Teatro Oficina: com Euclides da Cunha, e além
Mutação de apoteose inspira-se em trecho d’Os Sertões, mas vai mais fundo. Com direção de Camila Mota, o espetáculo cênico-musical celebra as insurreições, as tradições e os cantos em coro dos povos. Sortearemos 2 pares de ingressos
Publicado 12/05/2023 às 17:52
O Teatro Oficina é movido por um permanente processo de investigação artística. Periodicamente, esse processo dá como fruto criações que nos desafiam e alargam as possibilidades da arte produzida no Brasil. Mutação de apoteose, espetáculo que encontraremos no palco do Bixiga no próximo mês, é um dos mais recentes resultados dessa conjuração.
Dirigida por Camila Mota e tendo Cafira Zoé como “poeta dramaturgø”, a peça poderá ser conferida no Oficina a partir de 27 de maio. Camila é atriz e diretora no Oficina há cerca de 25 anos. Este espetáculo, que chega bem a tempo para a comemoração do aniversário de 65 voltas ao redor do sol da companhia, será o primeiro dessa proporção – de teatro de estádio – a ser dirigido por uma mulher.
A receita já estava sendo cozinhada há algum tempo. No ano passado, a organização de três ensaios abertos de Mutação de apoteose abriu portas para o público se imergir na criação de sua dramaturgia. Outra apresentação, na FLIP de 2019, em Paraty, já havia reunido mais de 1400 espectadores – ainda que o espetáculo estivesse apenas em versão embrionária.
Mutação define-se como um “acontecimento cênico-musical”. Mais: “é um carnaval multiespécie, é uma filosofia vegetal, é uma ficção especulativa contra a monocultura do pensamento, é um ato cosmopolítico de teatro, é um espetáculo de transmutação para a companhia, é a invenção de um mundo”, diz o Oficina.
A Mutação parte do repertório que o Oficina acumulou em suas mais de seis décadas de estrada. Sua origem remete à dramatização d’Os sertões que a companhia vem encenando desde meados dos anos 2000. No novo texto apoteótico, Euclides da Cunha se encontra com nomes como Jards Macalé, Tom Zé, Celso Sim, Zé Miguel Wisnik, Letícia Coura, Denise Assunção, Marília Piraju, e Chico César, que compuseram canções especialmente para este musical.
Também se encontra com a multiplicidade de vertentes que se somam para formar o caudaloso rio de influências do Oficina. Aliás, atestado da diversidade de correntes que o Teat(r)o Oficina antropofogicamente devora é sua programação do último ano, várias vezes presente aqui no Outros Quinhentos: do modernismo além-mar Esperando Godot de Samuel Beckett ao moderno e brasileiro Bailado do Deus Morto de Flávio de Carvalho, da Paranoia do paulista Piva ao Rasga Coração do carioca Villa-Lobos.
Com um pé no teatro, outro na música e mais uns três na ideia de arte multimídia, o novo feito do Oficina põe em cena o Brasil, suas insurreições, suas raízes profundas, pré-coloniais, sua (e nossa) luta pela vida, pelo desejo, pela existência. Põe em cena também os atuais 70 integrantes da companhia – vale a pena ir ver este grande coral.
Em parceria com o Teatro Oficina, sortearemos dois pares de ingressos para Mutação de Apoteose, espetáculo com direção de Camila Mota, entre os apoiadores do jornalismo de Outras Palavras.
As cortesias serão válidas para a apresentação do dia 3/6, um sábado, às 20h. As apresentações do Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona sempre ocorrem na sede da companhia, que fica na Rua Jaceguai, nº 520, no bairro do Bixiga, em São Paulo.
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