Ponto-chave nas eleições

Só cinco candidatos querem revogar a Emenda 95, que sufoca saúde e educação.

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Essa e outras notícias aqui, em nove minutos.

31 de agosto de 2018

OS PRESIDENCIÁVEIS E O TETO DOS GASTOS

A maioria dos candidatos quer mantê-lo: em artigo no Brasil de Fato, a especialista em orçamento público Grazielle David revela que só cinco chapas pretendem revogar a Emenda 95. São elas a de Boulos (Psol), Lula/Haddad (PT), Goulart (PPL) , Vera (PSTU) e Ciro (PDT). E Ciro Gomes, apesar de defender a revogação, pretende criar um outro mecanismo que controle as despesas globais, mas preservando as despesas de investimento, saúde e educação. Eymael (DC), Daciolo (Patriota), Alvaro Dias (Podemos), Meirelles (MDB), Amoedo (Novo) e Bolsonaro (PSL) defendem a manutenção da EC 95, com rígido controle e redução dos gastos públicos primários. Já Marina (Rede) Já Marina defende manter um teto, porém vinculado não à variação da inflação medida pelo IPCA como está na EC 95, mas sim ao limite de 50% do aumento do PIB.

Acontece que, como explica Grazielle, “desde teóricos tradicionais (Keynes, 1937) até as entidades mais conservadoras (FMI, Fiscal Monitor 2018) afirmam que é nos tempos bons, de crescimento econômico, que o governo deve realizar consolidação fiscal, poupança para o pagamento de dívida”. Afinal, em momentos de crise o setor privado investe pouco, e cabe ao Estado o papel de indutor do crescimento, via despesas sociais e investimentos. Do contrário, “a economia entra num círculo vicioso da austeridade que retarda a saída da crise”. Vale a leitura.

EVIDENTE RELAÇÃO

O Ministério da Saúde chamou especialistas para discutir os motivos do aumento na taxa de mortalidade infantil e materna. O resultado não deve ter agradado. Embora a pasta insista em destacar como fator a diminuição dos nascimentos devido à epidemia de zika (um número menor de nascimentos puxaria a taxa para cima), os estudos técnicos apontam que na realidade a piora dos índices está mesmo ligada ao avanço da pobreza e à redução de investimentos em áreas essenciais para o desenvolvimento da saúde.

E existe ainda o risco de os indicadores impactarem também a expectativa de vida da população brasileira, segundo o pesquisador Luís Eugênio Portela de Souza, da UFBA. “O mais grave é que um fator não se soma a outro. Se você não tem moradia, não tem acesso a saúde, não tem renda, os reflexos negativos se potencializam enormemente. São sinérgicos”, diz ele, no Estadão.

PLATAFORMA DOS CONSUMIDORES

O Idec lançou ontem uma plataforma com as 10 principais reivindicações do momento em relação aos direitos do consumidor. A ideia é que candidatos a todos os cargos nessas eleições se posicionem em relação às demandas e ameaças, e que eleitores possam saber quem defende o quê. Entre os temas estão alguns que interessam à saúde, como agências reguladoras, alimentação, dados pessoais e, é claro, a própria saúde.

APROXIMAÇÃO

Já se sabe que um dos grandes entraves na campanha de Bolsonaro é atrair o voto feminino. Pois ontem ele se reuniu só com mulheres em Porto Alegre. Bom, na verdade 25% do público era formado por homens, segundo a Folha. O candidato disse que saúde não é a sua “praia”, mas que se deve buscar a prevenção. “A questão das UTIs neonatais. Tendo em vista os prematuros, se a mulher fizesse o devido tratamento dentário, a questão da cistite. Não é isso? Quase que acertei. Em muito evitaríamos o número de prematuros e em consequência gastaríamos menos com UTIs”, disse.

Ele também falou que valoriza as mulheres… De um jeito peculiar. “Sou casado, tenho uma filha de sete anos de idade, que depois de quatro [filhos] homens mudou, sim, minha vida. E muito”; “Afinal de contas, entre um filho moleque, que a gente costuma muitas vezes falar um palavrão, dar um chute no traseiro dele, dar um pescoção, com a menina é diferente, isso amolece o nosso coração. Nos faz realmente pensar cada vez mais na importância de vocês [mulheres] e nos valores familiares”. Bolsonaro falou na redução da violência contra essa parcela da população defendendo os mesmos pontos de sempre: porte de armas e castração química para estupradores. Foi ovacionado, segundo a matéria.

PRESO. DE NOVO.

