Bonn: contagem regressiva contra a catástrofe climática

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Duas polêmicas marcam a tentativa de acordo para redução de carbono que vá além do Protocolo de Kioto

090812-poluicaoComeçou segunda-feira (10/8), em Bonn (Alemanha), uma nova bateria de negociações internacionais para tentar um acordo que reduza as emissões de gases do efeito-estufa — e evite o aquecimento catastrófico da atmosfera. Promovido pela ONU, praticamente ignorado pela mídia brasileira, o encontro tem participação de dezenas de países. É a antepenúltima oportunidade para um entendimento. A conferência decisiva das Nações Unidas sobre o tema está marcada para Copenhague, capital da Dinamarca, em dezembro. Lá, serão definidas as possíveis ações internacionais a serem adotadas após 2012, quando expira o Protocolo de Kyoto.

Não se trata apenas de um ponto no calendário. Estudos científicos estimam que, para evitar um aquecimento do planeta superior a 2 graus centígrados, será necessário reduzir em 50% as emissões de CO2 e  moléculas que produzem o mesmo efeito, até 2050. Como as medidas necessárias para esta diminuição consomem anos ou décadas, a possibilidade de agir com eficácia concentra-se no próximo período.

Duas polêmicas sobressaem, no percurso entre Bonn e Copenhague (haverá, no interregno, mais dois encontros: em Bancoc-Tailândia e num local ainda indefinido). A primeira diz respeito ao compromisso dos países considerados “em desenvolvimento” — em especial grandes emissores de CO2, como China, Índia e Brasil. Ao contrário do que estabelece o acordo de Kioto, os países mais ricos reivindicam que o esforço para reduzir as emissões seja estendido a toda a população do planeta. Há controvérsias sobre os percentuais da participação de cada grupo. Mas o fato de a China ter se tornado o maior responsável absoluto pelo efeito-estufa, no ano passado (suas emissões per capita são muito inferiores às do mundo rico) e fenômenos como as queimadas na Amazônia pressionam em favor de uma participação de todos na luta contra o aquecimento.

Outro aspecto diz respeito às tecnologias necessárias à defesa da atmosfera. No início do ano, o Brasil liderou uma proposta dos chamados BRICS (incluídos Rússia, Índia, China e África do Sul) para quebra das patentes sobre os conhecimentos e processos produtivos que reduzem as emissões. A proposta baseia-se na idéia segundo a qual a proteção do planeta é mais importante que os lucros. Para torná-la efetiva, porém, será necessário enfrentar  forte resistência de um cartel de transnacionais que espera ganhar muito com as green technologies.

M A I S:

> A luta contra o aquecimento global, e para intervir em favor de um acordo positivo em Copenhague, mobiliza inúmeras redes internacionais de movimentos e ONGs. No plano internacional, há, por exemplo, a Climate Action Network [Rede de Ação pelo Lima], em cujo site é possível encontrar, além de informação técnica, boletins constantes sobre o desenvolvimento do encontro em Bonn. Também muito articulada é a Climate Justice Now [Justiça Climática Já]. No site internacional do Greenpeace, há uma seção totalmente dedicada aos que querem promover mobilizações e exercer pressão sobre os governos, em favor de menos emissões de gases do efeito-estufa.

> Há verbetes robustos sobre aquecimento global na Wikipedia, tanto em português quanto em inglês.

> Na Biblioteca do Le Monde Diplomatique, edição brasileira, é possível encontrar uma pasta de textos sobre o tema e uma série especial de quatro matérias sobre capitalismo, risco de catástrofe climática e alternativas. (1, 2, 3, 4)

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