Equador enfrenta a ditadura dos bancos

O país se mantém na vanguarda democrática da América Latina: desta vez, com lei que aumenta tributação sobre os bancos e reduz poder do sistema financeiro

Por Ana Maria Passos, no Diário Liberdade/Carta Maior

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O país se mantém na vanguarda democrática da América Latina: desta vez, com lei que aumenta tributação sobre os bancos e reduz poder do sistema financeiro

Por Ana Maria Passos, no Diário Liberdade/Carta Maior

 

Foram 79 votos a favor, cinco contra e 11 abstenções. Com o resultado, o imposto de renda dos bancos vai subir de 13 para 23%, o mesmo percentual aplicado a outros setores da economia. As instituições financeiras, que antes eram isentas, também terão que pagar 12 % de Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Será cobrada ainda uma tarifa sobre ativos no exterior, que aumenta no caso da captação de recursos em paraísos fiscais.

A nova regra permite que o Banco Central imponha limites aos salários de banqueiros e executivos das instituições financeiras.

As empresas estão proibidas de repassar os novos encargos para os consumidores e serão fiscalizadas pela Superintendência de Bancos, que pode multar as instituições que desrespeitarem a regra.

Para o presidente da Comissão de Regime Econômico da Assembléia, Francisco Velasco, com a aprovação da lei “ganha a justiça do país, ganha a redistribuição da riqueza. Que ela não se concentre numa cúpula, que tenham todos a oportunidade de ganhar”.

O governo diz que o setor é um dos que mais se beneficiaram do crescimento da economia equatoriana nos últimos anos. Os bancos lucraram mais de seiscentos milhões de dólares em 2011, o que representa 36% de acréscimo em relação ao ano anterior.

O parlamentar da oposição Patrício Quevedo considera a medida uma interferência do governo no setor bancário que deixa aberta uma porta para a intervenção em outras áreas, gerando instabilidade na economia. “Com essa instabilidade não teremos investimento e sem investimento não teremos fontes produtivas, não teremos trabalho.”

A associação dos bancos privados alertou para os riscos de que a redução de crescimento do setor pode representar uma diminuição da oferta de crédito. Mas, ao receber a notícia da aprovação da lei, o presidente Rafael Correa disse que “eles verão que seguirão ganhando, um pouco menos, mas seguirão ganhando e graças às políticas que este governo impulsionou”.

Também ontem, quatro bancos foram multados em aproximadamente 8 mil dólares por terem enviado, nos últimos dias, cartas aos clientes manifestando preocupação com a medida. Segundo a Superintendência de Bancos, foram “mensagens confusas que podem gerar reações ou interpretações adversas com consequências irreparáveis, em detrimento do interesse público”.

O incremento do subsídio social foi um dos primeiros embates da campanha para as eleições presidenciais de fevereiro. A ideia foi lançada pelo principal adversário de Correa, o ex-banqueiro Guillermo Lasso, que propôs aumentar o bônus cortando gastos com publicidade oficial. Correa, que está na frente nas pesquisas de intenção de voto, reagiu dizendo que daria o aumento ainda neste mandato, mas diminuindo o lucro dos bancos. Outro candidato, o ex-presidente Lucio Gutierrez, prometeu subir o subsídio para 65 dólares se for eleito.

 

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Um comentario para "Equador enfrenta a ditadura dos bancos"

  1. O certo, seria: baixar os expredes e, os custos p/ os clientes.

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