Os nomes para o Ministério da Saúde

O disse-me-disse em torno dos nomes possíveis.

Esplanada dos Ministérios. Crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado

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O disse-me-disse em torno dos nomes possíveis para o Ministério da Saúde e outras notícias aqui, em dez minutos. 

16 de outubro de 2018

ELEIÇÕES 2018

Disse-me-disse

A essa hora você já deve ter visto que a distância entre os candidatos à presidência segue subindo. Na pesquisa do Ibope divulgada ontem, Bolsonaro aparece com 59% dos votos válidos e, Haddad, com 41%. Nos votos totais, fica 52% contra 37%

Semana passada publicamos aqui uma matéria do Valor em que Henrique Prata, pecuarista e presidente do Hospital do Câncer de Barretos, afirmava ter recebido em agosto um convite de Bolsonaro para assumir o Ministério da Saúde em seu governo. A reportagem não repercutiu muito bem (Prata disse que a história da saúde pública brasileira é ‘nojenta’ e que estava sendo preparado para o cargo por Deus) e depois o candidato soltou um áudio negando que tenha feito o convite. Mas Prata continua aparecendo como cotado. Foi entrevistado pela Folha pouco antes do desmentidoNa conversa, publicada ontem, ele também falou sobre convite. Segundo o jornal, o nome é defendido por  Gustavo Bebianno e Paulo Marinho, respectivamente presidente interino do PSL e suplente de Flávio Bolsonaro, eleito senador pelo Rio. Já Paulo Guedes e os oficiais de reserva responsáveis pelo programa de governo querem que a saúde seja comandada por Nelson Teich, presidente do centro de oncologia COI, do Rio.

O capitão reformado visitou o Bope para agradecer o apoio e encerrou sua fala com o grito de “Caveira!”,  o que não surpreende. E, em entrevista à Rádio Jornal, de Barretos, declarou que seu objetivo é fazer “o Brasil semelhante àquele que tínhamos há 40, 50 anos atrás“. Não temos dúvidas disso.

Haddad ainda não divulgou nada sobre o Ministério da saúde – uma imagem que circula mencionando o nome de Drauzio Varella é falsa. Aliás, Varella está cotadíssimo para fake ministérios: ele também aparece em imagem viral com as escolhas (falsas, nesses tempos é sempre bom evidenciar) de Bolsonaro.

Sobrevive?

Folha fez um seminário sobre os 30 anos da Constituição. Nele, pesquisadores notaram que o rompimento com a democracia pode estar próximo e que a Constituição pode não sobreviver às eleições (como sabemos, muitos consideram que ela já foi rasgada dois anos atrás). Um dos fatores para o rompimento, segundo Juana Kweitel, diretora-executiva da ONG Conectas, é o teto dos gastos, que limita recursos para áreas que garantem direitos, como saúde e educação.

CARNE FRACA

O empresário Abílio Diniz foi indiciado ontem na Operação Trapaça (um desdobramento da Carne Fraca que começou em março) por estelionato, organização criminosa, crime contra saúde pública e falsidade ideológica. Sua assessoria emitiu nota dizendo que ele não cometeu nenhuma irregularidade e que indiciamento não significa culpa. Outras 42 pessoas foram indiciadas. A operação investiga fraudes da empresa BRF para burlar as fiscalizações do Ministério da Agricultura, e inclui a inserção no mercado de produtos com  a bactéria Salmonella Typhimurium, A análise de e-mails e conversas de whatsapp permitiu concluir que o corpo diretivo da empresa – no qual Diniz se insere – sabia da fraude, não fazia nada para interrompê-la e ajudava a escondê-la.

É BEM MAIOR

A mortalidade infantil é três vezes maior entre bebês com microcefalia, diz uma matéria do Estadão. De novembro de 2015, quando o surto de zika começou, até julho deste ano, foram 218 mortes. Um fator é, claro, a gravidade do quadro de saúde dessas crianças. Mas a falta de centros de reabilitação e de preparo das equipes também tem influência sobre os números. Em geral óbitos acontecem por infecções, principalmente respiratórias, e o risco poderia ser menor se os bebês tivessem acesso a terapias de estimulação precoce – hoje, só um terço das crianças das crianças com  síndrome congênita do zika passam por esse tipo de terapia. No Nordeste, que concentra mais de 60% dos casos, nenhum centro de reabilitação novo foi aberto.

O QUE ESPERAR

Já está difícil conseguir emprego com carteira assinada e o cenário, em algumas áreas mais que em outras, parece se intensificar. Pois a Folha publicou uma matéria dizendo que quem “deseja” partir para a carreira como autônomo precisa ganhar o dobro do que quando celetista, pra conseguir manter seu padrão de vida. O que pesa mais são gastos com planos de saúde. E com o SUS definhando…

FALAR PARA PREVENIR

A cada 40 segundos uma pessoa morre por suicídio no mundo, segundo a OMS. No Brasil, desde 2011 há uma tendência de aumento nas taxas. E o estigma que envolve o assunto muitas vezes impede as pessoas de buscarem ajuda. A matéria de capa da última Radis trata disso, trazendo depoimentos e entrevistas com especialistas. Como Alessandra Xavier, psicóloga e professora da Universidade Estadual do Ceará:  “Esse sistema econômico de exploração e incentivo ao consumo, de excesso, em que as pessoas estão sempre se deparando com níveis de idealizações impossíveis de serem atingidos, provoca constantemente sensação de mal-estar e fracasso consigo, em que você tende a querer ser realmente alguém que você não é”, diz ela.

