Por uma Ágora da Terra, contra o mundo-mercadoria

Em meio à grande crise civilizatória, um grupo de pensadores-ativistas propõe um encontro para articular novas resistências e utopias concretas

.

Pela Fundação Audácia em nome da Humanidade | Tradução: Inês Castilho | Imagem: Oona Hassim

Qual a razão deste convite? Agir como habitantes da Terra contra a mercantilização e a privatização de todas as formas de vida. Os seres humanos não têm de pedir reconhecimento dos direitos e dignidade à classe dominante, às multinacionais e ao mercado.

A fonte legítima do poder pertence aos seres humanos, aos povos e à humanidade. Numa verdadeira democracia, o poder está difundido por todo lado, compartilhado entre todas e todos. Na verdadeira sociedade dos direitos e da justiça, cada ser humano pode viver nos lugares da Terra que escolheu viver. Não há clandestinos na Terra, nem habitantes de segunda ou terceira classe.

A humanidade deve colocar-se e existir como sujeito principal da autorregulação do viver juntos em escala global, responsável pela vida na Terra e pela vida da própria Terra. Convidamos vocês a compartilhar experiências da humanidade ferida e da nova humanidade que está sendo construída na concreta convicção utópica de que seja possível pensar e dar à luz um futuro mais feliz e mais justo para toda a humanidade, cada homem, cada mulher e cada ser vivente.

Ágora dos Habitantes da Terra

13-16 de dezembro, Figueiras, Catalunha

Os cidadãos e os povos da Terra não participam mais das decisões sobre o futuro da humanidade e da vida. O mínimo de democracia alcançada até os anos 1980 tornou-se apenas uma lembrança. O futuro no mundo foi deixado à arbitrariedade e à dominação de um círculo cada vez mais restrito de poderosos grupos sociais e privados que lutam por seus poderes e enriquecimento (“America first”, “China first”, “Italy first”). Os direitos das pessoas, das comunidades humanas e dos povos foram negados. A humanidade está despedaçada.

Neste 2018, vamos celebrar o 70º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Os habitantes da Terra têm que reivindicar a força da vida, a liberdade e a justiça alcançadas por meio dos direitos conquistados até agora. Têm de equipar-se com instituições e meios para assumir a gestão de seu futuro comum sobre uma base pluralista, cooperativa e participativa a partir das comunidades “locais”. A seguridade da existência e o bem viver são juntos um assunto coletivo, comum e global.

Por isso, um grupo pessoas na Europa, América Latina, América do Norte, África e Ásia construiu, em dezembro de 2017, o programa de ação “Audácia em nome da Humanidade” [leia versão em castelhano], cujo objetivo é promover ações para sensibilizar e mobilizar os cidadãos sobre a necessidade e urgência de reconhecer a humanidade como atriz-chave para a regulação política, econômica e social em todo o mundo. Só a humanidade pode falar e agir efetivamente para transformar o mundo no sentido de favorecer e proteger a vida na Terra e todos seus habitantes (incluídas aí todas as espécies viventes). Nesse contexto, a primeira ação é a Ágora dos Habitantes da Terra (AHT).

Ágora dos Habitantes da Terra. Finalidades

É parte de uma longa viagem para os habitantes da Terra, com a finalidade de criar outras histórias que estão se desenvolvendo. Os passos nessa direção são numerosos e múltiplos em todo o mundo, testemunhando a grande diversidade e criatividade individual e coletiva. Nossa travessia é parte dos caminhos da rebelião, da resistência e da construção de alternativas às tendências dominantes. Não acreditamos que a prioridade seja recorrer à classe dominante para pedir que sejam menos depredadores, façam menos guerras, sejam menos excludentes e mais “humanos”. Nossa aposta é na audácia.

Pensamos em três tipos de audácia:

1. Erradicar a guerra;

2. Colocar fora da lei os fatores estruturais que geram o empobrecimento no mundo e a exclusão do outro;

3. Eliminar o atual sistema financeiro especulativo depredador.

Ágora dos Habitantes da Terra: dois objetivos principais.

– O primeiro, contribuir com o processo de construção da humanidade examinando e desenvolvendo novos horizontes para transformar o futuro e, para isso, aprovar um documento de orientação de base, uma “Carta da Humanidade” em direção a um pacto da humanidade. A “Carta” recuperará os grandes valores afirmados e vividos pela humanidade até hoje, e expressará as visões e utopias concretas dos habitantes da Terra para realizá-las. Em particular, tratará de assentar as bases de um dos caminhos mais decisivos, ou seja, a formação de baixo para cima de um Conselho de Segurança para Bens Comuns Públicos. Num momento em que tudo pode converter-se em “bem comum” privado, é fundamental que os bens e os interesses públicos sejam protegidos pela vida;

