O que o sensacionalismo não explica

.

Ao contrário do que dizem os jornais, os estudantes da USP não lutam pelo “direito de fumar maconha” – e, sim, contra um reitor incapaz de diálogo e decisões compartilhadas.

Por Alex Monteiro

Sou aluno da Faculdade de Direito da USP e presenciei a gestão do Rodas como diretor. A questão precisa ser debatida e esclarecida porque a mídia “oficial” não está fazendo isso. Participei da assembleia que redundou na ocupação da reitoria também — e o que vi não foram centenas de estudantes defender o uso indiscriminado de drogas. A questão da maconha foi estopim para uma ação policial atropelada, intimidatória (para quem não sabe, o consumo de maconha e outras drogas sequer é “criminalizado”; as penas vão de advertência verbal a medida socioeducativa). Ou seja, não foi a questão central e sim estopim, que foi mal usado pelos conservadores de plantão e pela classe média paulistana. Ela fetichiza tanto a USP, mas desconhece a estrutura da universidade e suas relações com o governo de São Paulo.

O outro lado da moeda é basicamente o contrário do que disse a mídia. Para ser um pouco mais preciso, o outro lado da moeda é que todo esse barulho não aconteceu simplesmente porque os alunos estavam fumando maconha e não queriam ser importunados pela polícia. Na verdade, deflagrou-se uma crise provocada no contexto da nova gestão do REItor Rodas. Nenhum canal de diálogo aberto, um sistema repressivo e autoritário no qual as decisões são tomadas sem nenhum respeito ao processo democrático que deveria permear a universidade. Valendo-se do uso da força e do autoritarismo, o reitor impôs a PM no câmpus como mais uma das suas medidas de “contenção dos ânimos”, claro recado para calar todos aqueles que por qualquer razão questionam os atos da reitoria. Estou falando de trabalhadores que foram duramente reprimidos em manifesto contra as condições de trabalho na universidade, sofrendo, inclusive processo administrativo para demissão por justa causa.

Ora, o que desencadeou toda essa crise é nítido demais – e só não vê quem não quer. A universidade é espaço de debate, de construção e aprimoramento da análise critica. É ela quem tem o papel de propor debates, influenciar avanços sociais e pautar modelos melhores de tudo o que está posto. A Polícia Militar é uma instituição despreparada para lidar com isso, para dialogar. Dai o contra-senso de se confiar em uma instituição problemática como a PM para solucionar os problemas da universidade. Não se trata de um bando de maconheiros e vândalos querendo fumar em paz e se submeter ao horror do mundo real . Trata-se, sim, de uma reação até bastante natural da comunidade universitária ciente do papel da universidade e dos problemas das instituições envolvidas aos desmandos de um reitor que só sabe dialogar com fuzis.

Pode parecer implicância, mas basta lembrar que este mesmo reitor colocou a tropa de choque dentro da São Francisco em 2007 para tirar os movimentos sociais que, sem nenhuma violência ou risco ao patrimônio publico, ocuparam a faculdade de Direito para reivindicar pautas sociais perante o Estado. Também não preciso repisar a relação do ex-diretor da Faculdade de Direito e atual reitor quando da sua saída da direção da faculdade: fez contratos com a iniciativa privada sem nenhuma transparência com os alunos, oferecendo contrapartidas delicadas e perigosas sem sequer a congregação da faculdade ficar sabendo; ou então, no ultimo dia na direção da faculdade, emitir três oficios demitindo todos os funcionários da biblioteca, fechando a biblioteca (que ficou assim por pelo menos seis meses) e deixando os livros em caixas expostas à chuva, fogo, sol… O que levou a Faculdade de Direito (que é bastante tímida e conservadora, quando se refere a posições na universidade) a decidir, na Congregação (órgão soberano de decisões, com representantes de professores e dos alunos), que o Rodas, já reitor, era persona non grata”.

Isso tudo é exemplo do que desencadeou a atual situação na universidade. Ninguém quer fumar maconha e se drogar sem ser importunado; ninguém quer destruir por vandalismo a universidade; ninguém está interessado em ficar fazendo nada na reitoria. A situação é outra. Há, na universidade, sujeitos incomodados com a organização da instituição, com as soluções simplistas e perigosas de um reitor autoritário. Há, sobretudo, sujeitos humanos que acreditam ser a violência e a truculência as piores armas (sem contar o fuzil) para se construir mudanças e servir a sociedade.

