Da Grécia ao Reino Unido, Europa volta a andar para trás

Grã-Bretanha: o nobre "Chancellor of the Exchequer" afunda na crise e não vê alternativa

.

Dados confirmam que “austeridade” deprime o continente, mas governantes insistem em prolongar sacrifícios

Paul Krugman, Nobel de Economia, escreveu certa vez que a lógica oculta nas políticas de “austeridade” é idêntica à dos sacrifícios humanos praticados pelos maias. Eles não evitavam nem os eclipses, nem perda de colheitas, mas os sacerdotes argumentavam que sua receita estava certa — apenas não havia sido seguida com a intensidade necessária… Duas estatísticas divulgadas ontem, e as reações das autoridades a elas, dão novas razões à comparação de Krugman.

Na Grécia, o Banco Central anunciou que a queda no PIB será maior que se previa: -5%. Há cinco anos, a produção declina sem parar. Quase todos os ativos do Estado foram vendidos; o desmonte dos serviços públicos degenera até em saque de tesouros arqueológicos; houve redução do salário mínimo, eliminação de direitos, explosão do desemprego. Analistas não-alinhados a estas políticas anteciparam que elas seriam incapazes de reimpulsionar a economia — exatamente porque deprimem a capacidade de consumo da população. Ainda assim, o presidente do BC “advertiu”: o país precisa de “estrita adesão aos ajustes”; eles não pode ser ameaçados pelas eleições do próximo 6/5…

Já as autoridades do elegante Reino Unido admitiram, também ontem, que o país mergulhou — pela segunda vez em três anos — em recessão. Entre 2008 e 2009, o PIB já havia caído 7,1%. Seguiu-se uma recuperação muito tímida (“a mais fraca em um século”, segundo o diário londrino Guardian). E mesmo esta pálida alegria durou pouco. O Escritório Nacional de Estatístcas anunciou que a produção caiu voltou a cair nos dois últimos trimestes, configurando-se o tipo de cenário que a econometria qualifica como “recessivo”.

Ainda assim, o ministro da Economia (“Chancellor of the Exchequer”, na Inglaterra…) não se deu por vencido. “É uma situação muito dura. Está levando mais tempo do que todos esperávamos para sair da maior crise que vivemos”, admitiu ele. Para, logo em seguida, alertar que não admite outro caminho: “A única coisa que tornaria a situação ainda pior seria abandonar nosso plano”…

Leia Também:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *