Em clima de golpe, PM invade escolas paulistas

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Estudantes — muitos deles menores de idade — arrastados e presos. Velha mídia oculta repressão. Nova assembleia e ato de solidariedade convocados para esta tarde

Pela Redação | Vídeo de Martha Kiss Perrone

Os sinais de que pode haver, sob o governo ilegítimo de Michel Temer, recrudescimento da repressão aos movimentos sociais tornaram-se mais nítidos esta manhã. Agindo contra a lei, destacamentos da tropa de choque da Polícia Militar de São Paulo invadiram nas primeiras horas da manhã quatro prédios públicos ocupados por estudantes em luta por melhores condições de ensino. Fizeram-no sem mandado judicial. Dezenas de jovens foram arrastados e conduzidos a distritos policiais. Aparentemente, muitos deles ainda estão detidos.

Após ação policial, ônibus-camburão conduz estudantes a distrito policial

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Para justificar a operação ilegal, o governo paulista, dirigido por Geraldo Alckmin (PSDB) serviu-se de um artifício. Encomendou à Procuradoria Geral do Estado um parecer segundo o qual as secretarias de Estado já não precisam requerer autorização judicial para desocupar prédios públicos. Segundo o advogado Hugo Albuquerque, tal interpretação fere os princípios constitucionais de Legalidade e, complementarmente, os da Liberdade de Expressão e Manifestação, Direito à Educação e Proteção à Criança e Adolescente.

A ação ilegal contou com amparo da velha mídia. Às 2h da madrugada, a Folha de S.Paulo divulgou, em seu site, a notícia da emissão do parecer da Procuradoria, sem mencionar sua ilegalidade. Até o momento de fechamento deste texto, 12h35, nenhum dos jornais mais vendidos do país estampava, em seus sites, notícia sobre a invasão policial.

Estudantes e pais protestam em delegacia policial de S.Paulo e prometem resistir

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No vídeo acima, duas estudantes detidas relatam, em detalhes, a operação repressiva. Os quatro prédios públicos invadidos foram a Escola Técnica Estadual de S.Paulo (Etesp) e as delegacias de ensino do Centro Oeste e Norte da capital e da cidade de Guarulhos. Os estudantes foram conduzidos aos 3º, 7º, 23º distritos policiais de S.Paulo e ao 1º de Guarulhos.

Libertados, estudantes de Guarulhos protestam diante do 1º D.P. da cidade

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A solidariedade e a reação já começaram. Estudantes de diversas escolas marcaram, para as 14h de hoje, assembleia geral na Casa do Povo — Rua Três Rios, 252, Bom Retiro (metrô Tiradentes). Mas tarde, a partir das 17h, haverá manifestação de solidariedade na Praça do Ciclista — esquina entre avenidas Paulista e Consolação, Centro.

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