Um dossiê da escravidão da indústria da moda

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Zara, Pernambucanas, Collins, 775, Gregory, Marisa: obcecadas custos baixos (e lucros fartos…), grifes famosas enredam-se na malha podre do trabalho escravo

No Repórter Brasil

 

Repórter Brasil acompanha as fiscalizações realizadas no setor das confecções desde 2009, quando foi lançado o Pacto Municipal Tripartite Contra a Fraude e a Precarização, e pelo Emprego e Trabalho Decentes em São Paulo, do qual a Repórter Brasil é signatária.

Confira os principais casos já divugados durante estes três anos.

Caso Talita Kume – julho 2012

Um grupo de oito pessoas vindas da Bolívia, incluindo um adolescente de 17 anos, foi resgatado de condições análogas à escravidão pela fiscalização dedicada ao combate desse tipo de crime em áreas urbanas. A libertação ocorreu no último dia 19 de junho. Além dos indícios de tráfico de pessoas, as vítimas eram submetidas a jornadas exaustivas, à servidão por dívida, ao cerceamento de liberdade de ir e vir e a condições de trabalho degradantes. O grupo costurava para a marca coreana Talita Kume, cuja sede fica no bairro do Bom Retiro, na zona central da capital.

Saiba mais:

Trabalho escravo abastece produção da marca Talita Kume

Donos da Talita Kume podem ser convocados pela CPI do Trabalho Escravo

Caso Gregory – maio 2012

 

No mesmo dia em que a grife de roupas femininas Gregory lançava a sua coleção Outono-Inverno 2012 com pompa e circunstância, uma equipe de fiscalização trabalhista flagrava situação de cerceamento de liberdade, servidão por dívida, jornada exaustiva, ambiente degradante de trabalho e indícios de tráfico de pessoas em uma oficina que produzia peças para a marca, na Zona Norte da cidade da capital paulista. O conjunto de inspeções resultou na libertação de 23 pessoas, todas elas estrangeiras de nacionalidade boliviana, que estavam sendo submetidas à condições análogas à escravidão.

Saiba mais:

Fiscalização associa Gregory à exploração de trabalho escravo

Após flagrante de escravidão, Gregory é questionada pelo Facebook

 

Caso Zara – agosto 2011

Confira a série especial de reportagens publicadas sobre o flagrante de trabalho escravo na cadeia produtiva da grife de moda Zara, da empresa espanhola Inditex. A Repórter Brasil acompanhou as investigações do Ministério do Trabalho e Emprego e as fiscalizações in loco e trouxe à tona o caso, que ganhou repercussão internacional.

Saiba mais:

MPT destina parte de verba da Zara para libertados

Acordo entre Zara e MPT descarta dano moral coletivo 

Zara recusa acordo com Ministério Público do Trabalho

Cobranças públicas dirigidas à grife Zara são intensificadas

Após desculpas, Zara anuncia “acordos” ainda não fechados

Zara não comparece à Assembleia Legislativa; CPI é defendida

Fabricantes da Zara não foram revisitados por auditorias em 2010

Roupas da Zara são fabricadas com mão de obra escrava

Caso Collins – maio 2011

A Defensoria Pública da União em São Paulo (DPU/SP) ajuizou ação civil pública contra a empresa de vestuário Collins, envolvida em flagrante de trabalho análogo à escravidão em agosto de 2010. Trata-se da primeira ação coletiva apresentada pelo órgão ao Judiciário trabalhista. “Por falta de defensores, não há como atuarmos também na Justiça do Trabalho. Contudo, quando há uma relação com questões de direitos humanos, como é o caso do tráfico internacional e do trabalho escravo, nós atuamos”, observa Marcus Vinícius Rodrigues Lima, do Oficio de Direitos Humanos e Tutela Coletiva da DPU/SP, que moveu a ação.

Saiba mais:

DPU ajuíza ação contra a Collins por trabalho escravo 

 

Caso Pernambucanas – abril 2011

A casa branca, localizada em uma rua tranquila da Zona Norte da capital paulista, não levantava suspeita. Dentro dela, no entanto, 16 pessoas vindas da Bolívia viviam e eram explorados em condições de escravidão contemporânea na fabricação de roupas. O grupo costurava blusas da coleção Outono-Inverno da Argonaut, marca jovem da tradicional Pernambucanas, no momento em que auditores fiscais da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE/SP) chegaram ao local. A marca este envolvida em dois flagrantes: um em março de 2011 e outro em setembro de 2010.

Saiba mais:

Trabalho escravo é flagrado na cadeia da Pernambucanas

Rede Pernambucanas esteve envolvida em flagrante anterior

 

Caso 775 – novembro 2010

Fiscalização encontrou duas bolivianas em condição de trabalho escravo no meio urbano e providenciou abrigo às vítimas. Submetidas a uma rotina de violências físicas e morais, elas costuraram exclusivamente para a marca 775.

Saiba mais:

Costureiras são resgatadas de escravidão em ação inédita

Caso IBGE- outubro 2010

Vencedora da licitação dos 230 mil coletes deixou quase toda a produção (99,12%) para terceiros. Um deles, que não tinha nem registro básico, repassou parte da demanda para oficina que mantinha trabalho escravo.

Confira a matéria sobre o flagrante na produção dos coletes do IBGE:

Escravizados produziram coletes de recenseadores do IBGE

Caso Marisa – março 2010

Etapas do processo desde o aliciamento até as lojas do magazine foram apuradas pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE-SP), que aplicou 43 autos de infração, com passivo total de R$ 633,6 mil.

Saiba mais:

Escravidão é flagrada em oficina de costura ligada à Marisa

Marisa assina Pacto contra escravidão e anuncia mudanças

Leia Também:

8 comentários para "Um dossiê da escravidão da indústria da moda"

  1. Simplesmente não acredito que a cada peça de roupa que tenho, mais uma pessoa é escravizada… sou tao triste…

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  3. Conscientizar os indivíduos é o papel de todos nós, cidadãos de bem, orientar as pessoas que são leigas em relação aos direitos humanos.

  4. Muito triste a escravidão humana nos bastidores da moda!!!

  5. Cada peça comprada é uma pessoa que mandamos para esta condição sub-humana…

  6. Luiz Carlos Locatelli disse:

    Quem compra consente!

  7. A ESCRAVIDÃO HUMANA NOS BASTIDORES DA MODA…

  8. Rosa Alegria disse:

    ESCRAVIDÃO PÓS-MODERNA: UMA NOVA PRÁTICA EMPRESARIAL

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