A luta dos Guarani de São Paulo em quadrinhos

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HQ resgata protesto de jovem guarani durante a abertura da Copa do Mundo para contar a história recente da resistência indígena dentro da maior metrópole sul-americana

Por Tadeu Breda

Xandaro, de Vitor Flynn Paciornik

Lançamento terça-feira, 11/10, às 19h, em São Paulo

No Ateliê do Gervásio (onde fica também a redação de Outras Palavras)

Rua Conselheiro Ramalho, 945 – Bixiga – Metrô São Joaquim ou Brigadeiro (mapa)

Com roteiro e arte de Vitor Flynn Paciornik, a HQ Xondaro será lançada pela Editora Elefante e pela Fundação Rosa Luxemburgo em 11 de outubro, às 19h, no Ateliê do Gervásio, onde fica a sede do Outras Palavras (confira evento no Facebook: https://goo.gl/FHR122). Além do lançamento da HQ, a Fundação Rosa Luxemburgo apresentará a Cartografia dos Ataques contra Indígenas (Caci), realizada em parceria com a InfoAmazônia e o Armazém Memória. Haverá um debate com a participação do portal De Olho nos Ruralistas.

A HQ Xondaro foi produzida pela Fundação Rosa Luxemburgo e publicada pela Editora Elefante, com apoio da Comissão Guarani Yvyrupa (www.yvyrupa.org.br), organização indígena autônoma que congrega os povos guarani do Sul e Sudeste do Brasil. Em 60 páginas, as aquarelas de Vitor Flynn Paciornik retratam cenas da mais recente onda de manifestações dos Guarani Mbya pela demarcação de suas terras na cidade de São Paulo: o fechamento da Rodovia dos Bandeirantes, a ocupação do Monumento às Bandeiras e a intervenção na cerimônia de abertura da Copa do Mundo de 2014. Xondaro é uma ótima introdução à luta indígena para leitores de todas as idades.

161010-guaranis2Xondaro e xondaria são termos usados pelos Guarani Mbya para se referir a seus guerreiros e auxiliares na vida comunitária. Sua existência replica-se em vários âmbitos e em diversas funções. As divindades — os Nhanderu — têm seus xondaro, que são suas ramificações e seus emissários. Os xamãs, as lideranças políticas e todos os coletivos de seres também têm seus xondaro. Os xondaro Guarani Mbya também possuem uma dança — xondaro jeroky —, em que treinam sobretudo suas habilidades de esquiva. É um saber que requer leveza corporal e astúcia, e que os Guarani Mbya colocam em prática em seu longo processo de resistência territorial e cosmológica frente ao mundo dos juruá, os não indígenas. Assim, o termo xondaro é um conceito que se refere a uma dança, a uma função e a um modo de ser desse povo.

A Cartografia dos Ataques Contra Indígenas (Caci) é um mapa de assassinatos de indígenas no Brasil feito a partir dos registros do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT). A visualização, que explicita a constância com que povos originários foram e continuam sendo massacrados no país, foi elaborada a partir dos relatórios publicados pelas duas organizações entre 1985 e 2015. O projeto foi desenvolvido pela Fundação Rosa Luxemburgo, em parceria com Armazém Memória e InfoAmazonia, e está todo baseado em dados abertos: todas as bases utilizadas poderão ser baixadas na página da plataforma. Caci significa dor em Guarani.

De Olho nos Ruralistas é um observatório do agronegócio no Brasil. De seus impactos sociais e ambientais. Do desmatamento à expulsão de camponeses, da comida com agrotóxicos à violação de direitos dos povos indígenas. Incubado pelo portal Outras Palavras, o projeto mantém um site (https://outraspalavras.net/deolhonosruralistas/) com atualizações diárias de diversos colaboradores, além de programas em vídeo e reportagens.

Na ocasião do lançamento de Xondaro e da apresentação da plataforma Cartografia de Ataques contra Indígenas, haverá um debate sobre resistência indígena e violência no campo, com os seguintes convidados e convidadas:

Debatedores:

Tiago Santos, liderança guarani mbya

Gustavo Faleiros, InfoAmazônia

Marcelo Zelic, Armazém Memória

Mediação:

Alceu Castilho, De Olho nos Ruralistas

Ana Rüsche, Fundação Rosa Luxemburgo

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