Um Robin Hood contemporâneo e suas alternativas

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Ativista perseguido por desviar meio milhão de euros dos bancos, para projetos comunitários, fala sobre sua visão de pós-capitalismo

Por Taís González

Em 2008 um jovem catalão desafiava as temerosas e poderosas forças bancárias. Depois de ter conseguido empréstimos de instituições financeiras de quase meio milhão de euros e distribuir a quantia entre movimentos anti-capitalistas, Enric Duran ficou conhecido como “Robin dos Bancos”. Sua desobediência civil com desdobramentos anti-sistema financeiro renderam-lhe uma sentença de oito anos de prisão e o título de rebelde pelo Estado Espanhol. Em recente entrevista ao site da Fundação Peer2Peer, organizado por Michael Bawens, Duran fala sobre a desobediência civil, o (pós-)capitalismo e seu novo projeto: a Cooperativa Integral Catalana.

Para o ativista, o capitalismo é um sistema de dominação baseado em uma minoria que ostenta o poder econômico e, com ele, controla o acesso aos recursos e aos meios de produção. Já o mercado é uma forma de comércio baseado na liberdade e na igualdade de oportunidades que, ao longo da história, foi manipulado em função dos sistemas de dominação. “O mercado, no contexto do Estado e do capitalismo, tornou-se uma desculpa para promover e ampliar as desigualdades”, diz Duran.

Por outo lado, temos – ao redor do globo – alternativas anti-capitalistas. São ecovilas, coletivos, movimentos diversos, novas moedas e cooperativas, como a do ativista. Duran acredita que o exemplo tem maior capacidade de convencimento que a retórica. Por isso, a materialização concreta de projetos é imprescindível para demonstrar que é viável viver a partir de lógicas opostas às do capitalismo. “O importante é entender que a construção de novos caminhos é necessária – sem eles, não haverá com o quê substituir o capitalismo”.

Em um texto recente, Immanuel Wallerstein afirma que todo sistema histórico tem a sua trajetória e ao final, move-se além do equilíbrio e entra em uma crise estrutural. “Estamos nesta crise estrutural exatamente agora, e há cerca de quarenta anos. Vamos continuar nela por mais vinte a quarenta anos. É a duração média das crises estruturais dos sistemas históricos. O que acontece nestes momentos é que o sistema bifurca-se. Significa, essencialmente, que emergem duas formas alternativas de encerrar a crise estrutural – por meio da “escolha” coletiva de uma das saídas. Duran parece disposto a contribuir para uma delas.

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