As principais notícias da saúde

.

A newsletter do Outra Saúde estreou hoje (19/02). Confira aqui as notícias mais importantes deste fim de semana produzidas por veículos nacionais e internacionais

DOIS SISTEMAS, DUAS CRISES

O site Outra Saúde estreia hoje com uma grande reportagem sobre duas crises muito diferentes, mas que se tocam. O ano de 2018 traz uma carga de celebração para o SUS, que completa três décadas, e para o britânico National Health Service, do Reino Unido, que faz 70 anos. Mas, tanto aqui como lá, há mais angústias do que comemorações.

Tem mais. A primeira resenha do site, sobre o artigo ‘A crise do mercado dos planos de saúde: devemos apostar nos planos populares ou no SUS?’, explica por que a proposta de planos acessíveis pode ser uma verdadeira loteria.

A TRAMA DO CPF

“Qual o número do seu CPF?”. A pergunta se tornou cada vez mais comum em redes de farmácias. A isca, é claro, são os descontos prometidos, política de fidelização usada em lojas de outros ramos. Mas na saúde, as coisas podem se complicar. É o que conta esta bem-bolada reportagem publicada pela Vice, que foi atrás de especialistas que colocam em dúvida as ‘boas intenções’ das empresas. Sem regulação, ninguém garante que não estejam vendendo nossos dados de consumo para bancos (que podem fazer uma avaliação de risco pior para tomada de crédito caso saibam de alguma doença) e possíveis empregadores (que podem usar as informações na seleção de candidatos). É mesmo um mundo distópico.

REHAB DE CELULAR

Todo mundo conhece alguém que não desgruda do celular. Pois nos Estados Unidos, o “vício” da conexão abriu um novo nicho de mercado. São as clínicas de reabilitação para “dependentes” dessas tecnologias. Elas surgiram na região do Vale do Silício (casa de ferreiro…) e têm como público-alvo os filhos das mesmas pessoas cujo trabalho é nos “viciar” no Facebook, Youtube, Instagram, etc. A preços exorbitantes (R$ 5,4 mil por dia!).

SÓ MÉDICOS

O Santander vai entrar no nicho do financiamento estudantil, mas só para a graduação em Medicina. Baixa evasão, alta “empregabilidade” e padrão de renda são os motivos do banco para justificar a opção pelo curso.

FEBRE AMARELA

Na mata e na cidade

Tem mais um mosquito na área. É que pesquisadores do Instituto Evandro Chagas (IEC) detectaram a presença do vírus da febre amarela no Aedes albopictus. E o bicho é eclético: se adapta tanto à área rural quanto à urbana. Estima-se que esteja presente em 1,4 mil cidades de Norte a Sul do país. Mas calma: não ficou provado que o mosquito consegue transmitir o vírus adiante.

Número de casos

As informações do Ministério da Saúde foram atualizadas na sexta-feira. Já são 464 casos confirmados e 154 mortes desde julho do ano passado. Os estados mais afetados são Minas Gerais (225 casos), São Paulo (181) e Rio de Janeiro (57). A meta de vacinação no Rio e São Paulo está longe de ser atingida: cerca de 21% do público alvo foram imunizados. A Bahia começa hoje sua campanha estadual.

O município de São Paulo já tem cinco casos autóctones, ou seja, de pessoas que foram infectadas na própria cidade. Na semana passada, era apenas um. Todos os casos são de moradores ou frequentadores de área que faz limite com a Serra da Cantareira e três dessas pessoas morreram. A secretaria estadual de saúde afirmou que não se trata da variante urbana da febre amarela.

LOBBY COMO MISSÃO

Sabe quando a premissa não bate com a conclusão? A coluna Tendências e Debates da Folha proporcionou aos leitores um bom exemplo. O artigo do diretor de relações governamentais da Roche, Eduardo Calderari, se vale do preceito constitucional de que “saúde é direito de todos” para argumentar que o desafio é grande demais para o setor público. “Há boas notícias”, ele anuncia, “nós, do setor privado, estamos ‘arregaçando as mangas’, nos colocando à disposição para colaborar com o poder público”. Calderari caracteriza como “iniciativa interessante” o modelo privado dos Estados Unidos e, claro, defende mais parcerias público-privadas no Brasil. O título do artigo? “Uma missão de todos”.

INDÚSTRIA DE OVERDOSES

Desde o ano 2000, mais de 300 mil pessoas morreram nos EUA por overdose de opiácios, no que tem sido classificado como uma verdadeira epidemia. Na semana passada, a indústria farmacêutica foi acusada de gastar milhões de dólares para promover remédios para dor com essas substâncias. Agora, uma nova crítica recai sobre os fabricantes: como ganham muito com opiácios, não investem o suficiente em novos medicamentos. A afirmação é de Nora Volkow, dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA.

