SP debate estado de exceção, investida da direita e alternativas à esquerda

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Salão do Livro Político começa hoje, no teatro da PUC-SP, um dos palcos de resistência democrática na ditadura. Evento trará Boaventura de Souza Santos, Maria Rita Kehl, Roberto Schwarz, Reginaldo Nasser, Ciro Gomes e muitos outros

Por Célia Demarchi

O Salão do Livro Político, organizado por um grupo de editoras independentes de esquerda, chega à sua terceira edição. Este ano será realizado no Tucarena, teatro ligado à PUC-SP. A Universidade e seu teatro tiveram um papel importante na democratização do país: confrontaram a ditadura abrigando intelectuais perseguidos pelo regime, como Paulo Freire e Florestan Fernandes, como também foram um dos palcos que ousou exercer a democracia nos anos de chumbo — quando escolheram na sua primeira eleição, em 1977, por votos diretos a reitora Nadir Kfouri. Em retaliação, a repressão tentou destruir o teatro, incendiando-o 3 vezes.

Mesmo assim, a chama democrática continuou acesa e brilha até hoje. Como nos anos anteriores, o Salão terá uma programação extensa que perpassa os temas sociais e políticos mais candentes da atualidade. Da gravidade da atual crise política brasileira aos ciclos de poder na América Latina. Da resistência indígena à revolução em curso das mulheres e à questão dos refugiados. Da pertinência de falar sobre Marx e o marxismo hoje à discussão dos 100 anos da Revolução Russa e da primeira greve geral no Brasil. Da proposta de privatização de bibliotecas às perspectivas do mercado editorial. Tudo intercalado com uma diversificada programação cultural.

Entre os convidados já confirmados estão: Dilma Rousseff, Ciro Gomes, Boaventura de Souza Santos, Maria Rita Kehl, Roberto Schwarz, Amelinha Telles, Eleonora Menicucci, Pedro Serrano, Fabio Luis Barbosa dos Santos e Pedro Fassoni, Rafael Valim, Reginaldo Nasser, Tércio Redondo, Antonio Rago Filho, Lidiane Soares Rodrigues, João Quartim de Moraes, José Arthur Giannotti e Osvaldo Coggiola. Veja todos os convidados aqui.

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Foto do evento realizado em 2016

Livro político

O objetivo do evento é dar mais visibilidade às obras políticas, que recebem pouca divulgação e espaço nas livrarias, e incentivar vendas e leitura desses livros, que hoje representam apenas algo em torno de 2,5% do total dos publicados no país a cada ano, considerando-se as três áreas correlatas (sociologia, filosofia e economia). A ideia é ainda fortalecer as editoras independentes, que concentram as publicações do segmento, empunhando suas bandeiras, como a que defende o Projeto de Lei 49 de 2015. Conhecido como lei do preço fixo, o PL institui a política nacional de fixação do preço do livro, mas está congelado no Senado Federal.

Cultura

Uma das atividades mais atraentes desta edição é o Curso livre Marx-Engels: O Capital. Haverá ainda projeção de filmes, exposição de charges do cartunista Gilberto Maringoni e oficina de cartazes. Na feira de livros estarão representadas cerca de 30 editoras, oito mais do que em 2015, que oferecerão livros com descontos de até 50%. Devem participar da programação em torno de 2,4 mil mais visitantes, 20% mais do que na última edição.

Além das editoras, incluindo algumas universitárias, como a Educ, que integra a organização, e a Edusp, participam fundações e institutos de partidos políticos e as revistas Carta Capital, Critica Marxista, Margem Esquerda, Princípios e Marxismo Vivo.

Organizam esta edição as editoras 34, Alameda, Autonomia Literária, Anita Garibaldi, Educ, Boitempo e Sundermann.

Curso livre Marx-Engels: O Capital

06/06, 14h – Estrutura da obra e método (Eleutério Prado) Tucarena (Rua Monte Alegre, 1024, São Paulo, SP

07/06, 14h – Teoria do Valor (Leda Paulani) Tucarena (Rua Monte Alegre, 1024, São Paulo, SP

08;06, 14h – Capital e fetichismo – historicidade, classes sociais e luta de classes (Marcelo Carcanholo)  Tucarena (Rua Monte Alegre, 1024, São Paulo, SP)

14/06, 19h30 – Leis tendenciais – capital, acumulação e crise (Jorge Grespan) Auditório Professor Paulo Barros de Carvalho (239) PUC-SP (Rua Monte Alegre, 984, São Paulo, SP)

Inscrições pelo email [email protected]

III Salão do Livro Político

5 a 8 de junho no Tucarena (Rua Monte Alegre, 1024, São Paulo)

Entrada gratuita. Confira a programação:  http://salaodolivropolitico.com.br/

FaceBook: www.facebook.com/events/1900372586902945/

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Um comentario para "SP debate estado de exceção, investida da direita e alternativas à esquerda"

  1. Arnaldo Azevedo Marques disse:

    Debate sobre a alternativas à esquerda.
    È uma tarefa imprescindível e difícil depois que o lulismo deu uma rasteira naqueles que desejam uma sociedade mais igualitária, ao se aliar a uma direita corrupta. Os petistas se lambuzaram no “puder”.
    Vejam:
    “O que significam ainda “esquerda” e “direita”? Uma definição precisa não existe mais – o que restou, talvez, a partir de extremos brutos, seja um estado de espírito genérico ligado a alguns princípios voláteis. A esquerda capturou integralmente a alma cristã milenarista, pondo-a a serviço de uma utopia estatal terrestre. É delírio, mas move o mundo.O ditador Geisel e a presidenta Dilma estariam curiosamente do mesmo lado, criando estatais”. Cristovão Tezza, (editado)

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