– O segundo, lançando a iniciativa “Habitantes da Terra – Carteira de Identidade”, promovida pelas redes de Conselhos/ Municipalidades (Autoridades locais) de diferentes continentes, com particular atenção à entrega aos cidadãos de uma Carteira de Identidade Mundial pelos Conselhos, pois são “Habitantes da Terra”. A carteira não terá nenhum valor legal e formal e não pode ser considerada uma nova forma de passaporte. Seu valor será simbólico, humano e social. Graças a esse cartão, os conselhos reconhecerão que todos os seres humanos, enraizados em seus múltiplos espaços de vida (oikos), são habitantes da Cidade-Terra e, portanto, membros da mesma “Comunidade Humana” e a mesma “comunidade de vida” da Terra, antes e para além de serem chineses, brasileiros, finlandeses, gregos, tunisianos, cazaques, japoneses, senegaleses, colombianos, húngaros, norte-americanos, latino-americanos, russos, argentinos, ingleses, franceses, ugandess, uzbeques, vietnamitas, australianos, romenos, alemães, malaios, indianos, iranianos ou quebequenses.

O programa da Ágora (esquema geral)

13 de dezembro: chegada dos participantes

18h00: Início dos trabalhos. Evento criativo e alegre sobre o tema “a revolta dos habitantes da Terra. Mais além da desigualdade e o roubo da vida”. O evento poderia dar voz e visibilidade aos artistas considerados “marginais” e suas experiências.

14 de dezembro:

Foco na “Carta da Humanidade. Em direção a um pacto da Humanidade”.

Manhã: sessão plenária (eleição dos temas, informes dos grupos de trabalho que trabalharam antes da Ágora, eleição dos campos da Fundação “Audácia em nome da Humanidade” análise e ação e constituição dos grupos de aprofundamento).

Tarde: sessões paralelas dos grupos de aprofundamento.

Noite: espaços de música, projeções, exposições

15 de dezembro

Manhã: encerramento do trabalho da Carta da Humanidade

Tarde: Foco em “Os habitantes da Terra”.

Primeira parte: sessão plenária

Segunda parte: sessões paralelas (grupo de trabalho)

16 de dezembro

Manhã: sessão plenária centrada nos primeiros passos: “Em direção a um Pacto de Humanidade”.

13h30-16h30 Almoço e festa final da Ágora: “A Humanidade em construção. O Pacto de Fraternidade”.

Organização

Entrada livre. Agradece-se uma colaboração simbólica e voluntária (por exemplo, 10 euros).

Figueiras (Figueres) é uma cidade pequena e formosa ao norte da Catalunha, na Espanha, próxima a fronteira francesa. Pode-se chegar por trem (ferrovia Barcelona/Montpellier/Paris) e por avião (aeroportos de Girona e Perpignan). Figueiras é conhecida também como a cidade natal de Salvador Dali.

As atividades da Ágora serão realizadas no “Chateau Sant Ferran”. Ali poderão também ser organizadas atividades culturais e artísticas programadas. Os idiomas serão espanhol, catalão, francês e inglês.

Cada participante terá de pagar seu alojamento diário (entre 41 e 55 euros), com café da manhã incluído.

Pode-se escolher entre diferentes hotéis. Cada participante é livre para escolher ou deixar de escolher nossas sugestões. Nossa organização não receberá nenhuma comissão.

Cada participante se encarrega de pagar sua viagem e nós, os membros da equipe promotora da Ágora, tentaremos criar um fundo de solidariedade como ajuda, se possível, aos jovens participantes da África, America Latina e Ásia.

Composição da Equipe Promotora do Ágora (em 15 de Julho de 2018)

África (Guido Barbera, Jean-Pierre Wauquier); Alemanha (Francesco Comina e Genny Losurdo); Argentina (Anibal Faccendini); Ásia (Francine Mestrum, Siddhartha, Fireflies); Bélgica (Fabienne Minsart e Alain Adriaens), Brasil (Marcelo Barros, Marcos Arruda,); Chile (Luis Infanti de la Mora,); Espanha (Charles Ruiz), Catalunha (Rinaldo

Muscolino); França (Corinne Ducrey); Internacional em geral (João Caraça, Henri-Claude de Bettignies, Curzio Maltese, Rinaldo Muscolino, Riccardo Petrella, Roberto Savio, Patrick Viveret); Itália (Paola Libanti, Paolo Cacciari,); Quebec (Raphael Canet, Carminda Mac Loin), Tunísia (Domeico Rizzuti).

Fundação “Audácia em nome da Humanidade”

Para qualquer contato

[email protected] (Paola Libanti, Ricardo Petrella)

[email protected] (Francesco Comina, Genny Losurdo)

Website: https://audacia-umanita.blogspot.com

Grupo no Facebook: L’agorà degli abitanti della Terra

Reservas

Reservar clicando ese link: https://btn.ymlp.com/xgeuqshbgmgeh

Leia Também:

Um comentario para "Por uma Ágora da Terra, contra o mundo-mercadoria"

  1. Lúcia Ribeiro disse:

    Que beleza! Porque construir novas utopias é necessário.

Os comentários estão desabilitados.