No Cyberquilombo cultura negra e ativismo ao alcance da mão

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Em videoaulas inovadoras, coletivo alimenta professores dispostos a difundir, entre seus alunos, história e filosofia dos afrodescendentes — além de sua literatura, música e dança contemporâneas

Por Inês Castilho

O que a música, a dança, a literatura, a filosofia negras têm a ver com nossa vida cotidiana, hoje? Como se articulam cultura afro, gênero e direitos humanos? O Cyberquilombo, realização do coletivo lab.Experimental, tem algumas contribuições a oferecer.

Projeto online de formação livre que remixa africanidades e cultura digital, o Cyberquilombo produz e publica videoaulas – de livre acesso pelo Youtube (acesse o canal) – com figuras de destaque da filosofia, da música, da dança e da literatura negra, promovendo a reflexão sobre a importância da sua participação em nossa sociedade.

São conteúdos preciosos para estimular a aplicação da lei 10.639/03, de 2003, que torna obrigatória a história da cultura afro-brasileira no ensino fundamental e médio – e não está sendo cumprida. Uma das razões seria a falta de material didático que permita aos professores falar do assunto sem reproduzir os preconceitos existentes nos livros que narram a história do negro pelo olhar branco eurocentrista.

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“As bancadas do boi, da bala e da bíblia impediram o uso e a formulação de materiais didáticos e paradidáticos que amparassem essa lei, com interesses bem nítidos”, ensina Allan da Rosa, do movimento de literatura periférica de São Paulo, na videoaula  “Oralidade e literatura negra contemporânea”.

Entre as produções já publicadas estão ainda “Danças africanas e suas diásporas no Brasil”, com a bailarina e antropóloga Luciane Ramos Silva, que fala da “dança como produção de conhecimento”; e “Música negra e movimento black power“,  com o DJ Eugênio Lima, que vê a música como “resistência e existência, memória da barbárie e construção cultural” ao mesmo tempo.

Djamila Ribeiro, feminista e mestre em filosofia política, conta em “Mulheres na Política” que “a história da filosofia é masculina e branca, embora tenham existido mulheres filósofas, invisibilizadas e esquecidas.” A historiadora Bergman de Paula gravou aula sobre “Feminismo e Mulher Negra”.

Sobre ativismo urbano está disponível a videoaula “Ocupação do Espaço público”, com Laura Sobral, arquiteta e integrante do coletivo A Batata Precisa de Você – que fala sobre como é possível transformar “um espaço de passagem, sem qualidade de estar, em um espaço de permanência, que dá sentido de pertencimento com o lugar e gera cuidado, estabelecendo outra relação com a cidade”. Também já estão online as aulas “Espaço Público e Memórias”, com Alexandre Araújo Bispo; “A Imagem do Negro nas Artes no Brasil”, com Claudinei Roberto; e “A Não Violência como ação política”, com Mikael Freitas.

A meta do Cyberquilombo para 2016 é construir uma galeria com 40 videoaulas que promovam positivamente o debate sobre direitos humanos, gênero, africanidades, relações étnico raciais e liberdade de expressão. Esses conteúdos dão início a uma biblioteca online livremente disponibilizada para professores, alunos e público em geral. Paralelamente, o coletivo lab.Experimental forma oficineiros para ampliar a sua divulgação.

Todas as videoaulas já realizadas estão disponíveis aqui. É possível acompanhar os novos lançamentos inscrevendo-se diretamente no canal.

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2 comentários para "No Cyberquilombo cultura negra e ativismo ao alcance da mão"

  1. Sophia disse:

    Que iniciativa!
    Muito obrigada!
    Me poupa muito tempo de pesquisa para as aulas e me ajuda a ter a voz de uma multidão para expurgar os “demonios do desrespeito e do preconceito” das mentes dos meus jovens alunos

  2. Katia disse:

    Maravilha! Cheguei a pensar em algo parecido, pois uma das saídas para uma educação de qualidade está na utilização do imenso potencial que as mídias digitais possibilitam. Show Axé!

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