Alceu Castilho: o papel essencial dos povos do campo

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As estratégias de resistência precisam incorporar outros povos (do campo e das periferias) a narrativas já um tanto cansadas de uma esquerda — e não somente a identitária — que se acostumou demais a contemplar a si mesma

Por Alceu Castilho

Outras Palavras está indagando, a pessoas que pensam e lutam por Outro Brasil, que estratégias permitirão resgatar o país da crise (Leia a questão completa aqui e veja todas as respostas dos entrevistados aqui).

Não vejo a ofensiva ultraconservadora apenas nesse campo jurídico, da República de Curitiba e setores relacionados. Até vejo contradições internas na elite política e econômica a respeito. Mas a ofensiva reacionária, sim, está clara, com uma centralidade grande (ainda que não a única) em Brasília, no governo Temer, ilegítimo, e no Congresso. Existe aí uma questão quase geográfica, de centralidades (entre Brasília e Curitiba), que precisa ser respondida de modo mais capilarizado do que a esquerda urbana se acostumou a fazer. E o que aconteceu no dia da greve geral, e naquela semana, foi uma amostra disso. Somente iniciativas de manifestações urbanas, em locais concentrados, tornarão a esquerda — ou os resistentes — presa fácil das polícias a serviço dos golpistas. É preciso haver simultaneidade de ações (com greve ou sem greve) e capilaridade geográfica, com a participação de povos da cidade e povos do campo. Naquela semana tivemos manifestação indígena em Brasília, reprimida diante da concentração excessiva, e tivemos atos em centenas de municípios. Com a participação, por exemplo, de camponeses e camponesas. Esse colorido, esse mosaico, essa diversidade precisam ser mais valorizados pelas forças de resistência. E capitalizados no discurso que se seguirá (ou a eles serão simultâneos) aos atos, aos protestos, aos gritos. Esses gritos precisam ser ouvidos internacionalmente, mas é preciso haver uma densidade — uma densidade geográfica e de massas que faça frente à força do monopólio midiático. As estratégias de resistência precisam passar pela comunicação e pela incorporação de outros povos (do campo e das periferias) a narrativas já um tanto cansadas de uma esquerda — e não somente a identitária — que se acostumou demais a contemplar a si mesma”.

Alceu Castilho é jornalista e escritor. Publicou O Partido da Terra; coordena e edita o projeto e site De Olho nos Ruralistas

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2 comentários para "Alceu Castilho: o papel essencial dos povos do campo"

  1. Paulo Cardoso disse:

    Pedir ao político que aja para coibir os abusos públicos, já era meus caros.
    Cortemos o mal pela raiz: anexemos o funcionalismo público à CLT.
    Por que a população que trabalha tem de sujeitar-se a essa diferenciação demoníaca?

  2. Paulo Emílio De Andrade Aguiar disse:

    Concordo com suas posições.
    Acredito em ações, múltiplas, polarizadas, em várias regiões do país, com debates, exposições, dependendo das condições de cada região, que sejam conscientizadoras, após debates com a população, formadoras de opinião, que preparem a população, para a luta política, numa reação contra as elites, que sempre dominaram nosso país.Organizemos isso !!!

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