Wikileaks: EUA armaram terror do "Estado Islâmico"

Documentos revelam: Washington rejeitou proposta síria para combater grupo ultra-fundamentalista. Pretendia usá-lo em seu favor, no Oriente Médio…

Por Charles Nisz, no Opera Mundi

 

Um terrorista do ISIS prepara-se para decapitar o jornalista norte-americano Jim Foley, em vídeo divulgado hoje. Casa Branca incentivou, por anos, grupo que agora ataca cidadãos norte-americanos

Um terrorista do ISIS prepara-se para decapitar o jornalista norte-americano Jim Foley, em vídeo divulgado hoje. Casa Branca incentivou, por anos, grupo que agora ataca cidadãos norte-americanos

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Documentos vazados revelam: Washington rejeitou proposta síria para combater grupo ultra-fundamentalista. Pretendia usá-lo em favor de seus interesses no Oriente Médio…

Por Charles Nisz, no Opera Mundi

Os Estados Unidos se recusaram a ajudar o governo da Síria a combater grupos radicais islâmicos como a Al-Qaeda e o ISIS (Exército Islâmico do Iraque e da Síria, que recentemente mudou de nome para Estado Islâmico). Além disso, segundo revelações feitas pelo site Wikileaks, o governo norte-americano armou grupos como o ISIS. Os quase 3 mil documentos sobre essa questão foram vazados pelo site dirigido por Julian Assange em 8 de agosto.

Em 18 de fevereiro de 2010, o chefe da inteligência síria, general Ali Mamlouk, apareceu de surpresa em uma reunião entre diplomatas norte-americanos e Faisal a-Miqad, vice-ministro das relações exteriores da Síria. A visita de Mamlouk foi uma decisão pessoal de Bashar al-Assad, presidente sírio, em mostrar empenho no combate ao terrorismo e aos grupos radicais islâmicos no Oriente Médio, assinala o documento.

Neste encontro com Daniel Benjamin, coordenador das ações de contra-terrorismo dos EUA, “o general Mamlouk enfatizou a ligação entre a melhoria das relações EUA-Síria e a cooperação nas áreas de inteligência e segurança”, afirmam os diplomatas norte-americanos em telegrama destinado à CIA, ao Departamento de Estado e às embaixadas dos EUA em Líbano, Jordânia, Arábia Saudita e Inglaterra.

Para Miqad e Mamlouk, essa estratégia passava por três pontos: com o apoio dos EUA, a Síria deveria ter maior papel na região, a política seria um aspecto fundamental para ações de cooperação contra o terrorismo e a população síria deveria ser convencida dessa estratégia com a suspensão dos embargos econômicos contra o país. Para Imad Mustapha, embaixador sírio em Washington, “os EUA deveriam retirar a Síria da lista negra”. Desde o tempo de George W. Bush, o país fazia, para os EUA, parte do “eixo do mal”, junto com Coreia do Norte e Afeganistão.

Apesar da discordância entre EUA e Síria quanto ao apoio de Assad a grupos como Hezbollah e Hamas, os dois países concordavam quanto à necessidade de interromper o fluxo de guerrilheiros estrangeiros para o Iraque e impedir a proliferação de grupos radicais, como a Al-Qaeda, o ISIS e o Junjalat, uma facção palestina com a mesma orientação política. Para Benjamin, as armas chegavam ao Iraque e ao Líbano contrabandeadas pelo território sírio.

Mamlouk reforçou a “experiência síria em combater grupos terorristas”. “Nós não ficamos na teoria, tomamos atitudes práticas”, foram as palavras do chefe de inteligência de Assad. Segundo o general, o governo sírio não mata ou ataca imediatamente esses grupos. “Primeiro, nós nos infiltramos nessas organizações e entendemos o funcionamento delas”. De acordo com Damasco, “essa complexa estratégia impediu centenas de terroristas de entrarem no Iraque”.

Guerra do Iraque e surgimento do Estado Islâmico

No entanto, apesar de afirmarem cooperar com a Síria para combater o terrorismo, os EUA também trabalharam para armar os opositores sírios e isso causaria um problema maior na região: a criação do atual Estado Islâmico. Segundo documentos obtidos pelo jornal britânico Guardian, grande parte do armamento utilizado pelo ISIS (antigo nome do Estado Islâmico) veio de grupos armados pelos EUA e cooptados por Abu Bakr al-Baghdadi, líder do Califado Islâmico, que hoje controla territórios na Síria e no Iraque.

Saddam al-Jammal, líder do Exército de Libertação da Síria, outro grupo anti-Assad, também jurou lealdade ao Estado Islâmico desde novembro de 2013. Para garantir tal apoio, o ISIS mudou a sua estratégia de controle: dava autonomia a essas autoridades locais em vez de controlar diretamente a governança das cidades. Como resultado, o ISIS se expandiu e conseguiu lutar em cinco frentes: contra o governo e os opositores sírios, contra o governo iraquiano, contra o Exército libanês e milícias curdas.

O armamento começou a ser enviado para os opositores sírios em setembro de 2013. Na época, analistas davam o ISIS como terminado e a alegação para fortalecer esses grupos era a de que o governo Assad havia usado armas químicas. Para enviar as armas, o governo Obama usou bases clandestinas na Jordânia e na Turquia. Aliados dos EUA na região, como Arábia Saudita e Catar, também forneceram ajuda financeira e militar.

Ironicamente, os EUA sabem inclusive a real identidade do líder do Califado. Durante um ataque à cidade iraquiana de Falluja em 2004, os norte-americanos prenderam alguns dos militantes pelos quais procuravam. Entre eles, estava um homem de trinta e poucos anos e pouco importante na organização: Ibrahim Awad Ibrahim al-Badry. 10 anos depois, ele se tornaria líder da mais radical insurgência islâmica contra o Ocidente, segundo informações de um oficial do Pentágono.

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10 comentários para "Wikileaks: EUA armaram terror do "Estado Islâmico""

  1. pedro disse:

    jacob rothschild nome do dono do mundo e de quem controla tudo, inclusive esse lixo do USA
    esses judeus sujos são culpados de tudo mais uma vez

  2. Verdade disse:

    A grande anta aqui é você. O Império Anglo Saxão vêm manipulando a imprensa mundial da qual eles detém o controle há décadas. Eles armam o “inimigo” para depois aniquilá lo e quem sofre com isso é a populção civil desses países. É a política do problema e a solução. Foi assim com todos os grandes ditadores desde Sadan Hussein até o General Noriega. Você deveria pensar além e parar de acreditar em tudo que vê. Anta Mor.

  3. Anonimo disse:

    “Os EUA criam essa citações pra expandir suas ações na região e continuar com o orçamento militar no trilhão. Sua anta.”
    Ninguém disse que os EUA são santos… Mas é muito comum ver jornais comunistas só criticando os EUA, como “a raíz de todo o mal”, como podemos ver neste artigo. Uma atitude muito madura, culpar os outros países pelos seus problemas de casa. Os EUA já estão bastante abalados financeiramente e militarmente pela guerra no Iraque para ficar brincando do que você chama de “colonizar”. Antes de mandar um ad-hominem, não se esqueça de checar a concordância do seu texto, o argumento pode virar contra você e você pode acabar parecendo uma anta de fato.
    O problema é que para sites como esse, a causa do conflito na Síria/Iraque/Gaza não é a Sharia que manda matar todo infiel, enforcar o gay, bater na mulher, etc, o problema é os EUA, os árabes são apenas pobres coitados. O pior não é nem culpar os EUA e sim tomar partido do radicalismo islâmico, só porque ele é Anti-EUA. EUA é sim um dos países mais livres do mundo. Lá a mulher não precisa usar um hijab/burka, o gay não é enforcado e o estupro é crime. O fato de ter uma grande população carcerária como um amigo mencionou significa que a justiça funciona, diferente do Brasil onde o “companheiro” mata e fica solto, pois era apenas um coitado da sociedade. Mas eu desperdiço o meu tempo aqui. Os vermelhos ferrenhos ainda sonham com a época de Lênin e Stalin onde se podiam matar aos milhões em prol do “bem da população”. E só para ser Anti-EUA/Israel são capazes de ficar do lado dos terroristas islâmicos. Será que a inveja chega até tal ponto? Me questiono de onde vem tanto ódio.