Leia Também:

27 comentários para "O que o sensacionalismo não explica"

  1. Rafael disse:

    MINISTÉRIO PÚBLICO INVESTIGA REITOR JOÃO GRANDINO RODAS; ACUSAÇÕES VÃO DE NOMEAÇÕES POLÍTICAS SEM CONCURSOS ATÉ ACUMULAÇÃO ILEGAL DE FUNÇÕES, LESÕES AOS COFRES PÚBLICOS E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA; ESTUDANTES QUEREM A SAÍDA DELE: http://200.189.161.92/pt/247/brasil/15489/Esc%C3%A2ndalo-na-USP-aperta-cerco-ao-reitor-pol%C3%AAmico.htm

  2. Caique Santos disse:

    PARABÉNS AOS ALUNOS DA USP, MESMO QUE POUCOS AINDA LUTAMOS POR NOSSOS DIREITOS.

  3. Caique Santos disse:

    Anarquia não.Reveja seus argumentos rapaz.Anarquia é uma ideologia, não a bagunça a qual se refere.Não vou discutir as tolices que você escreveu, pois como se vê nitidamente em seus argumentos você é mais uma marionete que não entende de política e é manipulado pela mídia e pelo governo elitista.

  4. Fatima disse:

    Tenho um filho estudando e morando na USP, eu deveria estar de acordo com a polícia dando segurança ao meu filho, mas será que a polícia está preparada para isso? Dificilmente vejo um homem que não teve um tipo de agressão de um policial na adolescência. Referente ao rapaz assassinado, porque ele havia mandado blindar o carro? Foi por assalto dentro da USP? Todas as universidades e escolas terão a polícia como segurança? Somente na USP existem pessoas fumando maconha? Meu filho saindo da USP terá segurança? Na USP infelizmente mataram este rapaz. Em outras escolas a mídia mostrou outros casos de alunos entrando armados dentro da escola, inclusive um aluno de 10 anos que atirou na professora e depois tirou sua própria vida. Esta escola está com a segurança policial hoje? Tenho outros filhos estudantes, eles terão a mesma segurança? A pesquisa DATAFOLHA mostrou que 58% dos alunos aprovam a PM dentro do Campus, isto significa que 42% estão contra. Então não é uma minoria. Se a USP tem mais de 70.000 alunos, são mais de 30.000 contra. Não acham que são muitos alunos? Alguma coisa não está errada, já que se trata de segurança? Acho que todos gostaríamos de andar seguros. Ou você acha que estes 42% são usuários de droga? Porque a policia não filmou tudo? Será que foram os alunos mesmo que quebram?

  5. Giovanna Araujo disse:

    Você fala assim como se o Ministério Público fosse confiável ! hahaaha

  6. Adelson disse:

    bem, se o Reitor coeteu todas essas irregularidades como consta no texto, por que o Ministério Público não ficou sabendo?

  7. Se juntasse todos esses olhares
    em um olhar poético, patéticos
    seriam os sujeitos populares
    que jorram seus pensamentos proféticos
    como se fossem pérolas, colares
    pisoteados por porcos morféticos
    expulsos de suas casas e lares,
    em luta pelos tesouros caquéticos,
    luz de democracias fabulares,
    miragens em desertos esqueléticos
    degradados por cérebros lunares,
    restos de corações bem antiéticos.

  8. Sam Emerick disse:

    É crime no Brasil, um país de leis toscas, para um povo tosco. Nao defendo nem apoio o ato de fumar, seja lá o quer que seja que se fume, apenas me admira o fato de fumar ser considerado um crime. Que idiotice.

  9. keila monteiro disse:

    Parabens.continue esta coragem. Alguem tem que falar ja q este Brasil tem basicamentes COVARDESSSSSSSSSSSSSS

  10. keila monteiro disse:

    Parabens mano pela coragem e inteligencia.Continue sendo a voz dos covardes…….

  11. Antunes disse:

    Enquanto os estudantes de Brasília lutam pela melhoria na educação, os de São Paulo lutam para não deixarem mulheres de mini-saia entrar na faculdade e pelo uso da maconha…
    Parabéns à PM de São Paulo!

