Golpe: os negros não topam pagar o pato

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Movimento lança manifesto e vai às ruas hoje. População negra será a mais afetada pelo ataque às aposentadorias e aos direitos trabalhistas, o congelamento de investimentos sociais e aumento da repressão

Por Douglas Belchior

MARCHA

Negras e Negros contra as “reformas” racistas e genocidas de Temer

Sábado 1º de Abril, 13h — Largo São Francisco — São Paulo

O ataque covarde de Temer e sua rataria aos direitos fundamentais do povo brasileiro ameaça arrancar o pão de nossas mesas e colocar ainda mais armas em nossas cabeças. Não podemos fingir que não é com a gente. A população negra será, sem nenhuma dúvida, a parcela mais afetada com o fim das aposentadorias, com o desmonte dos direitos trabalhistas, com o congelamento de investimentos sociais e com o aumento da repressão, alvo naturalizado que somos, das leis punitivas e da ação violenta das polícias.

É preciso reagir! Daí a importância em se somar aos esforços da unidade no campo progressista, que tem promovido crescentes manifestações em defesa dos direitos. Esta semana teremos paralisação nacional nesta sexta, 31 de Março em todo o país. E em São Paulo, as mobilizações acontecem também no sábado, dia 1 de abril. O Movimento negro está convocando uma grande marcha “Contra as Reformas Racistas e Genocidas de Temer”, com concentração às 13h00 no Largo São Francisco, centro da capital. Esta marcha seguirá até a Avenida Paulista, onde se encontra com o já tradicional Cordão da Mentira, que se concentra em frente do MASP a partir das 16h.

Abaixo, o forte manifesto do movimento negro, subscrito por dezenas de organizações.

MARCHA NEGRA CONTRA AS REFORMAS GENOCIDAS DE TEMER

A população negra, alvo histórico da desigualdade e da violência, fruto direto das consequências e continuidades dos 4 séculos de escravidão, jamais usufruiu da efetiva cidadania, demarcada em nossos avanços constitucionais.

Mesmo os direitos até hoje conquistados, civis, sociais, trabalhistas, fruto das lutas dos trabalhadores brasileiros, sempre foram sistematicamente negados ao nosso povo. O genocídio, o direto e o simbólico, sempre foi a principal característica da relação entre nós e o Estado.

Em momentos de crise do sistema do capital, como o que vivemos agora, as forças do “deus mercado” e dos grandes empresários e especuladores mundiais apertam o cerco e, por via de governos covardes e entreguistas, como o de Temer, buscam retirar os poucos direitos conquistados pelos trabalhadores, custe o golpe que custar. A ganância de manter e aumentar suas margens de lucro não tem fim.

Por outro lado, para reprimir a população e manter a “ordem social”, investem pesadamente em seu aparato militar, em regulamentações punitivas e restritivas de liberdade. O povo, cada vez mais pobre, é o inimigo. E a população negra, segmento majoritário da classe trabalhadora é, mais uma vez, o descarte prioritário.

O fim do direito a aposentadoria, o desmonte dos direitos trabalhistas, a terceirização irrestrita do trabalho, o congelamento de investimentos sociais por 20 anos e o aumento da repressão e da violência policial tem um caráter explicitamente racista e genocida. Políticas de ações afirmativas comprovadamente eficazes para um equilíbrio futuro de oportunidades entre negras/os e não negras/os têm sido destruídas. É o que vemos com o fim da ampliação de vagas em universidades federais, com a gradual diminuição do Prouni e FIES, a descaracterização do ENEM, com o esvaziamento da importância da lei 10.639, ou seja, a reprodução em nível federal, do que faz o governo do estado de SP através de USP e Unicamp, que se opõem sistematicamente às políticas de cotas raciais em cursos de graduação e pós-graduação. Sim, com as reformas de Temer, os efeitos do racismo e o genocídio negro vão se aprofundar.

Nós, povo negro, temos um lado e vamos ocupar nosso lugar nesta luta, que não é só o de fazer volume em manifestações, mas de ajudar a dirigir – como maioria que somos – o processo revolucionário e a luta contra as elites racistas que querem nossa morte, que matam nossos filhos na bala, que estupram nossas mulheres pretas, que matam nossos velhos nas filas de hospital.

Por isso tudo, nos somamos às manifestações convocadas pelas Frentes de movimentos sociais, partidos e sindicatos, mas também construiremos agendas da luta negra, para a quais esperamos a mesma unidade.

Neste sábado, 1 de Abril, estaremos em Marcha, a partir das 13h00, no Largo São Francisco, centro de SP, ‘Negras e Negros, contra as reformas racistas e genocidas de Temer !’.

Povo negro unido é povo negro forte!

Assinam:

Frente Alternativa Preta

Negras e Negros Sem Medo

Uneafro-Brasil

MTST

Núcleo de Consciência Negra na USP

Kilombagem

MNU – Movimento Negro Unificado SP

Geledés – Instituto da Mulher Negra

Rede Quilombação

Instituto Luis Gama

Circulo Palmarino

Coletivo de Esquerda Força Ativa

Unegro – União de Negras e Negros pela Igualdade

CONEN – Coordenação Nacional de Entidades Negras SP

Mães de Maio

Associação Amparar

Núcleo Impulsor da Marcha das Mulheres Negras SP

Cooperifa

Frente Pro Cotas UNICAMP

Coletivo Rosa Zumbi

Núcleo de Consciência Negra da UNICAMP

Comitê Contra o Genocídio

Instituto do Negro Padre Batista

Fala Negão\Fala Mulher – ZL\SP

Nós, Madalenas (Coletivo Audiovisual de Mulheres)

Blog NegroBelchior

Portal Alma Preta

Coletivo Negro Vozes

Coletivo de Negras e Negros Raízes da Liberdade

Levante Negro

CEERT

AEUSP – Associação de Educadores dá USP

AMO – Associação Mulheres de Odin

Espaço Cultural Cachoeiras – Cohab Raposo Tavares

#Mais

Marcha Mundial de Mulheres

Don’t Touch My Hair – A Festa

Coletivo Martin Luther King Jr. Salvador-Bahia

Movimento de favelas do Rio de Janeiro

Fórum de Juventudes do Rio de Janeiro

Coletivo de comunicadores comunitários e populares de favelas do Rio de Janeiro

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