Ocupações: agora nas fábricas?

Com salários atrasados e temendo a perda de direitos, trabalhadores querem pôr a fábrica para funcionar, com remuneração igual para todos

Na RBA

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Um mês depois de assumirem as instalações da Karmann-Ghia, operários querem colocá-la para funcionar, com remuneração igual para todos

Na RBA

Há cerca de um mês funcionários da Karmann-Ghia ocupam a fábrica, localizada em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, para exigir o pagamento de salários atrasados e direitos trabalhistas. Os trabalhadores pretendem agora contatar clientes e fornecedores e conseguir encomendas para reativar a produção, em modelo de autogestão. A fábrica está parada desde fevereiro.

Instalada há quase 60 anos no ABC, a Karmann-Ghia já produziu vários modelos de veículos esportivos. Hoje, atua como fabricante de ferramentaria e estamparia para montadoras. Com problemas de má administração, agravados pela crise, o faturamento da empresa foi reduzido para cerca de R$ 4 milhões, com uma folha de pagamento que chega a quase R$ 1,5 milhão, segundo os trabalhadores.

“Se a parte empresarial acha que vai vencer os trabalhadores fazendo com que percam os seus direitos, eles estão enganados. Vamos lutar até o final e ainda vamos fazer essa empresa produzir de novo”, diz Valter Saturnino Pereira, em entrevista na manhã de hoje (15) à Rádio Brasil Atual.

Desde março, os 330 funcionários da Karmann-Ghia estão sem receber e temem que os proprietários vendam maquinários e matéria-prima, inviabilizando o retorno ao funcionamento. Segundo Saturnino Pereira, que integra o comitê sindical da empresa, os patrões se negam a negociar, apostando em vencê-los pelo cansaço, e sugerem o caminho da Justiça para que reivindiquem seus direitos.

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Doações de companheiros metalúrgicos e da população fortalecem a luta dos trabalhadores da Karmann-Guia

Já os trabalhadores querem a fábrica funcionando. “Vamos voltar a conversar com as montadoras, que são nossas clientes. O dinheiro que entrar será destinado, em valores iguais, para todos os trabalhadores, desde a área administrativa até os da limpeza”, diz o sindicalista.

Em solidariedade, trabalhadores da Ford, Volkswagen, Mercedes-Benz, entre outros,  realizaram doações de alimentos em grandes proporções, amenizando o drama das famílias dos funcionários e fortalecendo a resistência. Saturnino Pereira diz saber que o caminho é longo até que os trabalhadores assumam legalmente a empresa, e que uma das intenções do movimento de ocupação é sensibilizar as autoridades, do Judiciário e dos governos estadual e municipal, para a causa.

“A Karmann-Ghia tem nome, tem know-how, tem mão de obra qualificada. A gente não pode perder isso por causa de pessoas irresponsáveis, que não pensam, que só querem fechar a Karmann-Ghia. Os trabalhadores não querem fechar.”

Ouça a entrevista:

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5 comentários para "Ocupações: agora nas fábricas?"

  1. Na Argentina há muitas ocupações. Há muito a FORD do Brasil foi ocupada.
    Há outras no Brasil, é uma luta de classe.
    Saudações autogestionárias e socialista,
    A FLASKÔ
    http://www.cartacapital.com.br/sociedade/flasko-a-unica-fabrica-sob-controle-operario-no-brasil-5348.html
    Felipe Silva. São Carlos.

  2. Arthur disse:

    Há pouco tempo soube de uma experiência de trabalhadores assumindo empresas na Argentina. Torço para que os trabalhadores da Karmann-Ghia alcançem seus objetivos e que isso se torne um exemplo a ser seguido por muitos outros.

  3. Pois é… lutar pelo bem comum, pela igualdade social e econômica, saúde de qualidade e pública… são 100 milhões no Brasil sem saneamento básico, na Baia da Guanabara muitos são os dejetos humanos. E quanto pagamos de juros sobre juros (anatocismo) ao capital financeiro e rentistas? Mais de 2,3 bilhões de reais por dia.
    Saudações socialistas e democráticas,
    Felipe Silva

  4. Mateus Avila disse:

    Lutar e resistir: Construiremos juntos o socialismo!

  5. É claro que o coletivo de trabalhadores, os que produzem as riquezas do Brasil podem trabalhar e gerenciar. Na história há muitos exemplos históricos. Mas… é um perigo para o capital, óbvio é desvelado.
    Saudações autogestionárias,
    Felipe Luiz Gomes e Silva – São Carlos, SP.

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