Refugiados, a nova causa de Banksy

Grafites denunciam, em Londres e em Calais (França), repressão e preconceito das autoridades europeias. Na Inglaterra, polícia tentou remover obra

No Esquerda.net

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Grafites denunciam, em Londres e em Calais (França), repressão e preconceito das autoridades europeias. Na Inglaterra, polícia tentou remover obra, que alude a “Os Miseráveis”, de Victor Hugo

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Numa parede de esquina a poucos metros da Embaixada de França em Londres, Banksy evoca a icónica obra de Victor Hugo, “Os Miseráveis”, na qual o autor francês desnuda com mestria a miséria material e a pobreza de espírito na conturbada França pós-revolução. Trata-se de uma intervenção de arte urbana, cujo propósito é denunciar a violência policial que acompanha o dia-a-dia da já chamada “selva” de Calais, o campo de refugiados francês onde centenas de pessoas se acumulam, aguardando o desfecho do seu destino e uma oportunidade para entrar no Reino Unido.

Banksy inspirou-se na menina do cartaz do musical “Os Miseráveis”. O artista desenhou uma criança a chorar, sob uma nuvem de gás lacrimogéneo e com uma bandeira francesa no fundo. Ao lado, um código que pode ser lido por um smartphone (quick response code), conduz-nos a um vídeo disponível no YouTube, intitulado “Os assaltos policiais na selva de Calais, 5 e 6 de janeiro” – ver aqui. O vídeo mostra então a violência de uma ação policial das autoridade francesas realizada no início de 2016, na qual não faltaram gás lacrimogéneo, canhões de água e balas de borracha.

Segundo a BBC, tentaram eliminar esta intervenção artística de Banksy, que chegou a estar tapada numa fase inicial. O mural acabaria por ser danificado na lateral, devido às tentativas de remoção. Agora, destapado, a arte de Banksy volta a estar nas bocas do mundo, correndo as redes sociais e denunciando a dramática situação humanitária que se vive na já chamada “selva” de Calais.

O artista tem colocado os refugiados no centro da sua forma de expressão. Recorde-se a recente intervenção artística, num muro em Calais, lembrando que o mentor da Apple, Steve Jobs, era filho de um refugiado sírio. Em dezembro, Banksy desenhou, numa praia de Calais, um menino que observava o mar, com uma mala por perto e um abutre à espera da tragédia.

Banksy: “Nunca desistam; a grandeza leva tempo”.

Não se sabe se há uma relação direta com a tentativa de eliminação do seu mais recente mural sobre o tema, mas Banksy publicou um tweet, na madrugada desta segunda-feira, dizendo: “Nunca desistam; a grandeza leva tempo”.

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