Circo, teatro, poesia e… luta social

.

Como a arte estruturou reivindicações e sentimento de justiça, no distrito mais populoso de São Paulo, a quarenta quilômetros do centro

Por Leandro Cruz

É só pegar a linha Esmeralda do trem e ter paciência. Ou então, basta seguir sempre em direção ao Sul até esse distrito paulistano onde o céu ainda é azul, as pessoas andam de bicicleta, a comunidade se une para fazer poesia, teatro, dança, educação e também para cuidar do ambiente. Isso inclui artistas instalando lixeiras-esculturas (uma mais bonita que a outra) às margens da represa Billings, incentivando a coleta seletiva e cuidando da qualidade da água que boa parte dos habitantes da Região Metropolitana bebe.

Apesar de todos os problemas que o bairro enfrenta, desses comuns a toda periferia, o Grajaú — berço do rapper Criolo e tantos outros poetas — tem melhorado nas últimas décadas, sobretudo por um crescente sentimento de comunidade. O CAPS (Centro de Artes e Promoção Social) é sem dúvida um importante ator nesse processo.

Sarau de poesias promovido pelo Centro de Artes e Promoção Social em 1992

Essa aventura poético-social começou em meados dos anos 80, quando dona Maria Vilani, professora da rede estadual e escritora convidou para se reunirem em sua casa outras pessoas interessadas em realizar algo pela comunidade. Primeiro veio a creche para os filhos e filhas de quem tinha que trabalhar; e também as oficinas de artesanato para gerar renda para quem estava sem trabalho. Simultaneamente, começaram os encontros de poesia, o grupo circense e o de teatro. Talentos dos mais diversos eram despertados no Grajaú.

Nos anos 90. o CAPS se institucionaliza, adota edital e registro. Mas isso não muda o abandono e falta de apoio do poder público. Com trabalho voluntário e muito amor, os projetos por vezes sofriam pausas forçadas por falta de recurso e estrutura, mas os fazedores de arte do Grajaú jamais desistiram ou encerraram por completo suas atividades. Hoje o Centro de Artes tem biblioteca, produtora de áudio e vídeo, núcleos de pesquisa, projetos de inclusão digital e muitas outras frentes de atuação. O Centro também promove o diálogo e o pensar conjunto, com atividades como o Café Filosófico.

Quem deseja saber mais sobre o Centro de Artes do Grajaú pode acessar o endereço eletrônico www.caps.art.br ou aparecer pessoalmente na Casa de Cultura Palhaço Carequinha, Na Oscar Barreto Filho 350 onde acontecem a maior parte das atividades do coletivo.

* Leandro Cruz é poeta, jornalista, historiador, colunista do Jornal do Povo (RS) e editor do blog Viagem no Tempo www.viagemnotempo.com.br

Leia Também:

Um comentario para "Circo, teatro, poesia e… luta social"

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *