Homofobia à africana

Ministro católico de Gana quer rastrear e prender gays e lésbicas. Enriquecido, país enfrenta desigualdade e fundamentalismo cristão

.

Por Luís F. C. Nagao

Em novo sinal de como o conservadorismo moral atormenta a África, o ministro responsável pela região ocidental de Gana, Paul Evans Aidoo, pediu ao serviço de inteligência para rastrear e prender todos os gays e lésbicas.“Todos os esforços estão sendo feitos para livrar a sociedade destas pessoas”, afirmou o católico Aidoo, que também pediu aos proprietários de terra e imóveis para informar sobre pessoas suspeitas de serem homossexuais.

Aidoo parece usar como pretexto um artigo do Código Penal de Gana (de 1992), que condena “relações carnais não naturais”. Embora a Constituição garanta a não-discriminação por motivos de raça, local de origem, opinião política, religião, credo ou sexo, não menciona opção sexual.

A declaração ocorre no contexto de preparativos para as eleições, marcadas para fevereiro próximo de que no ano que vem haverá eleições no país. A Convenção Nacional do Povo (PNC), partido de Aidoo, está no poder. Tem havido eleições regulares desde 1992, quando uma nova Constituição pôs fim a 26 anos de golpes militares e instabilidade.

Ouro e domínio europeu: Localizada no Oeste da África (Golfo da Guiné), com 11,5 milhões de habitantes, Gana é parte de uma região que sofreu, desde o século 15, ocupações europeias. Aos portugueses, primeiros a chegar, sucederam-se holandeses. Rica em ouro, a região foi também explorada por ingleses, dinamarqueses e suecos. Em 1896, a Inglaterra assumiu seu controle, que manteve até a independência (1957). Um governo nacionalista, que contribuiu para a criação da União Africana, foi deposto em 1966, num golpe em que há suspeita de participação da CIA.

As jazidas importantes de ouro, ainda não esgotadas, e exportações de manganês, diamantes, chumbo e bauxita, fazem do país uma nação de renda média. Descobriu-se um grande campo de petróleo em 2007. A economia cresceu 14,33% em 2010 – o segundo maior índice do mundo. No entanto, há enorme desigualdade: 65% dos adultos são analfabetos e a expectativa de vida é de 60 anos.

Religiões africanas, que predominavam até a colonização, são ainda praticadas em certas regiões, mas o islamismo (15%) e cristianismo (69%) predominam. Assim como em outras partes da África, é desta última matriz religiosa que partem as pressões homofóbicas

Leia Também:

2 comentários para "Homofobia à africana"

  1. mel disse:

    O STF poderia decretar a lei anti-homofobia á revelia do senado atraso.A maioria das políticos evangélicos instalam o movimento anti gay, falando que gays são o diabo , assustando seus fiéis , para depois prometer que se vc doar a oferta/ será exorcisado e livre de tudo… é sempre assim apavorar ,perseguir e depois estorquir o vintém?Aumentariam a extensão de terra que cada pessoa precisa para sustentar seu estilo de vida… pregando terrorismos diabólicos?
    O pastor quer mais…porque é Mamom??
    Perverteu-se o estado com teorebas fanáticas religiosas? 2012/Primavera dos Povos gays e o diagnóstico do intelectual religioso banal .A vida de amor deveria ser expressiva… Isso porque,caça ás bruxas gays é falido odioso mal homofóbico
    ?Isso sim é fim do mundo?Volta a inquisição?
    E o amor…o amor gay…é amor…
    amai-vos sem odiar.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *