Peça icônica da companhia de Zé Celso traz a tragédia de Dionísio em abordagem antropofágica. Quem sustenta Outras Palavras, paga um terço do ingresso

por Simone Paz Hernández | foto de Jennifer Glass

ô abre alas pro carnaval d dionísios em delírio báquico

pra fazer folia na terreyra eletrônica do teatro oficina

Bacantes, rito da origem do teatro, teve uma temporada de sucesso em 2016, quando fez 20 anos desde sua primeira encenação. Com sessões lotadas no SESC Pompéia e no próprio Teatro Oficina, ambos espaços arquitetados pela fabulosa Lina Bo Bardi, Bacantes veio para trazer a força do poder da presença humana, diante da presença do Poder.

Agora reestreia em temporada de verão em Sampã (São Paulo), no teatro que também foi projetado em função da peça e suas demandas, e oferece um desconto prazeroso para membros que sustentam Outras Palavras financeiramente: se inscrevendo até o sábado de cada semana no formulário abaixo, o ingresso sai por um terço do preço (de R$60 por R$20).

Camila Mota é Semele, mãe de Dionísio, nas Bacantes. Atriz e estrategista da companhia, em entrevista recente explica por quê a vontade e importância de reencenar esta obra de teatro grega, traduzida do original para o Teatro Oficina:

“Bacantes é uma peça muito desejada pela companhia. Algumas pessoas, desde o início de 2016, queriam fazer a peça pra comemorar os 20 anos da estreia no teatro e também porque a maior parte do time ainda não tinha feito esse espetáculo. Realmente é uma peça muito importante pra formação e fortalecimento do coro – pela dramaturgia e pela relação direta com o público que nossa montagem exige. Mas, a decisão de fazer tomou força justamente com a sucessão de Penteus emergindo no cenário político; com a perspectiva de austeridade; de um estado policialesco; do machistério… Então se tornou necessário fazer Bacantes como vudu – praticar ritos de estraçalhamento de Penteus. Transformar um espetáculo em rito é projetar perspectivas. Colocamos em cena uma perspectiva antropófaga de contracenar com o inimigo. Na montagem atual, não basta estraçalhar Penteu, o coro báquico deseja comer esse inimigo, reconhece sua força, se alimenta dela. Não é um desejo de aniquilação, de extermínio, é uma experiência metafísica.”

Serviço

Bacantes, de Eurípedes

Direção: Zé Celso

Onde: Teatro Oficina Uzyna Uzona – Rua Jaceguai, 520 – Bixiga (Bela Vista) – São Paulo, SP

Horários: sábados e domingos, às 18h | de 11/02 a 02/04

Ingressos: R$60 – inteira | R$30 – meia entrada (estudantes, artistas, professores e pessoas acima de 60 anos)

R$20,00 — membros de Outros Quinhentos (inscreva-se no formulário abaixo) e moradores do Bixiga (com comprovante de residência)

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