Os 10 da Nature: Brasileiro é reconhecido por método de controle da dengue
Engenheiro da Fiocruz é um dos responsáveis pelo mosquito que controla o vírus dentro de sua espécie
Publicado 09/12/2025 às 15:54

Um brasileiro está entre as 10 personalidades que estão moldando a ciência, segundo a revista Nature. Na lista de 2025, foi citado o engenheiro Luciano Moreira, da Fiocruz, um dos responsáveis por implementar o Método Wolbachia de controle da dengue a nível nacional. Em resumo, a descoberta que está no centro dessa tecnologia é a de que mosquitos que carregam em si a bactéria Wolbachia não são infectados por arboviroses como dengue, chikungunya e zika – e assim deixam de ser vetores da doença.
A partir dessa constatação, o Brasil começou a erguer fábricas de mosquitos contaminados com a bactéria. Em diversas experiências, eles são soltos em determinadas comunidades e espalham a Wolbachia entre seus pares “naturais”, produzindo gerações de mosquitos incapazes de transmitir os vírus. Esse método tem mostrado enorme sucesso nos locais onde foi implementado – a primeira cidade foi Niterói (RJ).
Luciano “conseguiu não apenas realizar o trabalho acadêmico, com experimentos para demonstrar a eficácia do modelo, mas também convencer os decisores políticos a implementar a tecnologia”, contou Pedro Lagerblad de Oliveira, entomologista molecular da UFRJ à revista. Foi após a decisão do Ministério da Saúde de apostar nesse método para controle da dengue, e a partir da nova fábrica de mosquitos de Curitiba, que Luciano ajudou a implementar, que a estratégia ganhou contornos nacionais.
O pesquisador brasileiro, mais um que mostra que a ciência ganha força ao estar comprometida com a criação de políticas públicas, figura ao lado de outras nove personalidades de diversas partes do mundo. Nature destaca, entre elas, Precious Matsoso, uma líder sul-africana que teve papel importante na aprovação do Acordo das Pandemias na Organização Mundial da Saúde (OMS). A revista descreve como ela foi hábil em fazer conciliações que pareciam impossíveis, para garantir alguma equidade nas próximas crises sanitárias – ainda que o acordo tenha ficado muito aquém do necessário para garantir saúde para todos.
Outros destaques na área da saúde são Susan Monarez, microbiologista e imunologista estadunidense que foi demitida da direção do Centro para o Controle de Doenças (CDC) de seu país após um mês no cargo, por ter contrariado a linha negacionista do governo Donald Trump. Sarah Tabrizi, cientista britânica que fez uma descoberta importante para o tratamento da doença de Huntington, que causa degeneração progressiva de células nervosas do cérebro. E até KJ Muldoon, um bebê norte-americano que se tornou o primeiro paciente no mundo a receber uma terapia genética personalizada com a tecnologia CRISPR, para tratar uma doença genética rara.
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