Suzane Jardim: Virar a página para nos deparar com quê?

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“Vamos realmente passar a ouvir as bases, entender seus anseios e pensar em como esses podem servir para a construção de um projeto plausível?”

Por Suzane Jardim*

Outras Palavras está indagando, a pessoas que pensam e lutam por Outro Brasil, que estratégias permitirão resgatar o país da crise (Leia a questão completa aqui e veja todas as respostas dos entrevistados aqui).

Creio que a política brasileira, por seus métodos, fatos e cobertura recente feita pela mídia, já alcançou um patamar que ultrapassa os limites do risível e que nos faz pensar em até que ponto há seriedade e comprometimento em todo esse debate. Enquanto as revistas colocam Lula e Moro vestidos de super herói e arqui-inimigo em suas capas, existe toda uma base da pirâmide que não é ouvida e que recebe essas imagens sensacionalistas sem a profundidade necessária para que se entenda o que de fato está em jogo.

Virar a página não será um processo fácil pois creio que existem configurações políticas que estão se repetindo por todo o mundo – sair por completo dessa lógica requer muito mais do que temos em mãos no momento, porém, há duas coisas importantes a serem pensadas agora: 1) Queremos virar a página, mas para nos deparar com qual conteúdo? Têm-se mesmo um projeto sólido para o qual estamos tentando nos voltar ou insistimos com o retorno de lógicas que permitiram que chegássemos a esse ponto? e 2) Continuaremos nos baseando nos topos das pirâmides e em um jogo sobre qual figura política é menos pior ou vamos realmente passar a ouvir as bases, entender seus anseios e pensar em como esses podem servir para a construção de um projeto plausível?

* Suzane Jardim é bacharela em História pela USP e pesquisadora de gênero e dinâmicas raciais. Foi articuladora das Ocupações Pretas na USP, movimento pela visibilidade da luta por cotas raciais na Universidade. É feminista interseccional e atua como educadora em escolas públicas da periferia com palestras para jovens e adultos sobre violência de gênero, acesso à universidade, história e cultura do povo negro. Realiza pesquisa sobre os estereótipos que cercam a imagem do negro na mídia.

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