  12. Pedro disse:

    “…e todos sabemos que a compra de drogas é que mantém o crime organizado.” [carece de fontes]*.
    *A menos que a fonte seja o filme Tropa de Elite, localizado e defasado. O que era verdade no morro carioca e na época do filme não é verdade nem em outros lugares do país e não é mais verdade nem lá, vide milícias que comandam transportes, TV, gás, luz etc (fonte: relatório da CPI das milícias) e afugentaram os traficantes. Em São Paulo, a maconha já foi desbancada há muito tempo pelo DVD pirata em número de usuários e volume de vendas.
    Eu concordo que o estopim foi problemático do ponto de vista da opinião pública, mas ele também foi retratado de forma errada. Até onde eu sei, pelo relato de quem estava presente, o motivo principal ali foi a truculência policial utilizada na abordagem. Além disso, o argumento de que o assassinato não mobilizou ninguém e que, portanto, ninguém deveria ter se mobilizado por nenhum outro motivo, não é lógico. Além do óbvio, que é um assassinato já ter uma resposta social por ser algo sabidamente horroroso (e que dá ibope em jornais) e portanto não requerer uma demonstração, o projeto de abrir a universidade, aumentando a circulação de pessoas e um efetivo maior da guarda universitária já estavam sendo propostos pelos estudantes há muito tempo. Parte da revolta foi justamente essa – havia um plano de segurança que não envolvesse rondas ineficazes da PM (que, aliás, já tinha acesso ao campus na data do assassinato, mas não pode patrulhar eficazmente uma área enorme, deserta e mal iluminada como a USP nem com cem viaturas) que foi solenemente ignorado por uma reitoria que já apresentava problemas de comunicação, competência e honestidade.

  13. Heber Cristiano Fonseca disse:

    Sei q, se a ação foi baseada devido a terem tomado as atitudes após a prissão de alguns fumantes de maconha, e a turma da fumaça entrou em atrito, lembrem-se q a droga é ilícita e ainda n é liberada. Se o tutor é todo errado administrativamente, nunca os alunos de uma USP poderiam deixar o estopim estorar justamente na hora q se toma medidas contra o uso da droga. E a invasão foi feita e esqueceram q deveriam apenas deixar um recado e não se recusarem a sair, principalmente depois de mandado judicial de um magistrado. A polícia nunca iriua entrar numa desta para conversar! Jamais, e sim para agir! A turma da invasão ñ pode agora querer ser vista como boa se aproveitando de motivo esquivo que era a atuação contra drogados. Deixem um monte de drogados utilizarem a frente de sua casa e esperem bons atos deles. No início sim, mas depois que acostumarem, vão querer entrar e te tirar de casa. A ação policial foi correta, a turma tinha que sair dentro do prazo dado pela magistrada, a lei é para ser cumprida e ordem judicial n se nega. Que lutem com armas claras, de dia e com motivos limpos. Se o consumo de drogas for usual na USP, vcs estão no local errado e ocu´pando lugar de quem precisaria estar lá. A Juventude hoje está equivocada e n pode utilizar de dilemas q não é lícito para querer brigar contra uma administração. A administração é ruim, boicotem as taxas, as salas, as lanchonetes, os xerox… sejam criativos mas não ilícitos.

  14. Claudia disse:

    Fica difícil acreditar numa luta que tem como estopim o direito de fumar maconha. Muito difícil! Ninguém se mobilizou quando o rapaz foi assassinado e todos sabemos que a compra de drogas é que mantém o crime organizado. Embora eu leia algumas coisas em mídias alternativas, sinceramente, foi um péssimo estopim. Realmente parecem mimados, rebeldes sem causa. Destruir o prédio da reitoria também não contribuiu, assim como o apoio de partidos políticos.

  15. Bruno disse:

    Parabéns João! Hoje tenho me deparado com todo tipo d absurdo. As coisas estão as avessas. Não acredito na legitimidade desse movimento. Quem não deve não temer! Polícia no campus é segurança para os bons alunos. Para os maconheiros…não é ameaça, pois usuário não é verdadeiramente punido. Fora a libertinagem! Sou a favor da ordem e da democracia e vcs são minoria. Têm o direito de se expressarem, mas não de destruir o patrimônio de todos e nem de obrigarem a aceitarmos seus argumentos frágeis, apelativo e infundado! Fora a anarquia!

  16. Alex Monteiro disse:

    Carissimo,
    seu argumento é até compativel com a lógica, mas peca por supor que seria possivel o reitor autorizar o uso do espaço publico da universidade para os alunos contestarem e criticarem as posiçoes e escolhas da reitoria. Ocupaçao de reitoria é gesto simbolico de apropriação de um espaço publico com a intençao de torna-los mais publicos ainda. Tambem convem lembrar que a reitoria da universidade é pouco afeita ao dialogo, oq ue redunda na necessidade de diálogo mais agressivo. Defendo a violencia? jamais. Mas mtas vezes quando todos os canais democraticos estao fechados, a saida é a imposição do debate, o que fizeram os estudantes.
    Ha muita coisa que se criticar, mas as principais estao passando batido: PM, REITORIA E MIDIA

  17. Alex Monteiro disse:

    Joao,
    peço que preste atenção ás aspas que usei no termo “criminalizado” e mencionei as penas, espero ter sido bem claro no uso dos conceitos.
    Ao contrário desta mídia mentirosa e sem escrupulos, bem como ao contrario desta classe média moralista e preconceituosa, eu nao manipulo as palavras. Pq a midia nao discute a lei 11.343? Pq midia nao critica a açao da policia? Pq a midia nao critica os atos do reitor? Colocar bonzinho de um lado e mauzinho do outro ja deu merda no nosso pais , e nao faz mto tempo…

  18. Alex Monteiro disse:

    Alguns esclarecimentos:
    o texto nao foi escrito para publicaçao em forma de artigo ou qq coisa do genero. Escrevi como comentário em um blog, assim como estes comentários que estao acima.
    Nao me importo que o texto seja propagado, afinal de contas é o que penso, estou fazendo esta ressalva pq nao revisei o texto e expressoes como “nao criminalizado” nao ficou claramente explicado. É claro que como estudante de direito eu sei que é criminalizado na medida em que pertence ao ordenamento juridico enquadrado como tal. Minha referencia implicita á lei 11.343 de 2006 que insitui e regulamenta a politica de drogas no pais. Quando disse “sequer é criminalizado” eu tentei fazer menção á ideia de que nao é preciso força policial nos moldes do que se vê a abordagem de consumidores de substancias como a maconha. Dentre as penas, a lei é bastante clara ao determinar que vao de medida socioeducativa a advertencia verbal, sem nenhuma referencia a restrição da liberdade ou uso autoritario e abusivo de força, nem tampouco preve sançoes como agressao fisica e congeneros que, sabemos, é exatamente o que a policia faz quando do contato com usuarios de drogas. Descuidadamente, portanto, utilizei uma expressao que nao foi revista dando a entender que nao é crime. Na verdade, doutrinariamente falando, é sabido que no Direito Penal há um conceito de crime e de contravençao penal, sendo diferenciados pelo grau de reprovabilidade da conduta do agente e pelas penas aplicadas. Ora, no plano argumentativo do texto, nao quis insinuar que não ha uma tipificação penal e sim que esta tipificação é bem nitida em deixar claro um grau de reprovabilidade da conduta de uso de drogas, oq ue, no limite, redunda em uma “menor criminalização”. A expressao, portanto, pretendia descontruir ate mesmo pela existencia de uma lei que nao pretende seja o usuario de droga tratado como marginal, bandido etc. Em outras palavras, pretendia mostrar que a criminalizaçao é antes uma posiçao ideológica e esconde um julgamento moral.
    É exatamento o que discordo e pretendo descontruir pq se pretendemos avançar como sociedade e construir cada vez mais um Estado de Direito que seja capaz de lidar com questões sociais de maneira democrática temos primeiro que desconstruir os moralismos e os rótulos que grudamos nas pessoas e nos comportamentos. Quis dizer que até nossa legislação sobre uso de drogas é mais bondosa e progressista que a mentalidade da REDE GLOBO, da VEJA e todos os outros papais e mamaes que pensam que fumar maconha torna o sujeito um estuprador, bandido e vândalo. Foi neste sentido , portanto, que disse que a maconha sequer é criminalizada dentro desta politica de drogas no que se refere ao usuario (cabendo aqui todas as criticas quanto á estrutura e funcionamento desta lei, embora há que se reconhecer , é um avanço em relação ao que se tinha anteriormente).
    Na pratica, pela lei 11.343 os estudantes seriam advertidos, prestariam medida socioeducativa e prestaçao de serviços á comunidade.SOMENTE. Agora raciocinem comigo: se há uma lei que preve só medidas deste tipo pq então a policia militar foi tão ostensiva na abordagem dos alunos? O que provocou a revolta não foi o fato de os alunos “serem criminosos” por “fumarem maconha” e sim a maneira autoritaria como a nossa PM trata o sujeito que consome droga , por exemplo, num gesto que na propria essencia revela um descompasso gravisso entre a autoridade do Estado e a Lei, estou errado?
    Outra lógica que esclarece a questão é a reação na universidade, ou agora a GLOBO, O ESTADAO, A FOLHA e seus congeneres realmente acreditam que os alunos “vandalos” e “maconheiros” decidiram ocupar a reitoria pq coleguinhas foram flagrados? Claro que nao, a comunidade academica se manifestou , inclusive de maneira agressiva,pq a situaçao esta num impasse: de um lado um reitor que autoriza homenagem aos “revolucionarios de 64” e negocia salas de aulas com entidades privadas sem consulta nenhuma aos professores e alunos , que se alia á PM e ao Governo por interesses bem mais complexos que a segurança e de outro lado estudantes, professores, funcionarios e outros que sao destinatários diretos e tributarios por consequencia de toda uma política autoritária, partidária (o reitor foi indicado pelo governador em lista triplice, nao sendo o candidato mais desejado pela comunidade academica , fato este que so se repetiu outra vez na ditadura militar) e pouco comprometida com a universidade nos seus aspectos mais essenciais.
    Ancorada no tripé ENSINO-PESQUISA-EXTENSÃ0 a USP esta caminhando para um ensino técnico de luxo, dentro da lógica “balcao de diplomas”, segunda a qual vc entra na universidade, assiste aulas, nao se compromete com as questões sociais (greve nem pensar) e tampouco se importa com a distancia da faculdade e da sociedade;também caminha para uma pesquisa cada vez mais voltada para os interesses de grandes empresas e do mercado em detrimento dos interesses da sociedade , exemplo disso é o quanto de dinheiro a farmácia nao recebe para pesquisar cosméticos enquanto pesquisas de doenças mais graves sao relegadas a segundo, terceiro plano. A extensao tambem nao se verifica, vide a “bolha” que cada vez mais se fecha com catracas, paredes e portoes. É nitido demais e só nao vê quem nao quer, a universidade está falhando em sua missão, estamos comprometidos mais com o mercado e com os valores éticamente perversos de uma sociedade que chega a ponto de falar em bancadas de jornal que “os jovens tem de estar estudando e nao fazendo passeata”, mentalidade bastante compativel com o engessamento da universidade em seus propósitos mais intrinsecos, qual seja a crítica, a gestão de novos modelos sociais, etc.
    É isso, o texto acabou sendo propagado sem que eu pudesse me esclarecer, por isso vim aqui. De resto, acho essencial que comecemos os debates acerca de que universidades queremos, de que modelo de PM queremos, de que política de drogas queremos. Evidentemente que é o caminho mais dificil e mais doloroso, pq envolve reflexao e mudanças, o que sabemos nao ser fácil para o bicho homem, entretanto é o caminho que nos apontará para uma sociedade mais justa, mais igualitária e mais humana. Nao quero a PM na USP não pq não quero segurança (ou pq queira fumar maconha) e sim pq esta PM é falha na capacidade de diálogo e também nao desejo esta PM nas periferias da cidade. As milícias cariocas que bem o digam. PM nao resolve problema (assim como vidros blindados, condominios murados e seguranças privados). Quando formos capazes de pensar tais questões em um nivel mais democrtático e humano, tenho certeza de que nao precisaremos de PM, tampouco de fuzis.
    É isso.