“O CINZEIRO DA EUROPA”

Banir o cigarro de bares e restaurantes? Não na Áustria. Por uma lei do país, ele deveria aderir a essa tendência até maio de 2018, mas o governo – formado por conservadores e pelo Partido da Liberdade, de extrema-direita – cancelou os planos. A comunidade médica se espantou e lançou uma petição para que o governo mude de posição. “Foi uma vitória da indústria do tabaco. O novo governo transformou a Áustria no cinzeiro da Europa”, disse à BBC um professor da Universidade de Medicina de Viena.

INTERSEXUAIS

O Nexo publicou neste fim de semana a terceira reportagem de uma série sobre a intersexualidade, que se refere a pessoas que nascem com características sexuais e reprodutivas tidas como ambíguas. No Brasil, o Conselho Federal de Medicina dá suporte a procedimentos cirúrgicos em bebês para alterar seus corpos e definir o sexo, mas a ONU, a OMS e pessoas intersexuais criticam essas cirurgias. Esta última matéria traz entrevista com o sociólogo Amiel Vieira, que passou por uma cirurgia para ser definido como menina e só descobriu isso aos 33 anos. O restante da série pode ser lido aqui e aqui.

50 ANOS DE TRANSPLANTES

É do início do mês, mas vale a pena. O Jornal da USP produziu um especial diferente, só com áudios, que aproveita o aniversário de 50 anos do primeiro transplante realizado no Brasil para falar sobre esse procedimento, considerado um dos mais complexos da medicina.

O MISTÉRIO DAS METÁSTASES

Uma reportagem muito difícil de se encontrar no Brasil foi traduzida pela Piauí e está na edição de fevereiro. Escrito por um médico ganhador do Pulitzer, o texto dá o panorama completo da ciência das metástases, que sofre atualmente uma mudança de paradigma. Antes concentrados nas células (a semente), os pesquisadores estão olhando cada vez mais para as pessoas e animais (o solo) para entender por que alguns indivíduos desenvolvem metástase e outros não. A virada na oncologia, mostra Siddhartha Mukherjee, é inspirada na ecologia. “Uma abordagem desse tipo nos ajudaria a compreender quando é que você tem o câncer e quando o câncer ‘tem’ você”. Você encontra o original, em inglês, aqui.

SAÚDE MENTAL

Em texto e áudio, o Brasil de Fato traz críticas às mudanças na Política Nacional de Saúde Mental. Aprovadas por gestores municipais e estaduais, a medida foi editada pelo Ministério da Saúde no fim do ano passado e induz internações psiquiátricas a partir de incentivos financeiros, dentre outros pontos.

É que o prazo dado pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão para a pasta explicar as mudanças venceu na última quinta (15). Conceição Lemes, no Viomundo, explora os bastidores da decisão.

HEPATITE C

Ainda não há vacina contra a doença, mas parece que as folhas de uma planta e o veneno de uma cobra podem ajudar a chegar novos tratamentos. É o que mostram os resultados de uma pesquisa da Unesp.

NOVOS ARES

A Alemanha decidiu adotar o passe livre no transporte público para incentivar as pessoas a deixaram o carro em casa. O objetivo é reduzir a poluição do ar. O país vinha sofrendo sanções da União Europeia por apresentar índices de poluentes maiores do que os tolerados pelo bloco. A novidade, por enquanto, é restrita a cinco cidades e dois distritos industriais.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a poluição do ar é a maior causa de doenças e mortes no globo. Mais de 80% dos habitantes das cidades estão expostos a níveis prejudiciais à saúde e nada menos do que 98% das grandes e médias cidades nos países em desenvolvimento apresentam níveis de poluição considerados perigosos pelo organismo.

E quem acha que os grandes vilões são os automóveis e as indústrias pode até estar certo, mas talvez só pela metade. Um novo estudo publicado na Science mostra que que a poluição gerada por tintas, perfumes, pesticidas, desodorantes e sprays tem sido subestimada.

SIAMESAS

Em Ribeirão Preto (SP), as irmãs de 1 ano e 7 meses que nasceram unidas pela cabeça passaram pela primeira cirurgia de separação. O procedimento envolve quatro cirurgias e é estimado em US$ 2,5 milhões na rede particular dos EUA mas, no Brasil, custeado pelo SUS, ele é realizado por R$ 100 mil.

SAÚDE TAMBÉM É CULTURA

Crítico à indústria farmacêutica e à ‘ditadura’ de prolongamento da vida como fim em si mesmo, um idoso opta pelo suicídio. Esse é o tema do filme ‘Antes do Fim’, de Cristiano Burlan, que entrou em cartaz no fim de semana. Aqui e aqui você encontra pontos de vista sobre a obra.

E no Festival de Berlim, que vai até o próximo dia 25, estreou o filme ‘Medéia’, da costa-riquenha Alexandra Latishev. A obra trata do aborto, ilegal na Costa Rica (assim como no Brasil) e do empoderamento feminino.

AGENDA

A Folha promove no dia 22 um fórum sobre medicamentos biológicos e biossimilares. O evento, patrocinado por empresas como Pfizer e Roche, vai abordar a regulamentação desses remédios no Brasil, entre outros assuntos.

Leia Também:

2 comentários para "As principais notícias da saúde"

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *