado em reportagem do Valor de hoje (14/2) e deveria gerar imediata reorientação de política econômica. Uma nação que não consegue acompanhar o crescimento das compras de produtos com a expansão de sua própria produção está condenada à dependência externa , à geração de empregos ruins, ao atraso tecnológico e a crises seguidas de balanço de pagamentos.

“A fraca reação da atividade dinamizou mais o varejo do que a indústria, e o descompasso entre oferta e demanda voltou a aumentar em 2018. No fim de 2017, enquanto o comércio comemorou vendas 4% maiores em volume, a produção doméstica cresceu 2,2%. Já nos 12 meses encerrados em dezembro passado, as vendas no varejo avançaram 5%, ritmo mais forte daquele registrado pela indústria, que subiu 1,1%.
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‘Isso é pura perda de competitividade de um passado que não resolvemos’, diz Almeida [diretor do IEDI], lembrando que, em 2011, a indústria já pedia ao governo a simplificação tributária e a melhora da infraestrutura que reduzisse custos com logística. ‘Nada saiu e continuamos no mesmo diapasão.’
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Ele destaca que, de acordo com cálculos do Iedi, as compras externas de bens da indústria de transformação tiveram salto de 20,1% entre 2017 e 2018, depois de subirem 9,7% no ano anterior. Ao mesmo tempo, o embarque desses itens aumentou 4,1% no ano passado, ante expansão de 9,2% em 2017.

Nesse ambiente, diz, a indústria precisa de mais do que uma retomada cíclica da economia para acompanhar mais de perto o consumo. A volta de um crescimento industrial de maior fôlego vai exigir e depender de ganhos de produtividade, tanto da mão de obra como de máquinas mais modernas, avalia. ‘Nosso maquinário industrial é um dos mais velhos do mundo.'”

E é em uma situação dessas, que elimina um futuro decente para o país, que a gangue do Paulo Ipiranga age contra os brasileiros e quer eliminar tarifas de importação e outros mecanismos de defesa nacional.

Se tiverem “sucesso”, o Brasil vira de vez um feirão de importados cercado de fábricas fechadas e com milhões de cidadãos sem emprego regular.

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