Mercedes Sosa, que faria 80 anos

Inspirada no folclore argentino, cantora for parceira de Chico, Caetano, Milton e Gal. Comunista, soube admirar Perón. Exilada por militares, regressou em shows desastrosos para ditadura

Por Fania Rodrigues, no Brasil de Fato

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Inspirada no folclore argentino, cantora for parceira de Chico, Caetano, Milton e Gal. Comunista, soube admirar Perón. Exilada por militares golpistas, regressou em shows desastrosos para ditadura que a perseguiu

Por Fania Rodrigues, no Brasil de Fato

Uma das mais importantes vozes da América Latina de todos os tempos, a cantora argentina Mercedes Sosa completaria 80 anos, em 2015, caso estivesse viva. Ela faleceu no dia 4 de outubro de 2009, depois de ter sido internada por problemas nos rins e uma complicação cardiorrespiratória. Ela padecia de mal de Chagas, uma doença ligada à pobreza rural dos primeiros anos de sua vida.

Inspirada no folclore argentino, sua música foi além do estilo enquadrado pela indústria fonográfica. Mercedes Sosa fazia canções para todos os gostos e gêneros musicais. Inspirou várias gerações de músicos ao redor do mundo.

O cantor Rene Perez, vocalista da banda Residente Calle 13, de Porto Rico, afirma que a música “Latinoamerica”, o maior sucesso da banda, foi inspirada em Mercedes Sosa. Calle 13, hoje, é o grupo mais exitoso da música latina, reconhecido mundialmente.

Brasil

No Brasil, a cantora argentina fez parceria com grandes nomes da MPB, como Milton Nascimento, Chico Buarque, Caetano Veloso e Gal Costa. Considerada um dos grandes momentos da música latina, a gravação do disco Corazón Americano (1985), de Mercedes Sosa, teve a participação de Milton Nascimento, que cantou Coração de Estudante, em português e em espanhol. Em 1976, em pleno regime militar, já havia gravado com Milton Nascimento uma versão de uma das músicas consagradas em sua voz: “Voltar aos dezessete”.

A parceria entre os dois deu início a uma grande amizade. Em recente entrevista à revista Caros Amigos, Milton Nascimento conta como recebeu a notícia da morte da cantora. “Essa foi uma coisa que muito me entristeceu. As coisas que a gente fez davam para escrever um livro. Conheci muita gente, muitos compositores, através de Mercedes Sosa. Foi com ela que o Brasil, pela primeira vez, abriu as portas para a música da América Latina”, destaca Milton Nascimento.Entre seus maiores sucessos está a “Canción con todos”, praticamente um hino à integração cultural latino-americana.

Reconhecimento

Em 50 anos de carreira, Mercedes Sosa gravou mais de 100 discos, entre os trabalhos solos e coletivos. Entre as inúmeras honrarias destacam-se quatro Prêmios Grammy Latinos, considerado o mais importante reconhecimento do mundo da música.

Fundadora do Movimento do Novo Cancioneiro, esse ícone da música argentina ajudou a popularizar um estilo que ficou conhecido como a “nova canção latino-americana”, que influenciou diferentes gêneros como o rock, o pop e o tango.

Militância

Mercedes Sosa sempre apoiou as causas da política de esquerda ao longo da sua vida. Foi militante do Partido Comunista, nos anos 70, e grande simpatizante do líder argentino Juan Domingo Perón. Depois do golpe militar, em 1976, seus discos foram proibidos e ela foi incluída na lista de pessoas marcadas para morrer. Apesar da perseguição, Mercedes Sosa permaneceu na Argentina o quanto pôde.

Foi para o exílio em 1979, primeiro em Paris e depois em Madri. Voltou a Buenos Aires três anos depois, em grande estilo. Realizou vários shows no Teatro Ópera de Buenos Aires, que se tornaram um verdadeiro ato cultural contra a ditadura, mas também mexeu com as estruturas da música popular argentina. Mercedes provocou a renovação dos estilos musicais da Argentina, principalmente no folclore, no tango e no rock nacional.

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