Observatório de Remoções: para expôr a segregação urbana

Moradores de prédio no Centro, minutos antes de serem expulsos pela polícia

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Ferramenta torna visível algo que os jornais não mostram: as dimensões dos despejos de comunidades que estão no caminho de grandes obras urbanas

Por Gabriela Leite

Procurando evidenciar a dimensão e as consequências das expulsões de comunidades para operações urbanas na cidade de São Paulo, professores, estudantes e arquitetos da FAU criaram o Observatório das Remoções. Sua proposta é mapear informações de pesquisas (dos laboratórios LabCidade e LabHab, também da FAU) e denúncias recebidas pela Relatoria Especial pelo Direito à Moradia da ONU.

Um dos primeiros resultados é o mapa abaixo, feito com ferramenta do Google Maps. Mostra detalhadamente cada comunidade afetada: as que já foram removidas, as que estão notificadas e em obras e as que estão no caminho de um projeto já definido (link para o mapa). Ao clicar em cada ponto, é possível obter mais informações sobre a comunidade, inclusive o número de famílias que a constituem e qual seu destino. Em outro mapa, estão representados também os projetos que serão construídos em cada local.

O Observatório é essencial para a compreensão dos processos de segregação que estão em curso na cidade, gerados pela especulação imobiliária crescente. Escancara o grande número de projetos criados para tomarem lugar de áreas onde atualmente vivem milhares de famílias, de forma muitas vezes precária. Os motivos alegados para as remoções são os mais diversos, desde obras para o metrô, reocupação de prédios privados que foram invadidos, projeto de mananciais, construção de parques até o Rodoanel. A pesquisa aponta que muitas das famílias que já foram removidas não têm o apoio necessário.

O objetivo do grupo é mostrar a dimensão das operações urbanas que afetam diversas comunidades, assim como torná-las mais transparentes para fortalecer o debate sobre elas. Além disso, os mapas também servem como ferramenta para as comunidades se informarem e analisarem sua situação, o que ajuda a deixá-las menos vulneráveis.

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9 comentários para "Observatório de Remoções: para expôr a segregação urbana"

  1. Eunice Souza disse:

    NAO PODEMOS VIVER EM UM PAIS, QUE SE DIZ DEMOCRATICO DE DIREITO, MAIS CADE O DIREITO QUE NEM MESMO A NOSSA CONSTITUIÇAO E RESPEITADA. DIREITO AQUI NO BRASIL E UMA CONTA BANCARIA BEM GORDA, QUE DIZ O QUE FAZER. INFELIMENTE VIVEMOS EM UM PAIS CORUPTO DE DIREITO.

  2. Paulo disse:

    E que a ideia pegue em todo o país ! Olho vivo nos incêndios em comunidades pobres e nas ‘reintegrações de posse’ … sempre bom saber o que e quem está por trás.

  3. Vejam! Isso está acontecendo e temos que pará-lo!

  4. sergio pedroso disse:

    Ao observar os incêndios comecei a intuir o que estava acontecendo. Este trabalho magnífico, comprova que tudo foi planejado pelos donos das cidades!

  5. Vanessa Maranhao e Fábio André Fabão, um SIG das remoções. Lembram das minhas ideias pro mestrado? Bjs

  6. Mapeamento das remoções em SP – Muito Bom!

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