Na mesma praça, no mesmo banco…

O autoritarismo do reitor João Grandino Rodas e a surdez da mídia para as reivindicações estudantis viram piada no vídeo “A USP é Nossa”

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A política não precisa ser chata — e a política universitária menos ainda. Para driblar os discursos exaltados e as palavras de ordem, que costumam causar ojeriza em muita gente, um grupo de estudantes da Universidade de São Paulo resolveu lançar mão do humor. Assim, produziram A USP É Nossa, um vídeo curtinho, com menos de quatro minutos, que se baseia no clássico do SBT para criticar o autoritarismo do reitor João Grandino Rodas e a maneira como os meios de comunicação tradicionais manipulam as exigências do Movimento Estudantil.

“Muitas pessoas já lançaram mão de piadas para falar de política, e com bastante êxito. Acreditamos que o humor e o entretenimento podem ser muito eficazes para transmitir uma mensagem, fazer com que as pessoas pensem e saiam da anestesia em que se encontram”, diz Murilo Alvesso, estudante da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e um dos idealizadores do vídeo. Murilo conta que A USP É Nossa é uma iniciativa coletiva dos alunos do curso de Audiovisual. Em greve desde a desocupação da Reitoria pela tropa de choque, o grupo tem discutido estratégias de ação política para fortalecer o movimento grevista e dialogar com a sociedade. Daí surgiu a ideia de reunir alguns atores, um par de câmeras e levar tudo pra uma das muitas áreas verdes da Cidade Universitária, na Zona Oeste de São Paulo. O resultado está disponível no YouTube.

No vídeo, Rodas e um estudante aparecem sentados num banco de praça. Assim como Carlos Alberto de Nóbrega no programa do SBT, o reitor está lendo uma revista — e se irrita quando o estudante diz que quer a PM fora do campus e uma política de segurança estruturada. Rodas ameaça chamar a força policial para dar uma “aula de democracia” no aluno impertinente quando entra em cena a Dona Mídia, paródia da Velha Surda. Daí podemos imaginar a desinformação que será veiculada pelos jornais do dia seguinte, pois a distinguida senhora não consegue escutar direito o que o estudante está dizendo. Aliás, em A USP É Nossa, Rodas e Dona Mídia trocam afagos como grandes amigos.

“Já que não temos o alcance do Datena ou da Globo, queremos contar nossa versão da história utilizando a internet”, diz Murilo, para quem os grandes meios de comunicação foram tendenciosos na cobertura da desocupação da Reitoria, reduzindo as exigências do Movimento Estudantil a uma questão trivial entre a proibição de fumar maconha no campus e a suposta articulação dos manifestantes com traficantes de drogas dos arredores. “Nossas reivindicações foram distorcidas. Por isso é que estamos buscando novas maneiras de transmitir nossas ideias.”

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2 comentários para "Na mesma praça, no mesmo banco…"

  1. Sandro disse:

    Certo que cometendo crimes o reitor, ou qualquer outra pessoa que detenha cargo público deva ser investigada e/ou afastada; Certo que há distorções por parte da mídia de algumas revindicações de estudantes ( não só da USP). Mas atribuir somente a dois fatores o entendimento errado do que os estudantes propõem é restringir demais o assunto. A culpa maior é dos estudantes. Qual (ais) é (são) as reais propostas deles? Simplesmente retirar a PM do campus? Que plano de segurança eles adotariam? Já têm um em forma de projeto, ou esperariam a universidade apresentar um e depois tentariam moldar o plano apresentado? Eles não se fazendo entender. A burrice não é da mensagem e nem do transmissor. È do emissor! Da forma como foram feitos os protestos pareceu que eles só querem garantir o uso da cannabis livremente. È direito deles o livre arbítrio? Sim! È ilegal? Além de crime! Que faculdade seria essa se ao formar cidadãos permite que eles usem e façam coisas ilegais e criminosas?

  2. Vcs por acaso têm dúvidas qto. ao pensamento/visão de um reitor(r) posto(não empossado) pela direita raivosa (leiam-se josé serra) e continua boicotando a irreversível distribuição e renda neste País. Felizmente nossa sólida democracia não permite retroagir aos desmandos de alguns fanáticos pelo mínimo poder, como é o caso da USP, uma Instituição respeitada pelo que representa e não pelo pseudos representantes/vacas de présepio da pequena prepotência existente,ainda, neste imenso País.
    Neste pequeno e longínquo município do Pará, Salinópolis, os inimigos da generalização da educação continuam boicotando a vinda de cursos universitários há décadas à comunidade local; deixando-a para escolher entre ser pescador, caseiro e infelizmente drogados pela falta de cidadania para poder escolher um futuro decente.Portanto não deixem a peteca cair continuem com esse movimento que a força só prevalece qdo falta a inteligência.

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