Correntina Insurgente: uma guerra da água no Brasil

Cidade, no extremo oeste baiano, tem pouco mais de 30 mil habitantes. Mais de 10 mil deles saíram às ruas contra a privatização das águas do Rio Arrojado. Mas a história, omitida pela mídia, vai muito além

Vídeo e texto por André Monteiro, no EcoDebate

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Cidade, no extremo oeste baiano, tem pouco mais de 30 mil habitantes. Mais de 10 mil deles saíram às ruas contra a privatização das águas do Rio Arrojado. Mas a história, omitida pela mídia, vai muito além

Vídeo e texto por André Monteiro, no EcoDebate

Insurgência é um filme que proporciona um mergulho de cinco minutos na manifestação do dia 11 de novembro de 2017 em Correntina (BA) contra a omissão do poder público diante da exploração de água pelo agronegócio no oeste baiano.

Em meio às palavras de ordem e cartazes em defesa do Rio Arrojado, do São Francisco e sua bacia e das águas todas, uma grito transborda: “não somos terroristas”. Uma reação à forma como a grande mídia repercutiu o ato da semana anterior que destruiu equipamentos de captação de água e irrigação de duas fazendas na região. Para os manifestantes, não há mais tempo para esperar o Estado agir.

Desde a década de 1970 violações e crimes do agronegócio têm sido denunciados. Em 2000, populares desativaram um canal que pretendia desviar as águas do mesmo rio Arrojado. Manifestações religiosas, como o canto fúnebre das Alimentadeiras de Alma, passaram a ser realizadas para denunciar a morte de nascentes. E romarias com milhares de pessoas vêm sendo feitas em protesto contra a destruição dos Cerrados. Em 2015, um grande ato com seis mil pessoas tentou impedir a outorga de água para as dua fazendas que foram alvo dos protestos recentes. Mas a população foi totalmente ignorada pelo órgão ambiental da Bahia, que autorizou a exploração de 183 mil metros cúbicos/dia.

Este volume de água retirada equivale a mais de 106 milhões de litros diários, suficientes para abastecer por dia mais de 6,6 mil cisternas domésticas de 16.000 litros na região do Semiárido. Agrava-se a situação ao se considerar a crise hídrica do rio São Francisco, quando neste momento a barragem de Sobradinho, considerada o “coração artificial” do Rio, encontra-se com o volume útil de 2,84 %. A água consumida pela população de Correntina aproximadamente 3 milhões de litros por dia, equivale a apenas 2,8% da vazão retirada pela referida fazenda do Rio Arrojado.

Não há ciência no mundo que possa estimar um valor monetário para o Rio Arrojado, e isso o povo de Correntina parece compreender bem e não ficará para história como população conformada ou cúmplice de crimes e violações dessa gravidade.

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5 comentários para "Correntina Insurgente: uma guerra da água no Brasil"

  1. Marcus Mota disse:

    Clemente vive num mundo fantasioso. Um verdadeiro ignorante;

  2. Renata de Faria Rocha Furigo disse:

    Você poderia tentar se colocar no lugar deles, e pensar o que faria sem água, vendo fazendeiros levarem embora aquilo que é direito seu. Mais empatia e menos ódio. Isso a sua igreja ensina.

  3. Dalva disse:

    Deveriam ter feito a mais tempo. Terrorismo é o que fazem com o povo , destinando a água para o agronegócio, aumentando a riqueza dos grandes proprietários de terra , deixando a população sem água e sem vida.

  4. Aluzair Jr disse:

    Povo que dá exemplo de respeito ao meio ambiente e de força de vontade e atitude, ao partir para o enfrentamento… Coisas que o Estado de direito deveria fazer e não faz… PARABÉNS AO POVO DE CORRENTINA, Brasileiros de fato e de atos!!!

  5. Manifestar sem quebrar o que é dos outros tudo bem mais terrorismo igual fizeram não tem perdão e se a religião católica a qual pertenço com muita fé não deviam apoiar essa bandidagem se alguém aparece nas propriedades de vcs gostariam

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