Uma Holanda contra o racismo

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Boa surpresa: parte de Amsterdam reage, em passeata, contra políticos que tentam marginalizar imigrantes pobres

Por Marília Arantes

Um dos tiros disparados pela ultra-direita na Europa pode sair pela culatra. Na Holanda, as pressões e os preconceitos contra imigrantes estão despertando crescente oposição e resistência – inclusive, entre parte da população branca. Uma nova onda de oposição ao racismo refletiu-se na participação de 8.000 pessoas, em marcha realizada em Amsterdam, em 22 de março, e relatada por Bryan Van Hulst, no site alternativo Waging Nonviolence.

A mobilização foi deflagrada em resposta a um comício odioso de Geert Wilders, líder do Partido da Liberdade (PVV), ultra-conservador e xenófobo. Em discurso, ele perguntou a seus apoiadores se queriam ter “mais ou menos marroquinos” no país. Escutou-se de um público entusiasmado: “menos, menos, menos!” A fala despertou polêmica. O próprio ministro da Justiça, Ivo Opstelten, classificou-a como inescrupulosa e inaceitável. O mote de campanha de Wilders era: “por uma cidade com problemas menores, e na medida do possível, um pouco menos de marroquinos”.

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Atualmente, cerca de 20% da população turca e marroquina vive abaixo da linha de pobreza, na Holanda; são três vezes mais que os brancos. Além da exclusão social, sobretudo por desemprego, tornaram-se recorrentes as queixas de violência policial contra minorias étnicas. Movimentos como o #bornhere reivindicam políticas sociais que deem conta do multiculturalismo no lugar de um discurso homogeneizante, destinado a tornar estrangeiros e descendentes “mais holandeses”. Conforme cresce o apoio de cidadãos em geral à mobilização contra linhas exterminadoras como a de Wilders, pode ser que as coisas tomem um rumo diferente no país.

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