A internet não é como você pensava

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“Xploit”, produção brasileira de baixo orçamento, pode surpreender no Festival de Webséries do Rio ao expor, de modo didático porém incisivo, as ameaças de vigilância e controle que pairam sobre a grande rede

Por André Takahashi

A websérie documentário Xploit Internet sob Ataque trata das questões invisíveis que regem os caminhos da internet. Das leis em tramitação no Congresso Nacional, dos seus direitos enquanto usuário, de como a coleta indiscriminada dos seus dados pessoais afeta a sua vida.
Indicada para concorrer aos prêmios de “Melhor Roteiro de Não Ficção” e “Melhor Série de Documentário” do III Festival Internacional de Webséries do Rio (Rio WebFest 2017) com concorrentes do Brasil e do mundo, Xploit coloca a Internet em uma outra – e preocupante – perspectiva.
Xploit conta a história da origem da rede mundial de computadores e a sua transformação de um repositório de conhecimento e inovação a um espaço de consumo e perseguição política, alvo de ataques constantes por parte de governos e corporações de telecomunicações.

A história desenvolve-se a partir de depoimentos de figuras como Richard Stallman, criador do GNU que hoje é a base para maioria dos sistemas operacionais livres, James Banford, jornalista e consultor para jornais como o The New York Times para assuntos relacionados a NSA, além de outros jornalistas, ativistas e advogados especializados na pauta.
Nos seus seis episódios, a série aborda assuntos como a origem do Marco Civil da Internet – uma lei tida como referência mundial que foi construída em uma inédita plataforma colaborativa ainda durante os anos do governo Lula. Também expõe as tentativas de desfigurá-la promovidas pelo lobby das operadoras de telecomunicações e alavancado pela figura do então deputado Eduardo Cunha.
A seguir, a série fala da estrutura física da internet e de como isso se tornou um instrumento imperial dos Estados Unidos; do passado desconhecido de algumas das aplicações mais comuns da rede, da perseguição política a ativistas e de como as relações atribuladas entre agentes do Estado e a periferia se estenderam ao ambiente digital.
Xploit coloca a Internet como a conhecemos sob uma outra – e preocupante – perspectiva, àquela que não tem como palco os monitores, mas as câmaras legislativas e os escritórios das grandes empresas de telecomunicações.
Na Rio WebFest a série Xploit Internet sob Ataque também participa na categoria “Voto Popular”(http://bit.ly/XploitVoto). A série completa já está disponível para quem quiser assistir (http://bit.ly/XploitSerie) e tentar compreender de como funciona essa Internet que não está visível nos monitores dos computadores, tablets e smartphones.
Com um dos menores orçamentos dentre os concorrentes e com uma equipe bastante reduzida a série do coletivo Actantes/TV Drone só foi possível graças ao apoio do escritório da Fundação Heinrich Boll no brasil e a ajuda da Rede TVT que liberou o acesso a parte do seu banco de imagens para completar a produção.
“A maioria dos equipamentos que tínhamos era emprestado, a locução foi feita por membros do coletivo e amigos em uma casa de coworking onde nosso escritório funciona. Apesar de ter membros com algum histórico na área audiovisual, não somos uma produtora. Nosso foco é o ativismo em torno de pautas relacionadas à internet e aos direitos civis. Queríamos fazer um material didático, despretensioso mas que fosse atraente e rico em conteúdo.” Disse Fabrício Lima, diretor e co-roteirista da série que, assim como os outros membros do coletivo tive que acumular várias funções para realizar a empreitada”
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> Link para Extra de Richard Stallman: https://www.youtube.co/watch?v=SAy9C5uXO5Y

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