A Virada Educação e as outras formas de aprender

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Mais de sessenta atividades apresentam sábado, em S.Paulo, modos alternativos de compartilhar conhecimento, relembrando que “educar não é encher baldes: é acender fogueiras”

Por Suzanna Ferreira

No final de 2012 saiu na imprensa uma daquelas pesquisas que nos deixam desanimados. Uma competição de descrença: “Brasil fica em penúltimo lugar do mundo em educação”. Algumas revistas conservadoras escreviam como se quisessem cravar bem fundo a nossa desolação: “Brasil faz feio no ranking da educação”. Mas, o que fazemos com isso?

À procura de inspiração encontrei o livro Volta ao mundo em 13 escolas, inserido justamente no projeto “Educ-ação, uma jornada em busca de inspiração”. Descobri que seus criadores e co-criadores haviam viajado para países como Índia, Argentina, Inglaterra, África do Sul, entre outros, para recolher histórias que enchem os olhos de educadores em todo o mundo. Mas foi aqui no Brasil que começaram a cavar essas pílulas de inspiração. A primeira escola retratada é o Cieja (Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos), no bairro do Campo Limpo, em São Paulo, que não fecha os portões e recebe toda a diversidade de alunos.

Enviei então uma mensagem ao coletivo, e eis que depois de algumas semanas recebo a resposta de André Gravatá, um dos co-criadores do livro. Estávamos no fim de 2013 e, a partir de então, marcamos conversas e caminhanças pela cidade. Até que, depois de alguns meses, surge na minha caixa de email uma mensagem do Movimento Entusiasmo, com a provocação: “Já não é a hora de pararmos de fomentar escassez artificial onde já existe abundância instalada?”

O Movimento é uma iniciativa que nasceu para provocar mudanças profundas no aprendizado das pessoas, a partir da potencialização de conexões no território local. A Virada Educação surgiu como o primeiro ponto de entusiasmo, com a proposta de ocupar o centro de São Paulo e promover a construção coletiva de uma comunidade mais conectada.

A Virada é composta por mais de sessenta atividades gratuitas em espaços ao redor da Praça Roosevelt, como praças, ruas, escolas públicas, além de encontros na SP Escola de Teatro e espaço do grupo Satyros, em categorias como: trilhas para revelar novos olhares sobre a cidade, oficinas para vivenciar o aprendizado, rodas de conversa, exibições de filmes, peças teatrais, mostra de fotografias, música e outros tantos encontros ativos.

“A Virada Educação ainda vai gerar um livro sobre educadores do centro, um vídeo-documentário sobre o processo, mapas retratando uma cartografia afetiva dos espaços e materiais para exposições itinerantes.”, diz o texto no site da campanha no Catarse, por meio do qual se buscou financiamento.

A Virada Educação acontece neste sábado, 17 de maio, das 9h às 17h, e antecede a Virada Cultural, que começa a partir das 18h, no mesmo dia.

Programação, um aperitivo. As atividades podem ser conhecidas no site, mas algumas servem para aguçar a curiosidade. Os alunos da Escola Estadual Caetano de Campos, que fica em frente à Praça Roosevelt, irão promover durante toda a Virada atividades na área de dança, música, teatro, cinema, literatura, culinária e matemática, entre outros.

Na frente da escola, ao lado de um cartaz divulgando a Virada, pode-se ler a frase: “Educar não é encher baldes. É acender fogueiras”. A Festa da Fogueira é um diálogo que acontece de 16h30 à 17h em homenagem ao educador Caetano de Campos, que faria 170 anos exatamente no dia 17 de maio. A homenagem acontece no pátio da escola, com breves apresentações artísticas simultâneas e falas sobre como transformar a cidade em uma comunidade ativa, educativa e entusiasmante.

Outra homenagem é a projeção do documentário “Memórias da nossa história”, de Carlos Nascimento Júnior, que tem 20 anos e já foi aluno da escola. A exibição acontece em dois horários: de 11h à 12h30 e das 14h às 15h30.

Já na EMEI Gabriel Prestes (Rua da Consolação, 1012) será lançado o programa Pedal, telejornal produzido pelos alunos do Projeto Âncora em processo integrativo. Das 11h às 13h.

Entre as trilhas, uma caminhada para recriar os rios que perdemos de vista e redescobrir a natureza no centro, com o geógrafo Luiz de Campos. A trilha acontece entre 13h30 e 16h30 e a saída será da Caetano de Campos.

Outra trilha de busca é a Catação de Histórias, que através de olhares nas ruas vai descobrir histórias que serão coladas e protegidas com contact no espaço da própria praça Roosevelt. “Histórias coladas nos bancos, muretas e chão. Teremos uma coleção de histórias a céu aberto”, explicam as organizadoras. De 10h à 13h, na Caetano de Campos e praça Roosevelt.

O encontro “Programação para humanos”, que acontece na PUC Consolação, das 13h30 às 16h30, visa mostrar a acessibilidade das linguagens digitais e páginas web, e desmistificar a complexidade por trás da tecnologia.

Antes, ainda na PUC, uma oficina para crianças propõe o contato com experimentos controlados por scratch que utilizam arduino (9h à 12h).

Outra oficina de linguagem, mas escrita com caneta e papel, será o Sarauzinho, que propõe a criação de poemas escritos, cantados, desenhados e improvisados (13h à 15h30, Caetano de Campos).

> Para saber mais:

http://www.viradaeducacao.me/

http://catarse.me/pt/viradaeducacao

http://educ-acao.com/

http://movimentoentusiasmo.me/

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