MPF exige vacinas para todas as crianças

• MPF exige vacinas para todas as crianças • Governo Bolsonaro continua sendo negligente • Varíola dos macacos tem novo nome, mas pouco é feito no Brasil para mitigá-la • Movimento negro entrega documento à equipe de transição de Lula • Trabalhadores da saúde pedem aumento de salário no Reino Unido • China e a política de covid zero •

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MPF exige vacinas contra covid do ministério da Saúde

O Ministério Público Federal (MPF) notificou o ministério da Saúde por não oferecer vacinas de covid a todas as crianças a partir de 6 meses de idade. A decisão da pasta, de que apenas bebês com comorbidades devem receber vacinas, não se apoia em evidências científicas nem em decisões da Anvisa, afirma o MPF. Pelo contrário, ambos os órgãos reconhecem que as mortes dos pequenos acontecem em número significativo. Piora: o ministério não enviou aos estados nem sequer as doses suficientes para esse público alvo – disponibilizou apenas um milhão. Hoje, as vacinas disponíveis para menores de 5 anos de idade no Brasil são a Pfizer e a Coronavac – que é produzida em solo nacional. O aumento de casos de covid nas últimas semanas é mais um motivo para acelerar a distribuição de doses.

O negacionismo continua

A notificação judicial evidencia que o bolsonarismo continua cometendo crimes e matando por sua negligência deliberada na campanha de vacinação. Diante da condição econômica do país e da quantidade de vacinas ao alcance, a universalização da imunização já poderia estar concluída em nosso país. Mas graças à má fé e também incompetência administrativa do governo Bolsonaro, ainda há casos, hospitalizações e mortes em quantidade inaceitável para uma doença que já dispõe de vacina. É o que afirmou Carla Domingues, ex-chefe do PNI, ao Outra Saúde. Outra importante crítica de Domingues foi aderida pelas procuradoras do MPF que impetraram a ação: a ausência de fundamento na alegação do ministério de que crianças com comorbidades deveriam receber prioridade na imunização.

Varíola dos macacos: novo nome, velha negligência

Após meses refletindo, a OMS decidiu qual deve ser o nome utilizado para a doença que se espalhou a partir da Europa para outros continentes, há alguns meses: mpox. Soa como uma abreviação de seu nome em inglês, monkeypox. A escolha por mudança de nomenclatura se deu porque os macacos não estão entre os principais vetores da doença – e a referência aos animais pode voltar a população contra eles, como aconteceu no Brasil. Mas um problema maior persiste por aqui: a negligência continuada do governo em buscar tratamentos para os casos da mpox – que embora tenham caído muito em relação a agosto, continuam a aparecer. Em países da Europa e nos Estados Unidos, a vacina já está disponível para quem entrou em contato com contaminados. Há, ainda, um medicamento para o tratamento de formas mais graves da doença, o Tecovirimat. O ministério da Saúde prometeu fornecê-lo, já está aprovado pela Anvisa, mas ainda não está disponível amplamente.

Governo de transição: organizações querem ações contra o racismo estrutural na saúde

Pesquisadores e ativistas do Grupo de Trabalho Racismo e Saúde da Abrasco enviaram ao grupo técnico de transição da Saúde do governo Lula um documento que pede a implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. Eles frisam a importância de um olhar para essa população, que é a mais atingida pela mortalidade materna, fome e óbitos por covid. Entre as propostas para a pasta, estão a criação de um marco legal para a prevenção e punição da violência obstétrica e um dispositivo pró-equidade no programa Mais Médicos. Também pede-se que sejam revogadas resoluções feitas pelo governo Bolsonaro que afetam desigualmente a saúde de negros e negras. Leia o documento na íntegra.

Reino Unido: NHS sofre com desfinanciamento e trabalhadores se organizam

O clima entre os trabalhadores do NHS, sistema de saúde pública do Reino Unido, é tenso e deve haver greves nas próximas semanas. A última movimentação se deu no sindicato dos profissionais de saúde da Escócia, que exigem aumento salarial de 7,5%. Estavam prontos para paralisar, mas o governo abriu-se a uma negociação. O contexto, conta o site Peoples Dispatch, é de desmonte do sistema de saúde, que está enfrentando subfinanciamento e há cada vez mais abertura para privatizações – isso tudo sob o governo do partido conservador. Na Escócia, há alguns dias, apareceram relatórios de autoridades de saúde supostamente planejando introduzir serviços de “dois níveis” para entrada no NHS – cobrando taxas daqueles que “podem pagar”. Os sindicatos de profissionais de saúde se levantaram contra o projeto e fizeram com que a própria primeira-ministra escocesa, Nicola Ferguson Sturgeon, tivesse de se posicionar contra.

China: será hora de repensar a política de covid zero?

Os protestos que despontaram na China durante o final de semana estão fazendo o governo de Xi Jinping reavaliar algumas regras de sua política “zero covid” no país. Não parece haver recuo nas medidas de contenção do espalhamento da doença, mas autoridades de saúde enviaram equipes para supervisionar a implementação das normas por autoridades locais. Acredita-se que algumas dessas autoridades podem estar adotando uma abordagem única, enquanto as diretrizes são flexíveis e variam de acordo com a quantidade de casos em cada região – em alguns contextos, as regras variam de acordo com cada bairro de uma cidade. Essa política de contenção do espalhamento do vírus conseguiu um nível de proteção que nenhum país no lado ocidental do planeta sequer sonhou: apenas pouco mais de 5,2 mil chineses morreram de covid desde dezembro de 2019. Nos dois países com a maior mortalidade somados, EUA e Brasil, mais de 1,7 milhão de vidas foram perdidas.

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