Sarau, poesia e luta

 

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Celebração em prédio ocupado de São Paulo revela vida cultural entre os sem-teto e os artistas que os apoiam

Por Suzanna Ferreira

Na noite de 21 de dezembro, aconteceu o último sarau literário do ano da Ocupação São João, na avenida que leva o seu nome, no número 588, local do antigo e extinto Hotel Palace.

Em 2011, várias atividades foram realizadas através do projeto Ocupação Cultural, com integração e participação ativa dos moradores que lá vivem há mais de um ano.

Durante todo o mês de novembro a peça “Piratas de Galochas” esteve em cartaz na ocupação Prestes Maia, como foi divulgado aqui no Outras Palavras, e atingiu lotação máxima em todas as suas apresentações.

A programação cultural incluiu a exibição de filmes e curtas, durante as sessões de cine clube, geralmente voltada para as crianças que moram nas ocupações destes dois endereços, sempre com olhares de muita curiosidade.

O último sarau contou com o lançamento dos documentários independentes “O movimento” e “ Todas as mulheres do mundo”. O evento organizou também uma exposição de fotos, desenhos, estêncil, fotolambe, e a instalação “O luxo do lixo”.

O sarau abre espaço para a voz, as ideias e a propagação de poesias para o público, que atento divide o espaço entre uma participação de leitura, música, e a arte que surgir de forma espontânea e livre.

Recentemente a ocupação São João passou por uma audiência para discutir a sua reintegração de posse, após décadas de abandono e de descaso. A resolução foi adiada para nova audiência, prevista para acontecer em fevereiro de 2012, pois as pessoas que ali vivem, não foram citadas e nem ouvidas nesse processo. São trabalhadores com faixa salarial de 0 a 3 salários mínimos, subempregados e desempregados. Enquanto isso, o edifício permanece com uma dívida milionária de IPTU, acumulada durante duas décadas de portas fechadas entre ratos, baratas e sujeira.

Foi no mês de outubro de 2010, que várias famílias sem teto, que viviam em áreas de risco, ou que foram despejadas, ocuparam o grande edifício do Hotel (por onde já passou Raul Seixas, durante suas estadias paulistanas). Desde então, muito trabalho foi feito entre os moradores, como limpeza, consertos, manutenção de luz e água.

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3 comentários para "Sarau, poesia e luta"

  1. MEU PRESENTE DA VIDA-21.10.2010
    Autor:Edilberto José Soares
    pensar que não penso em você
    é tentar mentir pra mim mesmo
    aumenta mais o meu desejo
    de sentir outra vez o teu beijo
    seu rosto, seu cheiro, a sua voz
    colado falando em mim
    falem o que quiserem de nós
    eles não sabem amar assim
    amar o amor verdadeiro
    puro, livre como o primeiro
    sem regra, sem nome, sem religião
    viver tão somente o momento
    voando pairado no tempo
    que se dane quem quiser falar
    o que incomoda em a gente se amar
    é a falta de amor que vive essa gente
    não olho para traz vivo o meu presente
    o meu presente da vida
    pra sempre direi meu amor é você
    minha vida fonte de prazer
    mentir pra mim mesmo eu não posso
    não posso dizer que esqueci
    jamais nós iremos esquecer
    todo esse amor que nasceu em nós

  2. Parabéns pela inciativa esta matéria, vou aproveitar e postar no meu grupo Serra Grande, onde há um ano realizamos um Sarau em nossa comunidade.

  3. domingas de jesus vieira disse:

    Parabenizo o evento. É lindo ver a soma da luta com a arte, acho mesmo que uma não vive sem a outra.
    É pena que não pude estar presente.

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