Haddad expõe sua ousadia e limitações

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Tarifa de ônibus, cracolândia, bolsa-trans, movimentos sociais, imprensa e reforma política. Prefeito de São Paulo se explica — e defende gestão

Fernando Haddad enfrenta polêmicas com tranquilidade – e certa dose de arrogância. “Sou um prefeito que frequenta universidade, que participa de debates”, disse, na entrevista conjunta ao Coletivo Candeia e Outras Palavras que reproduzimos abaixo. “Não tenho medo de responder pergunta.”

Realmente, não tem. À frente do governo paulistano desde 2013, eleito com a promessa de renovação, Haddad tem bastante coisa pra responder. Em linhas gerais, sua gestão tem representado avanços em relação às administrações anteriores, de José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM). Mas ainda fica devendo às reivindicações de parte de seus eleitores e aos movimentos sociais, que queriam mais mudanças.

Aos críticos de sua timidez, Haddad oferece, aqui, suas limitações. A maior delas talvez se reflita no preço da tarifa de ônibus: depois de não conseguir reajustá-la, em 2013, graças a uma onda de rebeldia popular, o prefeito emplacou um aumento em janeiro sem maiores dificuldades. “É muito difícil manter por quatro anos a tarifa congelada”, justifica, oferecendo respostas técnicas às demandas políticas do movimento por transporte. “Ainda mais com uma inflação acumulada de 28%.” Daí seguem alguns cutucões no Movimento Passe Livre. “As pessoas que querem tudo de uma vez não conseguem compreender que isso é uma construção. O movimento do transporte não é o único da cidade. Houve retrocesso na política de mobilidade? Nenhum. Só houve avanço. Então, eu diria que a política está no caminho certo.”

Frequentemente cotado como possível candidato do PT às eleições de 2018, Fernando Haddad enfrentará páreo duro nas eleições municipais de 2016. Enfrentará Celso Russomanno (PRB), que teve boa votação em 2012 e, em 2014, foi o deputado federal mais votado do país. E terá de vencer Marta Suplicy, ex-petista, com grande potencial de roubar-lhe os votos nas periferias da cidade. Isso sem contar no candidato do PSDB, partido que tem grande apelo entre a classe média paulistana.

A popularidade do prefeito não oferece boas perspectivas. Mas o jogo ainda está sendo jogado, acredita. Na entrevista, Haddad fala de cracolândia, auxílio aos transsexuais, ocupações sem-teto no centro, financiamento empresarial de campanhas políticas e imprensa. “Obviamente, uma pessoa de esquerda, no Brasil, nunca teve o apreço dos meios de comunicação, que têm outro viés e têm todo direito de ter um viés mais conservador.”

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