Grécia para contra a "Troika"

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Às vésperas da votação no Parlamento por pacote de austeridade, gregos iniciam 48h de greve geral

Por Yannis Almpanis, Atenas | Tradução Cauê Seigner Ameni

Hoje, na cidade de Atenas, e em toda a Grécia, uma das maiores mobilizações populares desde a queda da ditadura em 1974. Nas primeiras horas das 48h de greve geral centenas de milhares (500.00 segunda as estimativas dos sindicatos e 75.00 segundo a policia) inundaram o centro de Atenas em protesto contra o novo pacote de austeridade imposto pelo governo grego, FMI e UE. A multidão (não apenas os trabalhadores e jovens, mas também a classe média e trabalhadores autônomos) expressaram determinação para lutar contra o corte de 30.000 empregos, redução dos serviços públicos, pesada taxação, uma diminuição de até 40% dos salários, crescimento do desemprego e a destruição da saúde pública e do sistema educacional.

Durante o protesto, alguns manifestantes atacaram policiais com pedras e bombas de gasolina. Embora a grande maioria dos manifestantes adotassem táticas não-violentas, aqueles que atacaram a polícia não eram apenas o black-block, mas também outras pessoas, como por exemplo os taxistas.

Hoje nossa sociedade expressa a sua vontade de sobreviver e de se livrar de Papandreou e da “Troika”¹ (FMI, EU, Banco Central Europeu) também. Tunisianos expulsaram Ben Ali, os egípcios colocaram Mubarak em custódia, e os gregos iniciarão o mesmo no velho continente.

Amanhã, o Parlamento votará na nova lei de austeridade. Para nós, será o segundo dia de greve geral. Nós vamos nos encontrar na Praça Syntagma. A maré esta virando!

[Recomendação de leitura: Grécia em Transe, de Celso Lungaretti]

¹ Troika ou tróica[1] (em russo: тройка) é a palavra russa que designa um comitê de três membros. A origem do termo vem da “troika” que em russo significa um carro conduzido por três cavalos alinhados lado a lado, ou mais frequentemente, um trenó puxado por cavalos. Em política, a palavra troika designa uma aliança de três personagens do mesmo nível e poder que se reúnem em um esforço único para a gestão de uma entidade ou para completar uma missão. A palavra se tornou popular mundialmente durante a era stalinista na União Soviética, quando troikas substituíam o sistema legal para perseguir rapidamente dissidentes contrários ao regime ou qualquer cidadão acusado de crimes políticos. Esta rapidez na prisão e julgamento se transformou numa caça as bruxas levando o medo ao país inteiro.

 

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Um comentario para "Grécia para contra a "Troika""

  1. Não há comentário, há algumas constatações e comparações. No Brasil a ditadura acabou só em 1985. Na Grécia em 1974. O Fundo Monetário Internacional sempre esteve presente e intervindo. No Brasil se pretende fazer das duas principais centrais sindicais (CUT e Força Sindical) a representação de todas as categorias, todavia o Brasil é quase um continente; as diferenças culturais e econômicas são enormes dentro do próprio país. Na Grécia se justifica poucas Centrais, aliás, para a iniciativa privada e setor público, isso é interessante. São muitas situações curiosas como nivelar ou gradear o salário do serviço público, não entendo o que seja isso, a não ser que seja nivelado, uma isonomia. Bem, a globalização é uma farsa, igual a PROPRIEDADE PRIVADA, que só pretende o domínio do país pela aquisição de terras. Tivemos no Brasil um exemplo de monopólio, o Macdonald’, que esta sucumbindo, falindo! Ao contrário do monopólio da água, da luz, da energia, um monopólio estatal, com participação da iniciativa privada, e porque não só da iniciativa privada? Este é o monopólio que dá certo, por ser os serviços, imprescindíveis. Então, este é o alvo do Capital, mas capital não é Estado, todavia o Estado esta atrelado ao Capital; os nativos são adquiridos na bolsa do mercado político. O Capital fez o que fez, mas esta atrás dos serviços do Estado, isso tem um preço. Redução drásticas de salário, para ajudar o Capital. No Brasil, foram entregues empresas: Vale, CSN, e centenas de outras. Agora temos uma dívida de 2 trilhões, então o governo (Grupo Lula), aproveita o momento em que gasta os 2 trilhões, porque depois ninguém sabe o que pode acontecer. Mas o povo não é inocente, ele da “loas” ao capital e esquece a volta… Obrigado.

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