Enfim, um celular sem culpas

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Instituto holandês lança smartphone cuja produção não envolve nem ação de milícias, nem trabalho semi-escravo. Usuário pode optar por software livre 

Por Gabriela Leite

É possível usar um smartphone sem culpa? É o que promete a iniciativa FairPhone, ao projetar um telefone móvel produzido da forma mais “justa” possível. Os responsáveis pela iniciativa querem garantir que o aparelho seja — desde sua produção até o manuseio pelo usuário — o mais livre e correto possível, no que diz respeito ao software e aos danos à natureza.

Os smartphones — celulares com conexão à internet e que dispõem de programas auxiliares de todo tipo — são eletrônicos complexos, não só por sua tecnologia. Também envolvem relações de trabalho desiguais e extração de materiais predatória, em diversas partes do mundo. Seja no Congo (onde persistem conflitos complicados com milícias armadas, que controlam a retirada de minérios essenciais para os aparelhos [leia mais]); ou na China (onde fábricas como a Foxconn tratam seus trabalhadores com condições desumanas [leia mais]), a produção dos aparatos tecnológicos tão cobiçados interfere na vida de milhares de pessoas e do meio ambiente.

O FairPhone encontra soluções para muitos destes problemas. Tentando evitar conflitos na África, compra titânio e estanho de regiões do Congo onde não há conflitos com milícias. Para a produção do aparelho, a empresa afirma ter uma fábrica localizada na China que garante as condições de segurança dos trabalhadores, comprometida também com o meio ambiente. Além disso, a empresa tem programas de reciclagem de celulares antigos e direciona uma verba da venda para a remoção de lixo eletrônico em Gana.

Nas configurações de sistema, o FairPhone também será o mais aberto possível: apesar de vir com o sistema operacional do Google, o Android, o usuário pode mudar este para qualquer outro que escolher instalar (entre eles, os novos Ubuntu e Firefox, 100% software livre). Também oferece espaço para dois chips e baterias removíveis (diferente de celulares como os da Apple). Outra especificidade é a transparência de sua produção: os desenvolvedores vão disponibilizar em breve os custos necessários para a produção do aparelho, além de listarem as empresas fornecedoras. Mais especificações estão disponíveis no site do FairPhone (em inglês).

A empresa FairPhone começou como um projeto de desenvolvimento de tecnologia criativa para inovação social do instituto Waag Society, na Holanda. Por ser ambicioso, o FairPhone ainda precisa de recursos que garantam sua produção. Para o primeiro lote de aparelhos, está sendo feita uma pré-venda num estilo de crowdfunding (financiamento colaborativo), lançada no último dia 21. Espera-se que 5 mil pessoas comprem antecipadamente o celular até 14 de junho, para que ele possa ser fabricado — por enquanto só estão aceitando pedidos para a Europa. Para acompanhar as novas informações sobre o celular sustentável, é possível acompanhar o blog da empresa.

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17 comentários para "Enfim, um celular sem culpas"

  1. Rafael disse:

    Muito bom seu artigo, gostei bastante.

  2. Raquel disse:

    Uma boa informação. me sorte me deparei com o seu site por acaso eu tenho isso para mais tarde! website Wonderful marcada-book. Um monte de informações úteis aqui e muito melhor modelo autor bom trabalho …!
    http://www.felizanonovo.org/2016/09/mensagem-ano-novo-2017-mensagem-feliz.html

  3. Arthur disse:

    Uma pergunta talvez meio ignorante da minha parte. É sempre muito difícil saber quais marcas se preocupam realmente com esse tipo de coisa. Já li – na verdade minha namorada, que é super ambientalista – que a Nokia estava entre as empresas mais “green”. A Apple estava entre as piores, junto com a LG. Enfim, sei que “green” não é a questão aqui, por isso gostaria de saber: Sobre a relação abordada no post em questão, a Nokia não se enquadra como “justa”? Sempre falam de iPhone e Samsung, sendo que a Nokia desde cedo bate nessa questão de ser mais “amiga do mundo”. Tanto que essa coisa de “[…] a empresa tem programas de reciclagem de celulares antigos […]” a Nokia já fazia, dando até 100 reais (ou 200) para a pessoa que fizesse isso, na troca de um celular novo. O dinheiro não era transferido para Gana, mas já é uma iniciativa interessante.

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