E o Reino Unido criou um cargo de “ministra para prevenção do suicídio“. É o primeiro no mundo e está ligado ao Ministério da Saúde – equivale ao que seria uma secretaria ministerial no Brasil.

NEM É UMA ESCOLHA

O governo Trump saiu com mais uma contra os imigrantes. Uma nova regra – que ainda vai passar por dois meses de apreciação pública – vai aumentar o contingente de pessoas consideradas como “carga pública”, ou seja, que têm grandes chances de contar com o governo federal como fonte primária de subsistência e, portanto, menos chances de serem aceitas como residentes permanente. Até agora, são aqueles que recebem assistência financeira numa quantia maior do que sua verba pessoal. Com a nova regra, passa a contar para a designação de “carga pública” o uso dos serviços de saúde do Medicaid, do Programa de Assistência Nutricional Suplementar (os antigos cupons de alimentação), da assistência moradia e do Medicare Part D (benefício que supre remédios). Ou seja, as pessoas precisam escolher se preferem cuidar da saúde ou se tornar residentes permanentes. “E mesmo que o meu paciente equatoriano decida pelo impensável, abdicando do Medicaid e da quimioterapia, deixando que o câncer lhe consuma o organismo lentamente, o governo federal pode identificar sua doença como razão para lhe negar o status de permanência – isso porque, com a nova regra, as próprias condições de saúde se tornarão fator de grande peso para a estipulação da designação”, escreve, em artigo na Folha, o médico Douglas Jacobs.

É PRECISO GRITAR

“É importante a gente falar, gritar para que nos escutem que há um desfinanciamento do SUS e uma nova configuração social e política no Brasil. Essas coisas andam juntas e estão levando a esse quadro epidemiológico de uma piora em relação aos novos casos de HIV/aids e um aumento da incidência numa população jovem”: no Observatório Análise Política em Saúde, entrevista com Inês Dourado, pesquisadora e professora do Programa de Pós-Graduação do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA).

NA EDUCAÇÃO

Estadão publicou três matérias sobre a carreira de medicina. Uma delas aborda a necessidade de atuação com outros trabalhadores, como nutricionistas e psicólogos, e diz que as grades curriculares ainda não dão conta da interprofissionalidade. Em outra, o foco são algumas das 54 especialidades que existem hoje na medicina. A mais procurada é a clínica médica, seguida por pediatria, cirurgia-geral, ginecologia e obstetrícia e anestesiologia. A medicina de família e comunidade não  está na lista das 10 mais demandadas. E a terceira é na verdade uma entrevista em que o professor Mário Scheffer, da USP, explora as razões para as diferenças na demanda entre as especialidades. Clínica médica e cirurgia geral, por exemplo, são pré-requisitos para outras. Ele diz também que a distribuição das vagas nos setores público e privado é desigual: faltam especialistas no público.

E agora existem bonecos super realistas que simulam pessoas necessitando de assistência. São “biossimuladores” que, na Argentina, fazem parte do Programa Nacional de Formação em Enfermagem.  A matéria do Clarín diz que a simulação do parto é tão intensa que quem está ao redor sente a adrenalina como se fosse um evento real. Vai ser criada uma unidade móvel de simulação para percorrer diferentes instituições no país.

MORTES VIOLENTAS

Um estudo da Faculdade de Medicina da USP revela: na maioria das mortes violentas ocorrida em São Paulo, a vítima havia consumido álcool ou drogasmomentos antes de morrer. Foram analisadas mostras de sangue de 365 vítimas, a maioria de homicídio, acidentes de trânsito e suicídio. A substância mais recorrente é o álcool, seguido por cocaína, maconha e remédios calmantes.

DIGA-ME COMO DIGITAS

Pesquisadores do Centro de Depressão e Resiliência da Universidade do Illinois, em Chicago, criaram um app que pode detectar depressão pelo padrão de digitação no celular. E agora estão testando o funcionamento. Não é o único aplicativo do tipo e, segundo a matéria do Wall Street Journal republicada pela Folha, essa é uma tendência – com ela, vêm as preocupações com a privacidade dos dados. O app usado nesse estudo específico já está disponível para download e o termo de uso autoriza a participação dos usuários na pesquisa. Já são 1,3 mil, com mais de 8 mil horas de dados.

ATÉ ELAS

As gorilas fêmeas são inteligentes: preferem parceiros que se dediquem aos filhotes. E eles correspondem.

NO CONGRESSO

Os deputados podem votar hoje a medida provisória que prevê uma linha de financiamento para as santas casas com recursos do FGTS – já falamos disso por aqui.

E amanhã deve ser a votação do veto ao projeto de lei de conversão da Medida Provisória 827/18, que regulamenta detalhes do plano de carreiras dos agentes comunitários de saúde e de combate a endemias. O texto foi transformado na Lei 13.708/18 e o veto foi sobre o aumento salarial.

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