Michel Temer e os agentes de saúde

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Em clima de campanha, presidente participou de evento ontem em que anunciou edição de medida provisória que reajusta o piso salarial da categoria em 20%

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EM CAMPANHA?

Ao que tudo indica, Michel Temer já está em ritmo de campanha. Em um tom informal que lhe é incomum, o presidente participou ontem de um evento com agentes comunitários de saúde e de combate às endemias. “Olha aqui, primeiro… Vem cá Ilda. Eu quero ficar protegido pela Ilda”, disse, se referindo à presidente da Confederação Nacional dos Agentes (Conacs), Ilda Angélica. Abraçado à liderança sindical, Temer anunciou a edição de medida provisória que suspende alguns vetos à lei 13.595/18 e reajusta o piso salarial da categoria em 20%.

“As ambulâncias que estamos distribuindo, aliás distribuímos R$ 1 bilhão nos últimos dias aos municípios brasileiros…”, discursou. E encerrou assim: “Um abração em todos vocês, peço que transmitam a todos os agentes comunitários quando voltarem aos seus estados esse trabalho que a Ilda fez que todos nós fizemos em nome de vocês, portanto, em nome do Brasil”. Na plateia, se ouvia gritos de ‘Fica, Temer’. A categoria reúne aproximadamente 400 mil trabalhadores em todos os municípios do país.

MORATÓRIA NA MEDICINA

A criação de cursos de medicina no país será suspensa por cinco anos. O anúncio será feito hoje pelo ministro da Educação, Mendonça Filho. A medida atende a reivindicações de entidades de classe insatisfeitas com o aumento do número de vagas depois da lei do Mais Médicos. Argumentam que lhes falta qualidade. Além da suspensão, o MEC deve criar uma comissão externa para analisar os cursos em funcionamento.

Já o mercado entendeu o anúncio como uma disputa. Valor noticia que quatro grupos educacionais de capital aberto – Anima, Estácio, Kroton e Ser Educacional – estão apostando suas fichas em um edital já publicado pelo MEC que cria 1,4 mil vagas de medicina nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. “É ouro em pó”, disse um executivo à repórter Beth Koike.

O setor privado também rebate a lógica da medida, argumentando que com a moratória, se proíbe a abertura de vagas inclusive em instituições de reconhecida qualidade. Dizem que o governo deveria fechar as de má qualidade. Questionado pelo Valor, o MEC não explicou por que optou pela suspensão total. Hoje, o país tem 136 mil estudantes matriculados em cursos de medicina, sendo que 85 mil deles estão na rede privada de ensino, que cobra em média R$ 6,6 mil por mês.

DESAFIOS DA PREVENÇÃO

A matéria de capa da Época desta semana aborda como a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), método que consiste em medicar grupos sociais vulneráveis à infecção por HIV/Aids, estaria estimulando um novo cenário em que a camisinha, método mais eficaz de prevenção contra várias doenças sexualmente transmissíveis, é paulatinamente deixada de lado. A PrEP é baseada no uso diário do remédio Truvada, uma pílula azul cuja eficácia contra o HIV pode chegar a 99%, segundo alguns estudos. O comprimido passou a ser distribuído nacionalmente pelo SUS a grupos de risco em dezembro do ano passado, com acompanhamento médico. Também pode ser adquirido pela internet a R$ 290 o frasco.

O repórter Danilo Thomaz conversou com jovens que fazem uso do medicamento e transam sem camisinha, foi a campo observar o comportamento em lugares conhecidos como darkrooms, salas destinadas às práticas sexuais em boates gays, e se valeu de dados para tentar contextualizar o significado do remédio que, ao mesmo tempo, dá liberdade e traz riscos.