  19. Sandra Auler disse:

    Vc estava lá? É professor de direito lá? sabe tanto como? Não sobre a maconha naturalmente, que isso qualquer um minimamente alfabetizado pode ler no código penal né…A pergunta é: Sabe tanto é pq está no bolo de alguma maneira e é covarde para se manifestar? Se não for isso, já que não está, nem esteve ( na faculdade de direiro e nem nos eventos da USP), pegue o seu banquinho e saia de mansinho…

  20. João disse:

    Parei de ler quando o autor deste texto comentou que a utilização da maconha não é criminalizado. Informe-se direito, Fumar maconha é criminalizado entretando nao é PENALIZADO. Segundo o principio da lesividade, um dos principais norteadores das leis penais, ou seja, este principio tem como finalidade limitar a area de atuação do direito penal, haja visto que este é o mais “violento” dos ramos do Direito, nao se pode penalizar um crime que nao afete bens de terceiros, nao transpasse o ambito do proprio autor, contudo a lei que proibe o uso de drogas ilicitas, tem especificado em um de seus artigos que este principio nao se aplica a este caso. Logo é sim CRIME fumar maconha.
    Agora, ao fato em questão. Acredito que apenas 5% das pessoas que estavam envolvidas nesses atos de vandalismo, é que realmente tem algo, em seus argumentos, certo, haja visto que os outros 95% se aproveitaram dos argumentos para expressar suas ideias quanto ao uso indevido e inapropriavel de maconha. Para os 5 % que defedem a sua tese, querido autor, acredito que quando um individuo, para um fim maior, começa a se utilizar da ilicitude, para alcançar o seu objetivo, este individuo perde totalmente a sua LEGITIMIDADE. A USP, caro autor, não é orgão maximo para resolver tais questões e muito menos uma Tirania como esta descrito acima, logo se tais fatos realmente são veridicos, deviam- se tomar providencias dentro da legalidade, alias outro principio importantissimo para o Direito. Então caro autor, é com um simples ditado que lhe mostro minha indganação quanto a esta tosca “revolta” de maconheiros que se escondem em baixo de argumentos que podem até ter fundamento. “Um erro nao justifica outro, o erro nao muda sua natureza independente das circunstacias…”.

  21. Luís disse:

    Boas palavras Emanuel… boas palavras.

  22. Emanuel Sival disse:

    Na minha opinião, todos os lados estão errados. Os alunos, por usarem a mesma atitude que segundo eles o reitor estaria tomando, os policiais, que não estão qualificados o suficiente para resolver a situação, a imprensa, que usou de artifícios para manipular as noticias de forma sensacionalista e em boa parte mentirosa, e o problema principal, as pessoas que estão assistindo esta situação, que não percebem que os noticiários estão passando os fatos de maneira mentirosa e com muitos pontos duvidosos. Da policia, essa atitude já não é novidade, da imprensa e das pessoas também, mas dos alunos? A pior coisa é você si igualar a algo que você despreza e odeia, não? Não que eu esteja defendendo a atitude do reitor, mas vocês não têm o direito de dominar um espaço do governo sem uma autorização. Isso tudo não passa de mais um tumulto idiota que como sempre, todos só querem causar mais confusão e nada de solução.

  23. ZENIO disse:

    Outro dia, escutei comentários patéticos de dois jornalistas sobre a invasão da USP pela PM Paulista… Coisa de tão alto nível que até musica do Ultraje a Rigor dedicaram aos alunos presos, seriam, na opinião deles rebeldes sem causa. Impressiona no que se tornou nossa imprensa, mera caixa de ressonância do que há de mais retrógrado neste país… E pensar que uma geração lutou, até a morte alguns, para que esse parvos pudessem falar essas bobagens. O pior que se acham “engraçados” quando, na verdade, são só mesmo patéticos…

  24. Celia disse:

    Tenho vergonha do que se tornou nossa imprensa!
    Nada como ter acesso a todos os lados da história, dos fatos, para que se possa formar uma opinião justa. Faz 20 anos que São Paulo está sob um governo maquiado de democracia, mas basta um leve arranhão na maquiagem para que a gente enxergue sua verdadeira face e a Universidade (USP) é o melhor termômetro para compreendermos para que lado caminham os avanços e retrocessos sociais e políticos.
    É muito moralismo fantasiado de ingenuidade acreditar que um cigarro de maconha possa produzir tanto barulho! Parabéns aos estudantes e funcionários que tem coragem de arregaçar as mangas e dar a cara à tapa para lutar inclusive por aqueles que aplaudem a ação da PM, simplesmente porque não compreendem (ou não querem compreender) o que está acontecendo.

  25. Larissa Santos disse:

    Já estava acompanhando por mídias alternativas a verdadeira situação na USP. O que para mim, pelo menos, já estava bem claro que a coisa não era como a televisão vem mostrando. Estou cansada de ler coisas contendo as alcunhas “maconheiros”, “mimadinhos que usam GAP” e “rebeldes sem causa”. Faço questão de disseminar esse texto através das minhas redes sociais, para os interessados saberem a história pelos estudantes da USP. Parabéns pelo texto!

  26. Gutemblog disse:

    Alex Monteiro, parabéns pelo excelente relato da realidade! Temos que nos utilizar da mídia alternativa para propagar a verdade dos fatos! Parabéns mais uma vez!

  27. Norma Nascimento disse:

    Tenho quase 60 anos, sou mãe, moro numa roça do Brasil (Ubá-MG) . Suas palavras e de outros estudantes que tenho lido fora dos órgãos desta outra expressão provinciana que são as classes médias e alta de SP confirmam exatamente o que eu imaginava. Em todo e qualquer espaço digam ISTO. Reafirmem, sintetizem, espalhem! Uma matéria da TV Folha com socialites paulistas discutindo política e USP deveras me assustou.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *