Dia Mundial da Saúde Mental pede conscientização e política pública

• A necessária conscientização para a Saúde Mental • A luta contra a contrarreforma psiquiátrica • Custos em saúde empobrecem brasileiros • Dia Nacional de Prevenção à Obesidade • Ebola em Uganda •

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Nesta segunda, 10/10, foi celebrado o Dia Mundial da Saúde Mental e organizações e trabalhadores do setor pediram maior empenho dos governos na promoção deste aspecto essencial do direito à saúde. O contexto é o mais adequado possível, uma vez que diversas pesquisas já aferiram aumento do estresse, da ansiedade e até suicídios em um mundo profundamente afetado pela pandemia do novo coronavírus. Em diálogo com o momento, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) lançou, na sexta, 7/10, a campanha #FaçaSuaParte para apoiar a saúde mental, com intuito de combater estigmatizações tradicionais a pessoas que carregam algum tipo de problema do tipo e muitas vezes o guardam para si. “Quando o estigma diminui ou desaparece, buscar e receber apoio se torna mais viável”, disse o médico Renato Oliveira e Souza, chefe da divisão de saúde mental da OPAS. A organização também se posiciona de forma clara a respeito da necessidade de evolução nas políticas públicas dirigidas ao setor, muitas vezes relegadas ao segundo plano e carentes da quantidade adequada de profissionais.

Congresso Brasileiro de Saúde Mental reafirma princípios e lutas

Realizado em julho, o 8º Congresso Brasileiro de Saúde Mental reuniu cerca de 3.000 profissionais do setor e um total de 740 trabalhos, 60 rodas de conversas e 23 minicursos. Inspirado na Semana de Arte Moderna, realizada em 1922 e forte referência da formação de uma identidade brasileira, o evento contou com importantes posicionamentos contra o que se considera “contrarreforma psiquiátrica”, uma das facetas menos visíveis da onda conservadora e neofascista que consome os brasileiros – inclusive na dimensão de sua saúde mental, o que já vem sendo documentado em pesquisas. “Não é hora de hesitar. Esse congresso é um processo de mobilização e de enunciação coletiva em defesa da universalidade dos direitos. Nós queremos construir um novo Brasil com o SUS, o maior sistema de promoção dos Direitos Humanos no país”, falou o sociólogo Léo Pinho, presidente da Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme), organizadora do evento.

Desmonte neoliberal e onda conservadora atacam saúde mental

Reportagem da revista Radis traz detalhamento do evento e entrevistas com especialistas da área, que terá grandes desafios no futuro próximo, marcado por desfinanciamento e sabotagem do SUS por parte do bolsonarismo e seus parceiros neoliberais. Além disso, vale destacar que desde o início o governo Bolsonaro promove o desmonte de estratégias consagradas ao longo de décadas de promoção da saúde psíquica, uma luta que remonta ao início do século 20, quando as comunidades terapêuticas e seus métodos de tratamento produziram aquilo que o livro da jornalista Daniela Arbex cunhou como “Holocausto Brasileiro”. As chamadas “comunidades terapêuticas”, espaços privados que trocam métodos aceitos pela comunidade científica por autoajuda religiosa, com notória corrupção no uso de recursos públicos, foram amplamente favorecidas pelo governo de Bolsonaro e recuperaram o espaço que vinham perdendo no setor. Trata-se de mais um campo de batalha pela garantia da democracia, como afirmou José Gomes Temporão, ex-ministro da Saúde, ao longo do Congresso.

Custos em saúde empurram cada vez mais brasileiros à pobreza

Estudo do Banco Mundial estima que 10 milhões de brasileiros entrem na chamada linha da pobreza a cada ano por falta de acesso a remédios no SUS. Se antes cerca de 7% não conseguiam determinado remédio na rede pública, agora a taxa de brasileiros que não consegue um fármaco necessário passou de 44%, como demonstra matéria da BBC Brasil. O estudo mostra de forma clara os resultados práticos do desmonte de programas como o Farmácia Popular, iniciado no governo Temer e radicalizado no governo Bolsonaro. E como já publicamos, o Orçamento 2023 prevê queda de 60% do orçamento do programa, o que gerará aumento de doenças evitáveis na população, com consequentes gastos desnecessários na cobertura em Saúde pelo Estado. Outros complicadores, como também mostrou o Outra Saúde, são a defasada regulação do Estado brasileiro do preço dos fármacos e o abandono da indústria farmacêutica nacional.

Dia Nacional da Prevenção à Obesidade

Em 11 de outubro celebra-se o Dia Nacional de Prevenção da Obesidade, que segue a crescer no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 6 milhões de crianças e adolescentes estão acima do peso, aproximadamente metade do contingente já em estágio considerado de obesidade. Outro dado preocupante é que praticamente dobrou o número de jovens em estado grave de obesidade, com salto de 1,59% para 3% entre 2018 e 20221. Pediatras, em geral, elencam razões diversas para o aumento desta condição, como má educação alimentar, encarecimento de alimentos saudáveis, depressão e substituição crescente do tempo gasto em atividades físicas e presenciais por atividades passivas, mediadas por telas de celular ou computador. A obesidade infantojuvenil pode antecipar diversos quadros de doenças cardiovasculares ou problemas ortopédicos.

Surto de novo tipo ebola preocupa sanitaristas

O aparecimento de um novo tipo do vírus ebola em Uganda já contaminou 64 pessoas e matou 30, em cinco diferentes distritos do país. Com taxa de letalidade historicamente alta, a doença preocupa autoridades em saúde, inclusive pelo fato de não haver vacina para esta modalidade da doença. O pais já teve outro surto em 2020 e, como publicou o Guardian, tem usado da experiência adquirida para promover formas de rápida detecção e prevenção. Ainda assim, Gary Kobinger, virologista especializado em ebola da Universidade do Texas, teme que a situação saia de controle. O Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos EUA (NIAID) busca desenvolver uma vacina para o vírus e iniciar testes de um novo imunizante ainda neste mês, um tempo recorde se comparado ao período em que uma nova vacina demora para começar a ser provada.

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