Poetas botam a boca no trombone

Participantes do Sarau Mulheres Livres (SP), um dos muitos movimentos de poetAs que se multiplicam pelo país

Participantes do Sarau Mulheres Livres (SP), um dos muitos movimentos de poetAs que se multiplicam pelo país

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Neste fim de semana, em São Paulo, um festival para tirar das sombras a vasta, diversa e rica produção poética de jovens mulheres brasileiras

A produção poética feita por mulheres é esquecida com insistência por boa parte da crítica literária, pela curadoria de festivais e antologias e, até mesmo, por poetas. Pensando nessa discrepância de tratamento, 11 poetAs de 7 cidades do país uniram-se para fazer um festival literário que lance uma lupa sobre a questão.

[eu sou poeta] é um festival literário pensado para combater a invisibilidade da produção poética de mulheres. Entretanto, acaba por ser também um momento de análise e balanço sobre esta produção.

A primeira edição de [eu sou poeta] acontecerá em São Paulo, nos dias 19 e 20 de março. E são previstas edições em diversas cidades do país com mesas, oficinas e debates que tragam questões urgentes e necessárias como lugar de fala, estética poética, inventividade, tradução, produção cultural e literária que evidencie a obra de mulheres poetas. A ideia é fazer outros eventos ainda durante este ano.

O festival foi pensado como um espaço para troca de experiências e criatividade pelas poetas Ana Rüsche, Francesca Cricelli, Jeanne Callegari, Juliana Bernardo e Karine Kelly Pereira (São Paulo); Lubi Prates (Curitiba); Jéssica Balbino (Poços de Caldas); Maíra Mendes Galvão (Brasília); Nina Rizzi (Fortaleza); Pilar Bu (Goiânia); e Renata Corrêa (Rio de Janeiro).

Serão debatidas tradução, poesia e resistência e invenção. Também haverá um clube de leitura sobre o livro “Do desejo” de Hilda Hist com Lubi Prates e Pilar Bu, e duas oficinas: “Lendo Mulheres”, a respeito da potência da poesia feminina, com Jeanne Callegari e a oficina de fanzine “as línguas e os idiomas das mulheres”, com Julia Francisca.

PROGRAMAÇÃO

Dias 19 e 20 de março

Local: Biblioteca Alceu Amoroso Lima

Rua Henrique Schaumann, 777, Pinheiros, São Paulo (SP)

Gratuita, sujeita a alteração.

19 março, sábado

10h: Oficina Lendo Mulheres: a potência da poesia feminina

Mediadora: Jeanne Callegari

30 vagas, para as primeiras pessoas que chegarem.

14h: Abertura

15h: Clube de Leitura

Mediadoras: Lubi Prates e Pilar Bu

Livro: Do desejo, Hilda Hilst

30 vagas, para as primeiras pessoas que chegarem.

16h: Tradução

Mediadora: Francesca Cricelli

Convidadas: Ana Lima Cecilio e Maurício Santana Dias.

18h: Sarau Microfone aberto

20 de março, domingo

10h: Oficina de fanzine: as línguas e os idiomas das mulheres

Oficina para mulheres conhecerem o que é fanzine e sua linguagem, aprender a publicar seus escritos com autonomia. Espaço de diálogo e troca de escritos, referências visuais e técnicas de publicação. O objetivo é reconhecer as diferentes vozes das mulheres e encontrar meios de falar com o mundo, publicar textos, etc.

Mediadora: Julia Francisca, autora da zine [nectarina]

Oficina destinada exclusivamente às mulheres, 30 vagas, para as primeiras que chegarem.

14h: Poesia é resistência?

Poesia é resistência? Essa mesa pretende discutir o lugar da poesia dentro da literatura e as formas de resistência utilizadas pelas poetas contemporâneas, como mulheres e como escritoras; como se fortalecem e criam espaços, levando em consideração também a escrita poética e outros fatores sobre resistir.

Mediadora: Juliana Bernardo

Convidadas: Geruza Zelnys, Jarid Arraes, Jenyffer Nascimento e Tula Pilar

16h: Poesia de invenção: mulheres que abrem caminhos

As mulheres raramente recebem o epíteto de “grandes” ou “geniais”, e dificilmente estão associadas a inovações e subversões formais, de estrutura, de poéticas. De modo geral, os próprios critérios para se definir o que é invenção são masculinos e ligados ao cânone. Essa mesa pretende trazer poetas com estéticas inovadoras para discutir e lembrar invenções feitas por mulheres ao longo da história, e também questionar: o que é invenção? O que é inovação? Como ter critérios que façam jus a formas literárias que nem aparecem no cânone?

Mediadora: Maíra Mendes Galvão

Convidadas: Fabiana Faleiros, Luísa Nóbrega, Dirceu Villa e Julia Mendes.

18h: Microfone aberto

19h: Encerramento: abraço geral

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Um comentario para "Poetas botam a boca no trombone"

  1. carmem disse:

    Gostei muito da ideia de criar um espaço literário para as mulheres poetas(ou não). Acho importante, fundamental mesmo, acabar com a ideia de que somos um “sexo frágil”, incapazes de criar, sem autonomia. Também acho importante acabarmos com aquela ideia de que a poesia é feita apenas pra sonhar, que a vida é um mar de rosas, que tudo são flores. A realidade, não apenas a das mulheres, é cheia de atropelos, adversidades, dores e contradições. Temos um papel importante a desempenhar na sociedade. É hora de rasgarmos o verbo, descerrar as cortinas do obscurantismo, de dizer à sociedade na qual vivemos, o que estamos fazendo aqui. É isso.
    Gostaria, se possível, de acompanhar o trabalho de vocês.
    Obrigada, Carmem

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