Tem gaúcho no samba

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Clube do Pandeiro de Porto Alegre populariza, na Usina do Gasômetro, típico instrumento brasileiro

Por Katia Marko

Sábados pela manhã. Um som bem familiar ecoa da sala 505 da Usina do Gasômetro. Chama a atenção de quem passa pela porta sempre aberta e convidativa. Após dois anos de oficinas, faça chuva ou faça sol, o Clube do Pandeiro de Porto Alegre vai ganhando forma e novos adeptos a cada semana.

Originário da Arábia, o pandeiro tornou-se um instrumento legitimamente representante da música brasileira. Presente em todas as rodas de samba, é popular, prático e muito eficiente. O seu toque bem característico, hoje é difundido no mundo inteiro. 

Por todos os rincões do Brasil existem pandeiristas. Atuam em conjuntos de choro e de samba ou em orquestras. Também tem aqueles que simplesmente carregam seu pandeiro aonde quer que vão. Este é o caso do Césio, advogado, integrante do clube que resolveu aprender a tocar pandeiro para relaxar. Hoje, segundo ele, o instrumento é seu fiel companheiro. Seja preso no trânsito, caminhando na rua ou no banheiro dos fundos do apartamento, que como diz tem a melhor acústica, sempre é o momento de praticar os novos toques ensinados pelo professor Zé do Pandeiro.

No Clube do Pandeiro é utilizado o método popular denominado “sambalêlê”, desenvolvido por Zé do Pandeiro. As partituras são dispensadas. Pra quem vai pela primeira vez, a instrução é simples: “De-dão (2x), frente, punho”. Repetindo com a boca, vai-se experimentando o instrumento.

“Partimos de um ritmo específico e a ele somamos outros. Samba de roda, samba canção, samba de lenço, samba de avenida, chorinho, coco, embolada, maracatu, baião,valsa ou pagode. Ataque e condução. Dinâmica e andamento. Mão direita e esquerda. Trabalhamos todas as possibilidades oferecidas por esse instrumento inigualável, lúdico e muito poderoso. É uma aula com base na história, ritmos, usos e costumes da percussão brasileira com ênfase ao pandeiro em suas diversas nuances”, explica Zé do Pandeiro.

Cada um aprende no seu tempo

A jornalista Leda Malysz está no clube há quase um ano. Com alguns períodos de afastamento, explica que cada um aprende do seu jeito e no seu tempo. “Tem alguns que vão todos os sábados, outros ficam um tempo sem ir e voltam. Uma ou outra pessoa que nunca pegou um pandeiro aparece pra tocar na roda ao lado de gente que está há mais de ano, mas todo mundo se entende. O Zé gerencia muito bem os tempos, necessidades e jeitos de cada um. O de-dão-frente-punho bem ensaiadinho ali é um jeito divertido e proveitoso de começar a tocar mesmo, perder o medo, ver que pode, treinar, continuar”, destaca.

Para Leda, o pandeiro é uma ótima companhia. “É um instrumento alegre, se preciso põe bonitinho a tristeza pra dançar, o sonho a sonhar. Vem com essas bênçãos do samba, coco, embolada, partido alto… O que trouxer, vem com alegria e raízes da cultura popular. É uma honra aprender a tocar. Eu não sabia tocar nada, não passava de assídua pé de valsa com uma bela e profunda queda por samba e tambores há tempos. Fui recebendo o material de divulgação da oficina e espiando com vontade. Até que fui e achei o máximo Alguns desconfiam do meu cabelo loiro, mas já aprendi bastante. A percussão vai treinando outros raciocínios, dando mais coordenação, consciência de si, e, especialmente, interação.”

Segundo Zé do Pandeiro, músico há 30 anos, a proposta do clube é justamente essa: “um espaço divertido e contagiante, aberto a pessoas de todas as idades, credos e raças”.

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Clube do Pandeiro de Porto Alegre

Todos os Sábados – das 10h às 12h

Sala 505 da Usina do Gasômetro

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