  4. Carlos disse:

    É “verdade” Anônimo e Rafael, os Estados Unidos são sempre “inocentes e bem intencionados”. Já que vocês estão tão próximos da realidade, mandem um abraço para o papai noel, saci perere, matinta pereira, bicho papão, e por ai vai….

  5. Namurti disse:

    Como que algumas pessoas se doem quando se mexe na ferida…Parabéns pelo artigo!

  6. vikingxblog disse:

    Os EUA tem uma LONGA história de armar grupos terroristas e ditadores sanguinários no intuito de manter os seus interesses econômicos em todo o mundo e se apossar do máximo dos recursos da terra em especial o petróleo. Entre os seus protegidos ao longo dos anos Pinochet além das diversas ditadura militares do Brasil e da Cone Sul, Noruega, Saddam Hussein, o Shah do atual Irá, Bin Laden … sempre apoiarem os grupos rebeldes nas áreas que não conseguiram dominar o próprio governo e derrubarem muitos governos eleitos no mundo deixando lugar para as ditaduras que favorecem o capitalismo selvagem e claro os interesses americanos. Chega a ser patético se não fosse trágico que ainda conseguem se vender como os “defensores do mundo livre” enquanto tem mais gente preso do que qualquer país do mundo e ainda convencem a metade do mundo inclusive os dois comentaristas acima. Mas uma boa parte disso é devido a guerra declarada contra os jornalistas investigativos e “whistleblowers” que buscam a verdade sobre o que esta acontecendo … não é a toa que as forças israelenses em Gaza com total apoio americano já matarem 13 jornalistas, que as forças americanas no Iraque bombardearem a equipe claramente identificada do Al Jazeera, um dos poucos que não aceitou fica só reproduzindo o relato da porta-voz do exercito americano, que o Bradley (Chelsea) Manning esta padecendo em cadeia militar, o Snowden exilado e o reporter do New York Times James Rise ameaçado de prisão por recusar de divulgar as fontes de uma reportagem de 2006!

  7. Rafael disse:

    Exatamente. Faço minhas as palavras do anônimo. Mesmo que for tudo verdade – o que não é muito provável, pra um artigo tão tendencioso, o fato é que isso não muda nada. Se são “cria americana”, os EUA só estão limpando a própria sujeira. Erraram, sim, em armar os radicais antes. Não agora, caso decidam invadir pra acabar com esses desgraçados.

  8. Anonimesmo disse:

    Os EUA criam essa citações pra expandir suas ações na região e continuar com o orçamento militar no trilhão. Sua anta.

  9. Anonimo disse:

    E qual é o ponto deste artigo? O governo sírio do Bashar é muito melhor? Aquele que matou mais de 200 mil pessoas? EUA talvez quis tentar derrubar o Bashar e errou. O que a ONU fez quando 200 mil sírios estavam perecendo? Porcaria nenhuma. EUA talvez quis estabilizar a situação, só que não conseguiu perceber que a oposição é pior ou igual ao governo atual. Quando será que o mundo vai entender que é tudo a mesma coisa? Rebeldes Sírios, pró-Assad, ISIS, Irã, Iraque, Hezbollah nenhum presta. O melhor é deixar eles se matarem mesmo. EUA não tem culpa nenhuma de os caras serem uns selvagens. Mas como o site é anti-americano, tinha que ter alguma forma de condenar os EUA e proteger um pouco os jihadistas.

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