O ex-secretário de saúde do RioSérgio Côrtes, foi preso hoje de manhã por conta de investigações no governo de Sérgio Cabral. O foco é a organização social Pró-Saúde, que atuava na gestão de vários hospitais do estado (e, hoje, ainda administra o Hospital Getúlio Vargas e o Instituto Estadual do Cérebro). Segundo os investigadores, os contratos fraudados permitiram o desvio de cerca de R$ 74 milhões dos cofres públicos. Côrtes já tinha sido preso da operação Fratura Exposta, acusado de receber propinas de fornecedores de próteses e equipamentos.

E em São Paulo a CPI que investiga as OSs segue seu curso. O ex-secretário de saúde do estado, David Uip, disse à comissão que desconhece denúncias de supersalários pagos a dirigentes das organizações,

VENEZUELANOS

Michel Temer assinou esta semana um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) ampliando o poder de polícia das Forças Armadas em três municípios de Roraima: a capital Boa Vista, a cidade de Pacaraima na fronteira Venezuelana e Bonfim, na divisa com a Guiana. Neste momento, já há 700 homens na fronteira com a Guiana

Em entrevista ao IHU-Online, o jesuíta Pedro Trigo, nascido na Espanha e nacionalizado venezuelano, comenta a situação no país, inclusive na saúde. “Conheço muitas pessoas que morreram porque precisavam de uma medicação vitalícia e não a conseguiram. Aqueles que têm medicamentos são uma minoria. Além do mais, não há implementos médicos nos hospitais. Por exemplo, uma cirurgiã que conheço teve de operar, sem anestesia, a mão de um paciente, para que o órgão não secasse. Soube que ela sofreu tanto quanto o paciente. O ressurgimento de doenças infecciosas que haviam sido erradicadas deve-se à falta de saneamento básico e à diminuição das defesas nos organismos”.

A crise migratória é o principal tema das eleições em Roraima, e a governadora Suely Campos (PP) aposta em um discurso duro. Ela já assinou um decreto restringindo o acesso dos venezuelanos ao sistema de saúde, exigindo a apresentação de passaporte, e pediu ao governo federal o fechamento das fronteiras. Nenhuma das medidas vingou.

E centenas de venezuelanos estão sendo transportados de Roraima a outros estados. Ao todo, já foram 1.098 imigrantes transferidos, desde abril, para São Paulo, Manaus, Cuiabá, Conde (PB), Igarassu (PE), Rio de Janeiro, Brasília e João Pessoa. Segundo o governo, todos foram vacinados, submetidos a exames de saúde e foram regularizados no Brasil, com CPF e carteira de trabalho.

MELHOR PREVENIR

Novas técnicas permitem descobrir cânceres cada vez mais cedo. Isso é importante, mas tem suas desvantagens: em boa parte das vezes o que se descobre são tumores que afinal não causariam danos (ou porque são pouco agressivos, ou porque o corpo os eliminaria sozinho), mas acabam levando a tratamentos sofridos e ainda por cima caros. As novas terapias são cada vez mais promissoras, mas ainda têm limites e, sobretudo, são ainda mais custosas. Então o melhor a se fazer ainda é prevenir o câncer, combatendo fatores de risco como tabagismo e obesidade. Foi o que disse o oncologista e escritor Siddhartha Mukherjee, à Folha. Ele também acredita que nunca vamos nos livrar totalmente do câncer: “O câncer é fundamentalmente parte do nosso aparato celular. Há muitos genes, as células vão crescendo, se dividindo e podem aumentar o risco de câncer. Nós podemos prevenir alguns tipos, tratar as manifestações, mas não conseguiremos eliminar o câncer da nossa história”.

ESCLEROSE MÚLTIPLA

Ontem foi o Dia Nacional de Conscientização sobre a doença, e foi lançado um documentário chamado O Diário de Lidwina, que  traz informações para o público mais amplo. O título vem de Lidwina Van Schiedam, a primeira pessoa a manter um registro de seus sintomas, por escrito – ela viveu na Holanda entre 1380 e 1433. O vídeo traz falas de especialistas e de pessoas que convivem com a doença.

ABAIXO DA MÉDIA

São 11 os estados que estão com a cobertura vacinal contra pólio e sarampo abaixo da média nacional. O Rio de Janeiro está com o menor índice de vacinação, seguido por Roraima, Distrito Federal, Pará, Amazonas, Acre, Bahia, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Piauí e São Paulo. E a média nacional nem é alta: 76% das crianças entre um e cinco anos (a meta era atingir 95%).

DUAS EM UMA

E pesquisadores da Unicamp avançam no desenvolvimento de uma vacina que pode proteger, ao mesmo tempo, contra meningite e zika.

VITÓRIA

Não era nem pra isso precisar ser uma luta, mas é como acontece. E agora houve uma vitória na Dinamarca: a partir do ano que vem, homens gays vão poder doar sangue no país.

AGENDA

Na semana que vem a Escola Nacional de Saúde Pública, na Fiocruz, completa 64 anos. Tem programação especial entre os dias 3 e 6. Veja aqui.

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