Classe C nunca foi tão grande

Mais de 60% da população está agora dentro da faixa. Estudo aponta que pelo menos 15 milhões voltariam à pobreza com corte súbito do auxílio-emergencial

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
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Mais de 130 milhões de pessoas  fazem parte agora da classe C, segundo um estudo do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social. e ex-presidente do Ipea. Isso dá 63% da população, um percentual que nunca foi tão alto (o recorde anterior, em 2014, era de 55,1%). Do ano passado até agosto de 2020, 21,4 milhões de brasileiros entraram nessa faixa. As razões apontadas por Neri são duas: o empobrecimento de 4,8 milhões de pessoas que recebiam mais de dois salários mínimos e a saída de 15 milhões da pobreza, com o auxílio emergencial. Como os dados só vão até agosto, não pescaram os efeitos da redução do benefício.

O auxílio é uma medida-tampão, de modo que seu anunciado encerramento em dezembro reconduziria subitamente esses 15 milhões de brasileiros à pobreza. E sabe-se lá quantos mais, já que o cenário econômico será mais desalentador do que antes da pandemia. Muitos que antes não eram pobres perderam o emprego (não esqueçamos que o auxílio hoje chega a 65 milhões); muitas pequenas empresas quebraram e não devem se recuperar tão facilmente. “A  gradual retomada do mercado de trabalho no próximo ano não será suficiente para garantir a manutenção dos rendimentos no mesmo patamar de 2020. A expectativa é que o número de domicílios das Classes D e E não deve reduzir a médio prazo. A mobilidade social no Brasil deve ser lenta nos próximos anos”, diz no Globo o economista Lucas Assis.

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