SUS em disputa

Mais um elemento para o confuso emaranhado das relações públicas e privadas na saúde

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ENFERMAGEM PARTICULAR, MATERNIDADE PÚBLICA

No Rio, um projeto de lei pode se tornar mais um elemento no confuso emaranhado das relações públicas e privadas na saúde e infringir princípios do SUS. De autoria da deputada estadual Enfermeira Rejane (PCdoB), o texto prevê que gestantes poderão ser acompanhadas por enfermeiras obstétricas autônomas de sua escolha em qualquer maternidade, casa de parto ou hospital público.

De acordo com o texto do PL 3369/17, nada impediria que uma mulher em busca de um parto hospitalar humanizado fizesse todo o acompanhamento pré-natal com uma enfermeira particular e, na hora do trabalho de parto, não fosse para um caro hospital privado, mas para uma maternidade pública, e continuasse sendo atendida por esta enfermeira lá dentro. O mesmo valeria para quando algo dá errado no parto domiciliar e é necessário transferir para o hospital.

Se aprovado na Assembleia Legislativa do Rio, o projeto pode se tornar um precedente para outros profissionais, em outros estados do país. A reportagem é de Raquel Torres, do Outra Saúde.

TINDER DOS ÓVULOS

E uma atualização feita ano passado pelo Conselho Federal de Medicina na norma de reprodução assistida que permitiu a doação voluntária fez surgir aplicativos parecidos com o Tinder, só que voltados para quem quer doar e receber óvulos. Pelo menos dois serviços do tipo foram lançados em 2018 com quase 600 inscritas. Um deles, mostra o Estadão, foi desenvolvido por uma agência de marketing que atende clínicas de reprodução.

FATOR EXTERNO

Um referendo sobre o aborto está marcado para acontecer no dia 25 de maio na Irlanda. E, a exemplo do que vem acontecendo em situações como as eleições americanas e o Brexit, está sendo detectada muita influência estrangeira vinda das redes sociais. Cerca de 80% dos anúncios pela manutenção da emenda constitucional que restringe o aborto no país vêm de outros países. Pesquisas dão conta de que, hoje, as mudanças na legislação têm mais votos, mas 20% dos eleitores está indeciso e a campanha externa pode influenciar o resultado.

EBOLA

No sábado, uma delegação da OMS desembarcou na República Democrática do Congo. O país vive seu nono surto de ebola desde que o vírus foi descoberto, em 1976. Diretor-geral do organismo, o etíope Tedros Ghebreyesusdeve declarou ter preocupação com a proximidade dos casos suspeitos com centros urbanos – mas classifica de “moderado” o risco de uma epidemia. Até o momento, foram reportados 39 casos, sendo dois confirmados, 20 prováveis (incluindo 18 mortes) e 17 suspeitos. A OMS liberou US$ 2,6 milhões de seu fundo de emergência para ajudar na resposta à doença.

Na sexta, o diretor do programa de gestão de situações de emergência da OMS, Peter Salama, declarou que o organismo se prepara para “o pior cenário possível” e colocou em alerta nove países que fazem fronteira com a República Democrática do Congo: República Centro-Africana, Sudão, Uganda, Ruanda, Burundi, Tanzânia, Zâmbia, Angola e República do Congo. A resposta da OMS à epidemia que aconteceu em vários países africanos entre 2014 e 2016 recebeu críticas. Foram, no total, 11 mil mortos. Desta vez, ações foram tomadas 48 horas depois que o laboratório confirmou que a doença matou duas pessoas, o que vem sendo considerado positivo pela mídia internacional.

Outra diferença para a crise de dois anos atrás é que embora estejam em fase de testes, há vacinas contra o ebola – e a OMS pretende fazer uso da imunização pelo menos entre os profissionais de saúde. As vacinas foram usadas na epidemia em Guiné, em 2016, e se mostraram eficazes. Há uma grande expectativa em torno de seu uso agora, diz o New York Times.

SUICÍDIO ENTRE JOVENS

O suicídio é a segunda principal causa de mortes entre pessoas de 15 a 29 anos em todo o mundo, segundo a OMS. No Brasil, ele cresceu 65% entre 2000 e 2015 na faixa etária dos 10 aos 14 anos. Casos recentes em São Paulo acenderam o alerta, diz a BBC Brasil, que ouviu especialistas que sustentam que o desenvolvimento do cérebro no período da adolescência, vinculado às transformações na sociedade, como o tempo passado nas redes sociais, ajuda a explicar por que mais jovens estão tirando a própria vida.

ELIAS JORGE

Na sexta, Elias Jorge faleceu aos 70 anos em Belo Horizonte, em consequência de sequelas de um acidente vascular cerebral. Matemático e professor da UFMG, ele foi um dos principais nomes na defesa do financiamento do SUS. Atuou na Comissão de Financiamento e Orçamento do Conselho Nacional de Saúde entre 1997 e 2003, de onde seguiu para o Departamento de Economia do Ministério da Saúde, que coordenou entre 2003 e 2010. Ele foi responsável pela criação do Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (Siops).

Conselho Nacional de Saúde, a Associação Brasileira de Economia da Saúde, a Fiocruz, o Instituto de Direito Aplicado à Saúde, o Conass e o Conasems foram algumas das entidades e instituições que expressaram seu pesar pela morte de Jorge.

AMIL PROCESSADA

Com a morte do fundador da Amil, Edson Bueno, em fevereiro do ano passado, a relação entre a nova administração e os antigos gestores ficou estremecida. A maior operadora de planos de saúde do país está enfrentando processos trabalhistas movidos por ex-executivos que trabalharam na empresa por cerca de 30 anos, conta o Valor Econômico.

POLÍTICA DE VIGILÂNCIA

O Conselho Nacional de Saúde anunciou que a minuta da Política Nacional de Vigilância em Saúde fica pronta em 60 dias, ou seja, em meados de julho.

AGENDA

começa hoje o Pint of Science, evento em que cientistas falam sobre suas pesquisas de forma descontraída em bares e restaurantes. Esta edição acontece em 56 cidades até quarta-feira (14). Confira a programação.

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