Apartheid no Facebook: "pague, ou desapareça"

Plataforma reduz drasticamente difusão não-paga de conteúdos, instituindo discriminação financeira e afetando movimentos e jornalismo independente

Por Renan Dissenha Fagundes, no YouPix

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Em silêncio, proprietários da plataforma reduzem drasticamente difusão não-paga de conteúdos, instituindo discriminação financeira e afetando movimentos e jornalismo independente

Por Renan Dissenha Fagundes, no YouPix

Dezembro de 2013 será lembrado no futuro como o Começo do Fim do Almoço Grátis no Facebook. Foi no último mês do ano passado que a rede social fez a atualização mais recente no algoritmo que decide o que você vê no newsfeed. Pouco antes, em outubro e novembro, era tudo bonança. De lá pra cá, o alcance orgânico de páginas está despencando, muito. E, se não está indo para zero, caminha para algo bem próximo.

Uma fonte disse ao site ValleyWag nesta quarta-feira (19) que o Facebook está em processo de cortar o alcance orgânico — o que uma página atinge sem pagar — para algo em torno de 1% ou 2% (!!!). O que quer dizer: alguém que tem 100 mil likes, vai se comunicar ~organicamente~ apenas com algo em torno de mil e 2 mil fãs. O número aumenta, claro, quanto maior o engajamento, mas isso também já não é na mesma proporção de antes.

Por enquanto quem tem mais sentido a mudanças são os publicitários. No começo do mês, a Social@Ogilvy publicou um estudo feito com 100 páginas de marcas mostrando a devastação dos alcances — a média está em 6%, mas quem tem mais de 500 mil likes já está na casa dos 2%, como talvez seja previsto para todos pela rede social. Segundo o mesmo post, “fontes do Facebook estão aconselhando não-oficialmente gerentes de comunidades a esperarem que [o alcance orgânico] chegue perto de zero”.

O que preocupa é como as mudanças vão afetar outros tipos de páginas — sejam pequenos negócios, blogs, associações de moradores, ou veículos jornalísticos. Porque a solução para isso tudo, claro, é pagar. E marcas podem até ter dinheiro para isso [grandes empresas de mídia também] mas a maior parte das pessoas, não. A situação é notoriamente preocupante na mídia porque a audiência de muitos sites hoje depende da rede social.Em breve, você pode nem estar lendo este post simplesmente porque ele não apareceu no seu feed de notícias — por uma decisão arbitrária e talvez até aleatória do Facebook, mesmo que você tenha curtido a página do youPIX e o tema te interesse. A rede social vem dizendo que vai dar mais validade para conteúdo de relevância, mas não é claro como vai decidir isso e escolher parceiros [o Buzzfeed americano é um há tempos já].

Simplesmente não é saudável para a internet todo mundo ser tão dependente assim de um único site que, no fim, é também um negócio e precisa dar um jeito de ganhar dinheiro.

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17 comentários para "Apartheid no Facebook: "pague, ou desapareça""

  1. Achei a matéria muito legal. Fiquei um tempo parado com meu blog e voltei a escrever lá depois de um ano. Fiquei surpreso, tenho 4000 seguidores porém quando posto algo, menos de 50 pessoas veem a postagem (em media).
    Resolvi pagar 5 reais para testar e o número de visualizações no post aumentou para 13mil

  2. Anne Lima disse:

    Minha pág de Primeiros Socorros é apenas uma contribuição para o mundo.Tô me lixando para a somatória.Agora eu mesmo faço.Embora com 66 anos ainda sei fazer conta muito bem.

  3. Wander disse:

    Essa matéria viajou na batatinha total …. facebook não é público, cobra se quiser, paga quem tem dinheiro….. Apartheid ? Por favor… fume menos maconha antes de postar asneiras

  4. Márcio Ramos disse:

    … o facebook é legal pra caramba mano eu aprendo um monte de coisa lá, e fico sabendo de tudo, ja to me sentindo mais inteligente, eu que nao gostava de ler muito agora leio mais devido ao facebook, leio de tudo no face, fico sabendo de todas as manifestações e contribuo com uma curtida da hora e assim vamos mudar o mundo mano, e o face te deixa longe das drogas, e das mas companhias na verdade nem precisa de companhia ja tenho um monte de amigo no face, dahora dahora….

  5. Zém disse:

    Não com o que se preocupar porque propaganda nenhuma do mundo pagará o custo de qualquer rede de relacionamento.
    O Vulcão da Espionagem Mundial.
    A WWW vulgo World Wide Web, que em tradução oficialmente inofensiva para o português é Rede Mundial de Computadores, mas que literalmente é Grande Teia Mundial. Tão fatal aos terráqueos como teias de aranhas o são para alguns insetos.
    Para quem todos pseudos independentes sistemas de informática estão submetidos com nomenclaturas que lhes, e nos, dão ilusão de segurança e privacidade com ferramentas inibidoras de ataques cibernéticos e criptografias. Exemplificando entre outros as redes bancárias, os cartões de créditos, as agências de espionagem e os sites de relacionamento. Disponibilizando-nos e a si, senhas que supostamente protegem seus proprietários, mas que na verdade só nos protegem daqueles como nós, simples usuários sem acesso aos binários códigos dos computadores. Como também proporcionando incontáveis oportunidades de indução a erros e destruir populações carentes de conhecimento como de diferentes culturas, por criminosos travestidos até de autoridades. Até tu Internet simpaticamente inofensiva! De todas as WWW subalternas a WWW mãe. Cujas reuniões de seus diretores tem ares acima das da ONU, tamanha a sua importância para o planeta.
    Iludidos aqueles que creem deter privacidade de qualquer tipo de informação em seus sites, e-mails e dados privados, incluindo donos das grandes redes de relacionamento deficitárias financeiramente em sua maioria ou totalidade, mas valendo fortunas ilogicamente e sempre temporariamente, para por fim; dar prejuízos à maioria dos milhões de seus acionistas. Por questões óbvias. Porque sua história leva-nos a crer que não passam de um incrível engodo coletivo, totalmente inconsciente e que o bom do momento, em questões de horas, torna-se cansativo e obsoleto.
    Manipulado por dúzia de conspiradores que levam todos ao equívoco de que a WEB é segura. Mas na realidade sua existência é que não passa de alimentadora do gigantesco sistema financeiro e principalmente da espionagem.
    Pois tudo que passa pelo Éter ou hipoteticamente fluído cósmico (transmissões via radares, rádios e satélites entre outros), como transmissões de imagens, dados e vozes via celular. São arquivados há mais de trinta anos em três lugares secretos espalhados pelo mundo. Um deles obviamente é nos EUA e os outros já foram largamente divulgados na Net. De acordo com o acima não se faz necessário detalhar a espionagem da telefonia fixa.
    Facilitando a espionagem por hipercomputadores usando programas que decodificam qualquer código criptografado e analisam trilhões de conteúdos de fotos ou conversas por imagens e palavras chaves, em milésimos de segundos. Buscando comprometimentos e escândalos por palavras como; ataque terrorista, homem bomba, corrupção, acesso a sites adultos, conversas íntimas, homossexualismos e relacionamentos extraconjugais de pessoas em posições chaves da política ou grandes multinacionais das indústrias metalúrgicas, petrolíferas, midiáticas, mercado financeiro e etc.
    Algumas das provas deste tipo de ações foram as recentes espionagens divulgadas de entre outros membros da política: A presidente do Brasil Dilma Rousseff e a Primeira Ministra da Alemanha Ângela Merkel, via conversas telefônicas há pouco tempo.
    Internet (ou seja, do HTTP e HTML) fundada há 25 anos por um londrino formado em física na universidade Oxford depois trabalhando no CERN, Sir. Timothy John Berners Lee ou Tim Berners – Lee. Que hoje quer criar uma inviável Carta Magna Internacional para o seu uso. Ao mesmo tempo em que os EUA lançam uma teórica ideia de cobrar por aquilo que muitos países como a si pagam a peso de ouro, a informação confidencial comprometedora. Como também o seu presidente divulga que esta nação irá mudar o modo de operação para estes casos. O que é impossível, abrir mão da vantagem que lhe dá um processo que avança cada vez mais rápido. Resta-nos o consolo que este monstro máquina prende em sua teia primeiramente quem o usa contra os internautas ingênuos.
    ZéM.

  6. Por mim pode tomar o mesmo rumo do Orkut. Conheço muitos que mal usam, eu mesmo entro pouco e só usava mesmo porque sou da área editorial e divulgava notícias. Ultimamente caiu mesmo, se preciso deleto a página. O Facebook cobra muito caro, está fora da realidade. Que engula a si mesmo por sua ganância.

  7. Paulo Mathias disse:

    Exatamento. O Face é uma empresa e tem todo direito de dispor da ferramenta de forma como bem entender. Assim não ficam pedindo dinheiro pra ninguém.

  8. bibi disse:

    Basta mudarmos de rede social e deixá-los a ver navios… simples assim.

  9. Peçanha disse:

    O único argumento que eu achei realmente interessante nesse texto é o de como ficam as páginas menores, de comunidades, associações, etc! E mesmo assim ele é muito falho…
    Mesmo o alcance do FB tendo caído drasticamente (de 16%, em média, para 3%), pense nos benefícios que ele trouxe, até mesmo para quem não tem dinheiro. P. ex., se você tem 10k fãs e quer alcançar todos, o custo é de, em média, R$30,00.
    Agora imagine o que uma associação de moradores (exemplo dado por ele) faria antes do FB com R$30,00? Nada! Nem imprimir 1000 panfletinhos. No FB eles conseguem alcançar 10.000 pessoas, isso é maravilhoso!
    A questão é que nossa percepção de perda é muito mais marcante do que a percepção de ganho, por isso as pessoas se revoltam (sério, “Apartheid no Facebook”??? Me poupe!) sem levar em conta o ganho real, quando algo lhes é tomado.
    No final, o FB é um negócio, claro, mas sua existência (ainda) é muito positiva, para todos que querem passar alguma mensagem.
    E nem vou entrar no argumento de que se sua mensagem é realmente engajante, a dependência de grana é muito menor.

  10. O Facebook, na verdade, já tem uma enorme fonte de renda (além dos pagamentos pra impulsionar publicações): os anúncios exibidos em todas as suas páginas.
    Por outro lado, talvez seja hora de pensar se o Facebook é uma ferramenta tão útil assim, do jeito que foi construído e funciona, e pensando no rumo que parece estar tomando…

  11. Outra coisa que tem acontecido bastante também é o crescimento orgânico de curtidas nas páginas, através da recomendação do facebook.
    Ou seja, eles ajudam a aumentar sua base, mas cortam seu alcance. No final das contas a base cresce baseada nos “anúncios orgânicos” das páginas sugeridas, mas a relevância geral da página cai…
    Triste..

  12. Excelente artigo. Tenho sentido isto na pele, nos últimos meses. Contudo, apesar da fan page do meu blog ser pequena – e o alcance também – o engajamento é muito bom, o que ameniza a situação.

  13. A matéria é instrutiva e interessantíssima, mas o título me parece meio estranho. Quão acurado é usar o termo “apartheid” para falar sobre isso? Até onde sei (e posso estar errado, porque sei pouco sobre isso) apartheid é sobre discriminação racial, não é?
    “O apartheid […] foi um regime de segregação racial” (Wikipédia)
    “[…] state-sanctioned system based on racial discrimination […].” (Apartheid museum)
    O título me aparece assim como uma espécie de pequeno esvaziamento e banalização da palavra (o que é politicamente triste) ou como sensacionalismo pra chamar atenção, o que é… Compreensível, mas triste também. Gostaria de entender porque a palavra foi usada então, se não incorreu em um desses gestos.

  14. Aldo disse:

    Facebook é uma empresa privada.

  15. Dinio disse:

    Alguém esperava algo diferente do Face e seu co-fundador??
    Porém, isto tem um lado positivo, para o internauta – como no meu caso – que não é “faceboockdependente” ! A informação e a comunicação está na Internet. Ninguém precisa passar pelo Face para se informar e se comunicar. Milhões o fazem por pura preguiça, vício ou febre. Eu tentei e me esforcei em duas tentativas ter uma página no face, mas não aguentei a baboseira que rola, sem contar a baixaria. Tem coisas boas, mas como é espelho das relações humanas, tem muito lixo e “material tóxico”, contendo risco de contaminação.
    Como disse, para se informar e comunicar, temos sites e blogs excelentes -como este aqui- onde se tem uma discussão de nível progressista, mesmo que muitas vezes divergentes, o que é salutar ao aprendizado.
    Longa vida ao “OUTRAS PALAVRAS”, rica fonte de informação !!!

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