Babilônia ameaçada em nome do petróleo

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Um dos sítios arqueológicos mais destacados do planeta pode ser atingido por um novo oleoduto

Por Daniela Frabasile

Memória de uma das civilizações mais antigas do planeta, as ruínas de Babilônia – fundada provavelmente no século 23 a.C. – estão novamente ameaçadas. A construção de um oleoduto, iniciada há meses, pode atingi-las gravemente. As obras iniciais já resultaram na perfuração de um túnel de 1,5 km, num sítio arqueológico em parte inexplorado. A ação “produziu prejuízo incalculável”, segundo Qaïs Hussein Rachid, chefe do órgão iraquiano para preservação do patrimônio histórico, o Isbah.

O fato desencadeou um alerta da Unesco – que enviou, no final de março, carta ao governo iraquiano, expressando preocupação. No país, a obra é motivo de disputa. De um lado, está o ministério do Petróleo, interessado em ampliar as exportações do combustível; de outro, a Isbah e o ministério do Turismo.

O oleoduto em questão é o terceiro a ser construído na região; os outros foram instalados nas décadas de 1980 e de 90, sendo que um deles já não está em uso. Embora não passe pelo centro da cidade antiga, o novo duto ocupa uma área que nunca foi escavada da chamada “cidade exterior”. O sítio arqueológico cobre aproximadamente 850 hectares, em sua maior parte ainda não explorado por arqueólogos,

Durante a guerra promovida contra o Iraque pelos EUA, as ruínas sofreram outros danos. Os exércitos norte-americano e polonês instalaram na região uma base militar (que funcionou de abril de 2003 a dezembro de 2004). Nivelaram o terreno, para formar pontos de pouso para helicópteros, construíram trincheiras – cavadas e depois preenchidas com terra de outro lugar – e empilharam peças de cerâmica e tijolos.

Agora, a polêmica em torno do oleoduto reacende um debate mais antigo. Apesar de sua importância histórica capital, e dos diversos pedidos feitos pelo governo iraquiano, à época de Saddan Houssein, o sítio arqueológico de Babilônia ainda não é considerado patrimônio histórico da humanidade pela ONU. A vice- presidente do Fundo Mundial dos Monumentos (WMF), Lisa Ackerman, alega que isso se deve a não haver planos para geri-lo e preservá-lo – o que envolve inclusive infra-estrutura para receber visitantes e segurança, por exemplo.

Em mais de quatro milênios de história, Babilônia foi saqueada e reconstruída diversas vezes. Foi conqusitada por Ciro II, rei da Pérsia, em 539 a.C. e por Alexandre, o Grande, dois séculos depois. Caiu no esquecimento a partir do início da era cristão e foi redescoberta apenas no século 19, pelo viajante britânico Claudius Rich.

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6 comentários para "Babilônia ameaçada em nome do petróleo"

  1. nelson disse:

    Babilonia já caiu uma vez e essas ruinas atestam a veracidade das escrituas. Tudo o que aconteceu com ela foi predito por Deus. Podemos confiar que Ele cumprira toda as suas promessas.

  2. Teresa Sancha Braamcamp Mancelos Beirão disse:

    Co0m tantos estudos so0bre a bíblia baseados em estudos arqueológicos o0s cristãos também deviam defender a Babilónia.! Sugiro que se faça uma petição a enviar ao Vaticano!! Eu não sei fazer isso. Desculpem-me a ignorancia! mais um atentado à cultura!!!!!!

  3. Sônia Braga disse:

    Triste, Mario, é a repetição, nestas alturas da nossa "civilização"!

  4. A destruição da história faz parte da tradição dos invasores…

  5. a babilonia Atual que tem que cair não cai =/

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