Ficamos sabendo que, segundo o IBGE, o número de adolescentes que respondeu ter usado camisinha na última relação caiu de 75% para 66% entre 2012 e 2015. Que o índice de detecção da Aids em jovens vem aumentando: em garotos de 15 a 19 anos quase triplicou entre 2006 e 2016, passando de 2,4 para 6,7 a cada 100 mil habitantes. Entre os de 20 e 24 anos, mais que dobrou e está em 33,9. Infecções como a sífilis também tem tido mais impacto no Brasil: houve aumento de 28% de 2015 a 2016. Mas que, segundo especialistas, os desafios da prevenção são complexos e precisam ser repensados para além da preconização do preservativo em todas as relações sexuais.

A matéria provocou uma enxurrada de críticas à redação do semanário, principalmente pela ligação entre PrEP e abandono do preservativo e pelo enfoque dado ao universo gay masculino, que reforçaria estigmas.

QUEM AVISA AMIGO É

A medição dos níveis de determinados aminoácidos no organismo pode servir para avaliar o risco que um indivíduo tem de desenvolver doenças cardiovasculares. Essa é a conclusão de um estudo realizado nos Estados Unidos, com participação brasileira, publicado na Genomic and Precision Medicine. A lógica dos pesquisadores é intuitiva para leigos: doenças se desenvolvem de forma silenciosa e, quando são descobertas, muitas já estão em estágios avançados de desenvolvimento; logo, é preciso se antecipar e compreender melhor os sinais que o corpo dá quando alguma coisa está errada. Eles começaram pesquisando como aminoácidos eram capazes de prever risco para diabetes.

IMPOSTOS CONTRA OBESIDADE

Um estudo lançado ontem no Lancet analisou 13 países com diferentes realidades socioeconômicas para entender os efeitos que impostos podem ter sobre doenças crônicas não transmissíveis. Os pesquisadores descobriram que taxar certos alimentos, como bebidas açucaradas e alcoólicas, além do tabaco, traz benefícios, especialmente para as pessoas mais pobres – que são também as mais vulneráveis a doenças cardiovasculares e à obesidade. Isso porque como os mais pobres gastam, proporcionalmente, a maior parte da sua renda com comida, impostos sobre refrigerantes levam à redução do consumo da bebida. Taxa de 10% sobre bebidas açucaradas instituída no México em 2014 levou, em dois anos, a uma queda de 14% nas vendas dos produtos. Em contrapartida, a compra de água cresceu. “Não estamos falando de impostos sobre bens de primeira necessidade. Os alimentos ultraprocessados são supérfluos, eles não são necessários. Além de supérfluo, é um produto que faz mal. As evidências são de que as bebidas açucaradas são ruins para a saúde”, diz Carlos Augusto Monteiro, da Faculdade de Saúde Pública da USP, em entrevista à Folha.

DÁ LICENÇA 

A licença-maternidade de 180 dias, já praticada por empresas públicas e algumas privadas, está mais perto de ser uma realidade para todas as mulheres. Ontem, a Comissão de Assuntos Sociais do Senado aprovou o PLS 72/17, que amplia o prazo de 120 para 180 dias. O texto, de autoria da senadora Rose de Freitas (MDB-ES), também permite ao pai acompanhar consultas e exames durante a gravidez. O texto segue para a Câmara.

FEBRE AMARELA

Novos números foram divulgados ontem à noite pelo Ministério da Saúde. Até 3 de abril, foram confirmados 1.127 casos de febre amarela e 328 mortes. Foram notificados no período de monitoramento (que começou em 1º de julho de 2017) 4.548 casos suspeitos, sendo 2.441 já descartados e 980 sob investigação. A pasta avisa que houve uma redução no número de casos e óbitos em relação ao último boletim epidemiológico, quando foram divulgados 1.131 casos e 338 óbitos, devido à revisão e reclassificação de bases de dados.

PROCURA-SE

Estão abertas inscrições para contratar 3.592 profissionais para os hospitais federais do Andaraí, Bonsucesso, Ipanema, Lagoa, Servidores do Estado e Cardoso Fontes, além dos institutos nacionais de Cardiologia (INC) e de Traumatologia e Ortopedia (Into), todos de administração direta do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro. Os contratos terão prazo de seis meses, podendo ser prorrogados por até dois anos. Os candidatos têm até 30 de abril para realizar a inscrição por aqui.

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